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por: Tata
Entre os meus amigos e conhecidos, a minha fama de 'ativista-radical' do parto natural, da amamentação, da maternidade consciente, já é mais do que definitiva. Tanto que, quando alguém engravida, das duas uma: ou vem correndo conversar comigo, pedir indicações, esclarecimentos, dicas e tudo mais, ou passa a evitar totalmente o contato, certamente temendo um discurso do tipo 'lavagem cerebral'.
Eu acho curioso. Mas não invado o espaço de ninguém. Com quem vem conversar comigo, eu falo até não poder mais, mando links de sites interessantes, toneladas de relatos de parto, vídeos de nascimento, textos esclarecedores. Claro, o link aqui do blog é sempre o primeiro da lista, hehe! Já com quem prefere não tocar no assunto, eu respeito. Aliás, eu jamais vou sair falando sobre parto, amamentação, maternidade, com quem não me perguntou alguma coisa, ou pelo menos sinalizou algum interesse nas minhas opiniões sobre o tema. Eu me contenho, juro.
E acho engraçado que, mesmo me esforçando tanto para respeitar o espaço e as opções alheias, mesmo quando não as entendo - e eu faço um esforço danado, porque ouvir certas coisas e ficar calada fazendo cara de paisagem custa, viu! - , tanta gente ache que eu saio fazendo pregação por aí, e que o que me interessa mesmo é 'fazer a cabeça' das pessoas, levando todo mundo a pensar como eu.
Não é isso que eu desejo. Com toda a sinceridade, não é. Eu não tenho a menor vocação para a liderança, não desejo seguidores - seguidores, pra mim, só no twitter, e olhe lá, hehe. O que me move é fazer as pessoas pensarem por si mesmas, só isso.
Eu não acredito que existam respostas absolutas, certos e errados por definição. Não acho que todo mundo deva parir naturalmente, não acho que todo mundo deva parir em casa, não acho que todo mundo deva amamentar prolongadamente. Essas são as minhas verdades. Mas eu não tenho a menor intenção de impor as minhas verdades a quem quer que seja.
Pra mim, o grande lance é a lucidez, a consciência, saber qual é o caminho que estamos escolhendo. Porque na vida, escolhemos a todo momento, conscientemente ou não. Meu grande norte no 'ativismo materno', por assim dizer, é colaborar para que as mulheres optem conscientemente, mesmo que as suas opções não sejam as mesmas que as minhas.
Por exemplo, se uma mulher decide permanecer com seu médico que é super simpático, amigo da família, querido, mas não lhe responde nenhuma pergunta sobre parto, nunca tira suas dúvidas e a trata como se ainda fosse uma menininha que precisa de cuidado e tutela, ela está escolhendo uma cesárea, muito provavelmente desnecessária. Isso não é certo nem errado, mas ela precisa ter consciência disso. Se ela vai mudar de médico para que essa história possa ter um final diferente, é escolha dela. Eu sei bem qual seria essa resposta dentro dos meus caminhos e das minhas crenças, mas cada mulher deve descobrir a sua.
Enfim, são escolhas. Às vezes a gente se ilude e faz de conta que a culpa é do outro, passa a responsabilidade adiante. Mas a verdade é que, em algum ponto do caminho, a gente escolheu, fez uma opção, mesmo que sem se dar conta. E não adianta escolher o caminho A para chegar no destino B. As escolhas têm que ser coerentes com o que a gente deseja, de verdade.
É por isso que eu, quando converso com alguma grávida ou alguma mãe, nunca o faço em termos de "essa é a melhor opção", ou "faça assim, dá certo!". Pelo contrário, sempre tento perguntar e descobrir o que é importante para aquela pessoa, quais são os seus desejos de fato, quais verdades pulsam, o que brilha. E a partir daí é que tento ajudar no que posso, com a minha experiência, com tudo que aprendi nesses anos de leituras, vivências e descobertas, para que a pessoa consiga enxergar qual é o melhor caminho para ela, aquele que lhe dará mais chances de chegar onde ela deseja.
Então, só pra esclarecer, aproveitando o espaço: eu não quero que ninguém pense como eu. Só quero que as pessoas pensem. Por si mesmas, sem passar procuração. Se for pra discordar, ótimo, a beleza do mundo está na diversidade. Já dizia minha avó: o que seria do vermelho se todos gostassem do amarelo (rs, ok, comparação tosca, mas vocês entenderam a idéia)?
E sim, decidir por si mesmo, assumir o que nos cabe, tomar para si a responsabilidade pelas nossas escolhas e pelos caminhos e histórias vividos dá trabalho. Ah, dá. Muito mais do que deixar que as coisas aconteçam sem tomar atitudes, e depois culpar o outro, o destino, as forças da natureza, ou seja lá que nome se queira dar.
Bem, dá mais trabalho. Mas é muito, muito mais gratificante também.
* trecho de 'L'Avventura', da Legião Urbana Imagem: www.gettyimages.com
Olá!
Mudamos de endereço.
Você pode nos encontrar em www.blogmamiferas.com.br a partir de agora.
4 comentários:
Rezinha,
tô aqui morrendo de rir!! é exatamente assim, amigas engravidam e fogem o tempo todo de mimkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk, ou vem perguntar, se envolver... Enfim, ainda não vi uma sementinha brotando e virando árvore, até mesmo porque ainda sou arbusto, mas agora barriguda de novo, olham pra mim e já sabem qual a minha escolha de vida, e isso eu acho delicioso!!!
Lindo o texto, sempre!!
Ótimo feriado com a familiona!!
Gente, posso ser sincera??
Amooooo este blog...isso pq nem sou mâe ainda!
Estou pensando em engravidar no proximo ano e por acaso encontrei este blog!
Nao deixo de passar por aqui nem um diazinho se quer!
Continuem contribuindo, POR FAVOOOOOORRRRR!!!!
bjs
É, nao minto q vcs tem boa parcela de "culpa" nas minhas escolhas, mas tenho certeza q nunca por imposição, e sim por informação.
Nada como se emponderar enquanto ha tempo!
bjinhus tata, te admiro pra caramba!
Obrigada por mais um texto tão sensível e legal, não poderia concordar mais com você. Grande abraço e boa semana.
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