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por: Tata
Chiara, nossa caçulinha, está agora com 4 meses e meio. Uma bebezona, comparada com aquela coisinha miúda (bem, nem tanto assim, já que a mocinha nasceu com três quilos e meio!) que recebi nos meus braços ainda toda melecadinha, e que só fazia mamar e dormir. Por outro lado, ainda tão pequenina em sua delicadeza de bebê.
Agora há pouco, olhando para minha filhota que dormia tranquila em meus braços, parei para pensar na sorte que tenho por poder estar assim, grudadinha com ela o tempo todo, levando-a para cima e para baixo junto comigo, sempre que preciso ir a algum lugar, ou fazer alguma coisa. Uma sorte que nem todas têm. Com 4 meses e meio, muitos bebês já vão para creches, escolinhas, berçários. Afastados precocemente de suas mães, vêem-se obrigados a acostumar com uma nova rotina: a da separação.
Essa é a época em que a grande maioria das mães brasileiras volta ao trabalho, após o nascimento dos filhos. Muitas conseguem juntar a licença-maternidade de 4 meses, férias, horas acumuladas, e ficam em casa 5, com sorte 6 meses. Mas ainda é muito, muito pouco.
Vejo pela minha pequenina. Já cresceu muito, não há dúvidas. Mas nossa relação é ainda tão simbiótica, e a dependência - saudável - que ela nutre por mim é ainda tão intensa, que tenho dificuldade de imaginá-la longe, entregue aos cuidados de estranhos que, por mais carinhosos que sejam, não são a referência de amor, carinho e segurança que ela conhece desde o útero.
Com as minhas mais velhas, só passei a ficar um tempo longe quando já tinham 9 meses. Mesmo assim, a separação era ainda muito breve, apenas três ou quatro horas duas vezes por semana, quando voltei às aulas na faculdade. Agora, com Chiara, nem me dei ainda ao trabalho de imaginar quando será. Enquanto puder, enquanto achar importante, ficamos assim, grudadinhas em tempo integral.
Sei que muitas mães não têm opção, precisam voltar ao trabalho e deixar os filhotes com outros cuidadores. Solidarizo-me com essas mães, porque imagino o quanto deve ser difícil sair pela manhã deixando para trás um bebezinho tão pequenino, sabendo que ele vai viver um dia inteiro, aprender e descobrir coisas, distribuir sorrisos, olhares brilhantes e sonzinhos delicados, e tudo isso sem que se possa estar por perto, para curtir cada momento.
Uma licença-maternidade de seis meses é o mínimo, imprescindível. Sonho com uma realidade como a de alguns países europeus, em que a mãe pode ficar dois anos sem trabalhar, recebendo para estar onde sua presença é mais importante: ao lado do seu filho. E o pai ainda tem a jornada de trabalho reduzida por um ano, para estar mais tempo em casa, perto da família, curtindo esse momento tão especial da vida do filhote.
Os primeiros meses, o primeiro ano de uma criança, são intensidade pura, aprendizado a todo momento. Nossos pequenos absorvem tudo o que se passa ao seu redor, como pequeninas esponjas. Em um mundo ideal, todas as crianças passariam essa fase tão rica, tão cheia de aprendizado, tão intensa e incrível ao lado daqueles que têm para lhes dar o maior amor do mundo.
Quem sabe um dia, não? Quem sabe, um dia...
Imagem: arquivo pessoal (Chiara e eu curtindo uma soneca vespertina... bem, a parte da soneca ficou por minha conta, como podem perceber!)
Olá!
Mudamos de endereço.
Você pode nos encontrar em www.blogmamiferas.com.br a partir de agora.
14 comentários:
Verdade....quem sabe um dia!
Enquanto isso não acontece temos que aproveitar cada minuto perto de nossas crias.
Ficar longe, foi a pior parte da minha volta ao trabalho. Hoje minha filha tem 1 ano e 4 meses e ainda sofro em ter que abdicar dela, deixá-la com outras pessoas, mesmo por poucas horas. É doído.
Beijos
Priscila
Chorei, pra variar. rs...
Eu voltei às aulas quando minha pequena completou seis meses e foi MUITO doloroso mesmo.
Meus pais ficam com ela pra eu poder estudar, portanto é uma preocupação a menos, afinal, sei que cuidam bem [às vezes, até demais.. rs]
Mas dói, de qualquer forma, ficar longe dos nossos pedacinhos de gente.
Uma pena que nossa realidade seja tão diferente de tantos outros países, como você escreveu.
Linda a foto, lindo o texto.
Beijos, Ine.
Com minha primeira filha, voltei a trabalhar com 5 meses (licença + férias). Foi muuuuuito penoso. É uma coisa que não está bem resolvida em mim até hoje. Além da dificuldade emocional, ralhei muito para desmamar 1 litro de leite (!!!) todo dia e garantir que ela mamasse só meu leite até o sexto mês (mas consegui!!!).
Estou grávida novamente, com 33 semanas, e justamente nesse mês, foi aprovada na empresa a licença de 6 meses!!! Nossa, pulei (mesmo com o barrigão) de alegria!!! Agora vou ficar 7 meses em casa com meu filhote. Ainda é pouco, eu acho. Mas para a maioria e para o que eu vivi 3 anos atrás... É PURO LUXO!!! =))))))))))
da minha parte, sonho com o dia em que todas as cçs possam ser amadas por todos os demais indivíduos, gosto muito da idéia daquele ditado que já me disseram ser africano, mas que encontrei tantas referências sobre ele que penso ser idéia surgida em várias culturas, pela profunda evolução afetiva que representa: "é preciso uma vila para criar uma criança". é preciso outras mães e outros pais amando e desejando e propiciando o bem-estar das cçs uns dos outros. que as cçs tenham a oportunidade de serem amadas independente de suas histórias de vida, e que a diversidade de suas histórias seja motivo para encantamento com o diferente. eu senti muito prazer de voltar para o meu trabalho, que aliás frutifica em benefícios para outras cçs, mas podia ser que nem, podia ser prazeroso apenas para mim e nem por isso invalidaria ou desqualificaria o amor materno (nem intensificaria, como já pensei num certo momento, em que eu me achava uma mulher de sorte e "maisas" - contrário de "menas" rs - por ter um trabalho para voltar). sei que minhas filhas estavam entre pessoas que as amavam, não o maior amor do mundo, mas eu não acredito em amores maiores e menores. acredito em amor absoluto, em altruísmo, solidariedade, cooperação. "quem sabe, um dia..."
Priscila, Ine, como eu disse, não vivi essa necessidade de sair de perto da cria tão cedo, mas apenas imagino que deve ser mesmo muito doído. A gente vai levando, né? Fazendo o melhor que pode. E com certeza, curtindo ao máximo cada minutinho que temos com eles.
Larissa, parabéns por ter mantido a amamentação exclusiva mesmo voltando ao trabalho, não é fácil, exige vontade e dedicação! E que bom que conseguiu um tempinho maior para ficar com o novo filhote... quanto mais tempo, melhor, né?
Rose, achei interessante a sua reflexão, mas pela minha vivência ainda acredito que a simbiose com a mãe nesse princípio de vida é importantíssima para o bebê, é saudável, é bacana e é parte do seu desenvolvimento. Com certeza estar rodeado de outros cuidadores que também possam lhe dar amor é bárbaro, mas a mãe é a referência absoluta do bebê, e não vejo realmente que seja saudável que eles sejam afastados dessa referência tão cedo... de qualquer forma, o ideal seria que as mulheres ao menos tivessem a opção, não?
bjo!!
É, nao é facil ne, ter q deixar os filhos em berçarios ou creches...
Por isso eu e meu marido ja temos conversado varias vezes sobre isso, e decidimos q mesmo q tudo fique muito apertado financeiramente, vamos nos dar esse "luxo" de eu ficar em casa cuidando do baby... Parabens pelos 4 meses e emio da Chiara, ela é muito linda!
bjinhus
Só complementando minha opinião: minha filha ficou no berçário e meu filho ficará tb.
Deixar no berçário em si, não me dói. Realmente tenho confiança, sei que eles lá são muito bem cuidados e recebem carinho e atenção. Já conheço cada uma das tias e tenho carinho por todas. E sei que é recíproco.
O problema para mim não é com quem deixar!
O problema é ME afastar!
Concordo completamente com a reflexão da Tata. A mãe é sim um diferencial enorme pro bebê nesses primeiros meses de vida. Não há substituto a altura!
Até pela questão fisiológica do leite e ainda mais pelas razões emocionais.
E, além do pto de vista da necessidade do bebê, tem tb a NOSSA necessidade como mãe de estar perto da cria.
Eu acho que sofri mais que minha filha. Ela se adaptou muito bem e rápido qdo voltei a trabalhar. Continuou sendo um bebê alegre, risonho, bem cuidado, bem nutrido...
Agora eu viu... quase pirei!
Concordo com a Larissa, acho que com o passar do tempo o bebê se adapta com muito mais facilidade que do que a gente.
Até hoje eu não me acostumei em ficar longe da Bruna e é por meio período...
É muito doloroso mesmo.
Parabéns pela Kiki!
Beijos!
Como a Tata também tive a boa sorte de poder ficar em tempo integral com a minha Kamilinha... Ela já está com 1 ano e meio e por enquanto não vou voltar à labuta externa, pois mesmo meio apertados dá pra gente ir se virando, até mesmo pq eu não ganhava tanto assim! Ter que pagar uma escolinha por tempo integral ou uma babá + preocupações e frustrações que são incalculáveis por não estar perto dela acompanhando tudo, realmente não compensaria... Já passei por inúmeras fases de certas inseguranças por não estar trazendo dinheiro para casa ou insatisfação pessoal por não estar "produzindo", mas percebo que isso é tão pequeno perto de tudo que tenho vivido com ela que só de pensar sobre esse tempo que eu estaria perdendo, nossa...seria terrível para mim, uma escorpiana com ascendente em peixes e lua em câncer na casa de câncer, uma mãezona nata! rs...
Beijos! Suas filhas são muito lindas!!!
PS: Adoro seus posts e gostaria de saber se vocês estarão na viagem das Maternas para poder conhecê-las! Nós três, eu, maridão e Kami´s estaremos lá!
agora senti como é bom poder ter essa opção de voltar mais tarde pra rotina de trabalho, ou ainda voltar aos poucos, porque com o pequeno aqui de apenas 4 meses seria dificílimo ficarmos separados. pude escolher voltar com carga total em fevereiro...e tenho dor no coração só de pensar que vou "perder" momentos deliciosos grudadinho com ele.
4 meses é uma separação muito, muito precoce, pro bebê e pra mãe....essa dupla que viveu/vive tão intensamente por 1 ano e pouco, contanto a gestação.
é um bom assunto pra se discutir a importância, o que isso vai significar na vida futura da criança
muito legal o tema do post Rê
Tata,
Concordo plenamente!
Quem sabe um dia né?!!
Espero que um dia os interesses capitais sejam secundários...
Lindo post!
Ps. A Bia tem um vestidinho igualzinho esse da Chiara! :o)
Renata,
excelente reflexão, como sempre! Precisamos acreditar que, um dia, todas as mulheres terão essa abençoada oportunidade de estar presente integralmente na primeira infância do filho.
A Chiara está cada vez mais fofa, parabéns! Minha Bia é quase da mesma idade dela, uma fofura!
Beijos
Tata, sem dúvida estar junto do bb é saudável e bacana, e eu sou ativista da licença mínima de 6 meses. É até anacrônica nossa legislação dos 4 meses com as campanhas pelo aleitamento exclusivo de 6 meses. E sou entusiasta das longas licenças européias, até do ponto de vista econômico, pois estou certa de que o investimento social na primeira infância compensa infinitamente os prejuízos sociais de desajustes mais à frente. Estamos juntas nessa. Sou também entusiasta da mudança cultural que veja bbs nos mais diversos lugares com bons olhos, inclusive dentro do sling, mamando na mãe, numa reunião de trabalho por ex, se este for o desejo da mãe. Que o olhar sobre ela não seja "que absurdo, tem que separar a mãe da profissional", mas sim que esse olhar seja: "que banaca, ela está com o bb!" Enfim. Mas há dois pontos importantes que acredito e gosto de ressaltar nesse assunto que são: primeiro, trabalho não é necessariamente algo desprazeroso que algumas "sem sorte" (rs) têm o infortúnio de "precisar" voltar para. Eu, por exemplo (apenas como um dos exemplos possíveis), me sentia "menas mãe" da primeira filha, que só foi para a escola aos 2 anos porque eu não tinha trabalho. E com isso a segunda também ganhou o aleitamento exclusivo até os 6m e tal, o qual defendo com unhas e... mamas! A terceira filha foi para a escola às vésperas de completar 5 meses, e isso não foi, não precisa ser - isso que eu quero dizer - não precisa ser uma infelicidade. O segundo aspecto que eu gosto de lembrar, é a questão do amor. Penso que a tendência humana é exacerbar os instintos de preservação dos próprios genes em detrimento dos demais (extrapolando absolutamente do seu post, ok, Tata?). Eu acho que precisamos cultivar e acreditar nas possibilidades humanas altruísticas, coletivas, de desejar e fazer o bem às cçs de todos. Digo isso no sentido de chamar a atenção para o fato de que "deixar o bb no berçário" não pode ser sinônimo de perda absoluta, e qto a ser a melhor ou não-melhor opção, isso não existe em termos absolutos. Talvez nisso a gente discorde. E então quero dizer que em relação à sua experiência, sem dúvida chiara+renata é de longe a melhor opção. Mas apesar da qualidade desse vínculo, isso não determina - a MEU ver - que toda relação mãexbb será necessariamente a melhor opção para qq família, e que o olhar para essas escolhas deve conter a tolerância e o amor e a crença de que - como vc disse - se trata de opções, todas válidas, sem bem x mal, sorte x azar, privilegiados x desafortunados. O bacana é a gente ter referências, eu acho, para mim é estimulante ver as diferentes formas de agir, o que me foi uma descoberta internética. De uns 10 anos pra trás, penso que a noção de diversidade era mais limitada, para mim era, e por isso a generosidade desse blog é tão enriquecedora pela disposição de vcs em compartilhar experiências tão encantadoras, e pela abertura às manifestações que, pelo contraste, abrem o leque de escolhas. Aiquemealonguei. Superabraço :o)
Aqui no Nordeste,precisamente em algumas cidades do Ceará alguns prefeitos conseguiram fazer ser lei a licença-maternidade por 6 meses as funcionárias públicas. É um exemplo que deve ser levado como campanha. A fundamentação do prefeito(que é médico) que a promulgou na cidade onde moro, foi que a criança sendo amamentada e tendo os cuidados diretos de sua genitora, por esse período,com certeza terá menos problemas de saúde sua vida afora. Cobrem seus vereadores e deputados,meninas!!!Eles não sabem nos encher o saco pedindo voto?? Vamos pedir a contrapartida!!!
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