///
por: Tata
Pelo que vejo e ouço de amigas mães, além da minha própria experiência, venho percebendo que uma das principais razões de tantas mães desistirem do aleitamento materno exclusivo nos primeiros meses de vida do bebê, é a enxurrada de comentários bem-intencionados, mas absolutamente desinformados e errôneos.
Pense na situação: uma mãe no pós-parto, especialmente do primeiro filho, vivendo um furacão de transformações e sentimentos, a adaptação trabalhosa ao cotidiano com um bebê recém-nascido em casa, o esforço de descoberta e compreensão das necessidades e sentires daquela criaturinha tão frágil, que só sabe se expressar chorando. Um momento delicado, sensível, para qualquer mulher.
Pois é exatamente nesse momento, em que a maioria das mães está fragilizada, que surgem os palpiteiros dizendo que o leite está fraco, que o bebê está passando fome, que está muito calor e é melhor dar um pouquinho de água, que um chazinho vai ajudar na hora das cólicas, que o leite artificial vai ajudar o bebê a dormir melhor, que o bebê está engordando pouco, que está muito magrinho, entre outras bobagens.
Algumas mães, apesar dos tropeços, persistem, sabedoras que já estão das vantagens infinitas do aleitamento exclusivo, insistem, correm atrás da informação e não se conformam, optam pela confiança no próprio corpo e em sua capacidade de alimentar seu filho sem o auxílio de uma lata de leite em pó, e conseguem manter seus filhos só no peito, por pelo menos seis meses.
Outras, por razões mil, sentem-se mais inseguras e vulneráveis, questionam milhares de vezes se estão no caminho certo, pensam e repensam, chegam a recuar, mas no final das contas, encontram forças para seguir adiante, mesmo com todas as dúvidas e com toda a dificuldade. Acabam conseguindo, também.
Mas tem também as do último tipo, que têm um desejo genuíno de amamentar, mas sucumbem às críticas e palpites intrometidos, acabam acreditando que seu leite é fraco, que não são capazes de alimentar seus filhotes, cedem às pressões e acabam desistindo do aleitamento exclusivo ainda nos primeiros meses do bebê.
E para essas últimas que eu gostaria de falar, hoje. Gostaria de dizer que compreendo o quanto ficamos vulneráveis, o quanto ouvir a torto e a direito que estamos deixando nossos filhos passando fome por vaidade, ou que estamos agindo com irresponsabilidade, dói, fere nosso instinto de mãe, que no final das contas, só deseja mesmo o melhor para o seu filho, sempre.
Mas é possível, sim. A natureza é perfeita, e o corpo da mulher foi feito não apenas para parir, mas para alimentar seu filhote sem precisar recorrer a nenhum outro alimento. Você pode, mas precisa acreditar. Mesmo que ninguém mais acredite, é preciso que você não perca a confiança.
Conselhos de quem a gente gosta e confia são muito bons. Mas a gente precisa saber se quem aconselha tem valores e prioridades parecidas com as nossas. Não adianta procurar a vizinha que amamentou por menos de um mês, que dá leite de caixinha pros filhos desde um ano e acha que tudo bem, para pedir conselhos sobre aleitamento. Isso seria como recorrer ao conhecido que pesa 120kg e vive à base de hambúrguer, pizza e batata-frita para buscar dicas sobre como emagrecer sem perder a saúde. Se você precisa de ajuda, é legítimo procurá-la. Mas busque no lugar certo.
E principalmente, não desista sem tentar. Lembre-se que mulheres que não podem amamentar seus filhos, por questões fisiológicas, são muito raras. Se você está tendo problemas na amamentação, busque grupos de apoio, como a Matrice, as Amigas do Peito, os grupos regionais da La Leche League, ou o trabalho dos bancos de leite, que são ótimos. Você pode ainda solicitar o atendimento particular de uma consultora de amamentação. São enfermeiras que orientam as mulheres para o aleitamento, e o trabalho delas é super bacana. Aqui em São Paulo, eu conheço o trabalho da Marcia Koiffmann, que aliás também é parteira e foi quem me acompanhou no nascimento da Chiara, mas certamente tem muitas outras super competentes por aí, é só dar uma procurada.
Acredite, pode ser difícil. E é, às vezes. Aliás, eu diria mesmo que poucas são as 'sortudas' que, logo no primeiro filho, já vivem uma história fácil de amamentação, sem dificuldades e obstáculos. Mas que vale a pena, disso eu, que alimentei três sem nunca ter comprado uma lata de leite artificial, não tenho a menor dúvida.
Imagem: arquivo pessoal (Ana Luz e Estrela mamando na praia em Paraty, RJ)
Olá!
Mudamos de endereço.
Você pode nos encontrar em www.blogmamiferas.com.br a partir de agora.
12 comentários:
Tata, essa sua foto é a coisa mais linda que há!
Eu fui das sortudas que não teve nenhum tipo de problema com a amamentação. Nem dor, nem fissura, nada. Mas também não sei até que ponto isso foi sorte ou informação prévia.
Claro que tem coisas que não adianta ter informação, os bicos podem rachar e o peito empedrar mesmo assim. Mas acho que nossa maneira de encarar a amamentação (copo meio cheio, copo meio vazio, etc e tal) influencia muito no processo.
É mais uma parte do nosso trabalho de formiguinha, né? Devagarzinho, naquelas conversas de supermercado (sempre acontece no supermercado, comigo!), explicando que o leite não "seca" assim, que toda mãe é capaz de alimentar seu filho, blá blá blá.
Beijos.
oi Aline, obrigada pelo elogio! Eu tb adoro essa foto, minha mãe diz q eu pareço uma deusa, poderosa, com uma criança em cada peito, hehe.
sabe, eu tive dificuldades na amamentação das primeiras, e no meu caso não foi falta de informação, não. aliás, eu acho que só não desisti por causa de uma combinação perversa (rs) entre o tanto de informação que eu tinha, e o fato de que sou uma cabeça-dura empedernida, rs. mais do que ter informação, eu acho que o que faz diferença é isso aí do copo. a atitude. mesmo na dificuldade, não perder a confiança, não perder a força pra continuar e superar.
e eu tb vira e mexe tenho dessas conversas de supermercado, ótimas, rs.
bjo!!
Tata, também achei essa foto linda.
Consegui dar somente o peito à minha filha até seus seis meses. Continuo dando o peito além das papinhas, e até agora não dei nenhum leite artficial.
Ignorei muitos comentários, muitas "dicas".
A mãe de meu amigo, comentou que eu era a primeira mãe que deu somente o peito ao filho até seus seis meses de vida, que a maioria dá mamadeira com leite artificial para não dá trabalho.
Eu costumava brincar, dizia que o que dava trabalho era ter que pegar a mamadeira e ficar esquentando leite toda hora. O peito não, já estava lá tudo prontinho. :o)
Eu adoro amamentar, e acredito que serei como minha mãe e minha irmã que amamentaram até seus filhos terem uns quatro anos de idade.:o)
Beijos e Flores. @}~
Re, primeiro de tudo, linda a sua foto!
Eu tive um pouco de dificuldades em amamentar a Lê no comecinho, por causa da dor. Mas, cabeça dura que sou, não desisti. Tinha horas que eu chorava de dor mas, ao ver a carinha da Lê mamando e ficando feliz... nossa, acabava tudo. Isso foi nos primeiros dias. Depois, amamentar se tornou um prazer enorme pra mim!
Tanto que, quando ela resolveu que não queria mais o peito, aos 10 meses, quem sofreu fui eu. Chorei muito, pois queria amamentar atéééééé. O bom é que consegui exclusivo por 6 meses, sem nunca dar água, nem chá (embora tenha ouvido muuuito isso de vizinhas, conhecidas). E foi tudo muito bem, obrigada.
Amamentei livre demanda, mesmo a primeira pediatra sendo contra: a segunda, foi super a favor - deixa mamar o quanto quiser, pelo tempo que quiser; ela determina o quanto de fome está, e não nós.
Beijos!
Oi Tata!
Essa tua foto é linda demais da conta!!! :)
Ai, tenho tanto problema ao amamentar meu filho! Tudo por causa de uma monília que não me deixa em paz! Faço e refaço tratamentos, mas ela sempre volta... e dói tanto! O bico do seio fica todo machucado, horrível! Mas mesmo assim não desisto! Acho que também sou uma cabeça dura... ;D
Beijinhos
Lívia do Uriel (que mama mama há 17 meses)
Oi tata, realmente te admiro muito, pela maneira que vc trata os assuntos mais importantes! Sou mamãe de primeira viagem e andei passando por uns problemas emocionais(meu paizinho querido foi pra junto de Deus)que deixaram minha menininha irritadinha, passou 3 dias sem fazer cocô daí foi quando todo mundo começou a me criticar dizendo que eu deveria dár chazinho, deveria dar água... e deveria... e deveria... aff, não quis nem saber... tentei me acalmar.. e continuei só no leite materno, nas cantigas de ninar com muito colo e muuito carinho... enfim... o estresse da minha pequenininha passou e ela ta aqui linda e forte... tem 2 mesinhos de vida e não pretendo desmama-la pelo menos até os 2 anos... se ela quizer mama até os 4... ela que comanda essa mãezinha aqui.
Um beijo flor. Deus te abençoe!
Oi, Tata!
Linda MESMOOO a foto, fiquei babando aqui.
Eu ouvi todas essas coisas, principalmente q meu leite era fraco e que eu devia dar chá para as cólicas. Muita gente fez cara feia pra mim, me olhou como se amamentar fosse uma escolha irresponsável.
Mas, por outro lado, tb ouvi tanta gente me dizendo pra continuar, me incentivando, especialmente meu marido, meus pais e meus irmãos. A Alice está com seis meses e seguimos firmes, felizes. Me sinto mais forte, mais mulher e a cada vez que ouço um comentário ruim, penso em um bom. Outra semana mesmo estava amamentando em uma loja e uma senhora veio e me encheu de elogios =)
Bju gde! =*
Oi.
Vc escreve brilhantemente,mas devo revelar uma coisa:essa foto é mais poderosa que qualquer palavra.Que coisa mais linda,"você tem que ampliar e colocar na parede"(diria minha mãe).
abç
eu amamento exclusivamente o meu filho de 2 meses e meio e juro que estou fazendo um esforço horendo para que ele possa se alimentar exclusivamente do meu leite até os 6 meses, mesmo voltando a trabalhar qdo ele completar 4 meses. Sofri de fissuras e de todas as dores dos primeiros dias de amamentação, mas em momento algum deixei que me influenciassem contra... estou estocando leite e meu filho se alimentará dele nas horas em que eu estiver no trabalho e qdo estiver em casa ele virá pro peito qdo e por qto tempo quiser...
Oi Renata,
sabe que acompanho o blog a bastante tempo, somos colegas de INDAC, só que eu era do 1°A rsrsrsrs, sou mãe de um menino de 2 meses e meio nascido de um batalhado parto normal, mas lindo, emocionante, pleno em significados, e estou numa batalha com a amamentação, nossa que difícil, não por dor, nem fissuras que as peitolas aqui guentam bem o tranco, e olha que o Miguel suga forte, mas acontece que de uns tempos pra cá ele só quer mamar quando vem MUITO leite, uma loucura, ele chora, berra, se não fosse muito disposta ele já tava no NAN a tempos, acho que por conta de um refluxo que ele tem a coisa ficou um pouco enrolada, estamos tratando e tentando, vamos ver, mas a luta não é só com ele, é com o mundo de palpites e comigo que tenho que encontrar serenidade entre choros, inseguranças e a turma da Nestle.
Falei com a Marcia, e como mudamos a medicação ela preferiu esperar uns dias pra marcarmos, vamos ver se ajuda.
Mas ler isso me incentiva, me apoia e um pouco me entristece já que amamentar pra mim era tão bom, fácil e sublime que esse desvio de rota tá duro de digerir.
Parabéns pela maneira linda de escrever e de viver.
A foto é pura poesia!
oi 'ml', vc não assinou seu comentário e o blogger não permite o acesso ao teu perfil, então não sei quem você é... acho q me lembro de todo mundo do 1ºA! :-)
me escreve por email, no rp-rodrigues@uol.com.br pra gente conversar melhor!
bj
meninas, desculpem a demora pra responder!
obrigada a todas pelos comentários sobre a foto, realmente é uma das minhas preferidas...
fiquei super contente de ler tantas histórias de batalha e superação. é isso aí, quase nunca é fácil, mas quem disse q seria? o importante é a gente querer de verdade, batalhar, correr atrás de solucionar as dificuldades... vale a pena!!
e estamos aqui pra ajudar quem precisar, podem dar gritos (rs) nos comentários, no nosso email... ajudamos com todo prazer!
bjo
Postar um comentário