por: Kalu
Depois de um casamento na Nossa Senhora do Brasil, no dia 08/08/08, de decorar a casa com móveis do sonhos, adquirir 2 TVs 42 polegadas, encomendar um cachorro Golden Retriever, ela para de tomar pílula para ter um filho. Sempre disse que não gosta de criança, não tem paciência para atender os pequenos que chegam com problema nos dentes em seu consultório.
Não quer saber sobre parto, sobre amamentação, mas já sabe qual carrinho quer e pré-contratou uma babá. Ter um filho parece que faz parte de um pacote de felicidade que se pode comprar na esquina.
Para mim ser mãe é outra coisa. Ser mãe é nunca estar pronta, é buscar ser melhor a cada dia para oferecer ao seu filho aquilo que se tem de melhor dentro de si. É encontrar-se no limite e ir além, sabendo que aquilo é benéfico para ambos. É rasgar o diploma e encontrar a felicidade empinando pipa, é saber que não há presente maior que a presença. É saber-se insubstituível e fazer disso uma razão para ajudar aquela alma a se desenvolver da maneira mais plena para encontrar a felicidade.
Não há, em minha opinião, tarefa mais sagrada que a maternidade. Temos nas mãos a possibilidade de fazer diferente do que fizeram com a gente, de perpetuar o que nos ajudou, de ensinar, através do nosso exemplo como podemos resolver os conflitos sem violência ou tapas, a respeitar a todas as formas de vida. São os exemplos e não só palavras que fazem os pequenos se tornarem grandes seres.
Mas para isso temos que ser mãe, reinventar nossas relações não permitindo que comportamentos como brigas constantes, ameaças, humilhações façam parte da rotina do lar para que este seres que estão junto de nós possam reproduzir relações mais harmônicas e saibam que adultos brigam sim, mas que sabem como se entender.
Ser mãe é desconfiar do médico, do pediatra, buscar alternativas para as "doenças" e problemas que acomentem a vida dos nossos filhos, buscando o melhor, sem preguiça, sem comodismo, o melhor que cada uma de nós pode oferecer.
Ter um filho é ser passiva em relação ao parto, cuidados com recém-nascido, educação. É não achar estranho dar remédios fortes para liberar gases e analgésico para um bebê de 2 meses com "cólica", é humilhar, bater, terceirizar o cuidado e educação.
Ser mãe é sentir-se só, é agarrar-se em uma muda na beira do abismo sem saber o que fazer. é se desesperar algumas vezes e questionar sempre para reestabelecer os vínculos com a própria intuição. É saber ser flexível, sem abrir mão daquilo que é realmente fundamental para a saúde física, emocional e espiritual dos nossos filhos.
Enquanto cada mãe/pai se preocupar unicamente em ter filhos, valendo-se, se necessário, de toda a tecnologia e montantes de dinheiro para realizar este sonho, sem trabalhar aspectos profundos de si mesmos, a humanidade continuará perdida do essencial. Ser mãe será cada dia mais raro e, ter filhos, cada dia mais banal.
Foto: Kalu Brum
4 comentários:
Nossa Kalu, sou da mesma opiniao que vc. Cada vez mais eu me convenço na superficialidade do consumismo e o filho vir so para complementar algo (logico para abrir a brecha de comprar um super carrinho de bebe de marca, utensilios importados e por ai vai). De quebra não vem a importancia de questionamentos maternos, do que é melhor para o fimho, nao no sentido material, mas de cuidado, de averiguar as necessidades da criança e seguir a preciosa intuiçao materna. Eh uma pena que muitas mulheres se comportem e se acomodem com a superficialidade, da nao entrega do seu papel de mae. Beijoss
Vejo muito disso por aí. É realmente triste demais.
Uma colega também grávida, ficou desesperada com o fato de eu ainda não ter terminado de decorar o quartinho de minha filha (que aliás vai demorar para usar esse quarto.. rsrsrs). Tudo que minha pequena vai precisar está comigo: peito, muito colo, doação e muito amor. Além, claro, do paizão super mamífero.
Tati
Olha Kalu, não sei mas acho que depois que me aprofundei até o topo nesse universo sinto que há um trabalho de formiguinha aí e as coisas estão mudando. E nós podemos ajudar a mudar mais.
Ontem numa conversa com o namorido, disse que gostaria muito de ter mais um filha daqui alguns anos além desse que nós já estamos esperando. E ele só dizia que não poderia bancar 3 filhos, que não poderia dar conforto material e nem pagar a melhor escola de todas pra eles... e questionei sobre a importância do que realmente importa, amor, valores, respeito, humanidade e que isso não tem preço. Que só o material não cria ser humano, cria só mais um... que eu gostaria de repovoar a terra se pudesse porque o maior prazer que tenho nessa vida é ser mãe, é ter todo o "trabalho" que as pessoas julgam que eu tenho, que sair do senso comum me é fascinante...
Infelizmente a gente não muda a cabeça dos outros assim fácil... mas eu não desisto de tentar!
Concordo com toda tua descrição, post maravilhoso!
beijos!
Perfeito!
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