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por: Tata
Ontem, passamos o começo da noite na festa de aniversário da escola das meninas, que completa 4 anos de vida neste mês. Foi uma festa regada a muita cultura popular, lindas apresentações super espontâneas e prazeirosas das crianças. Teve show de mágica, hip hop, canção popular e mais uma porção de coisas interessantes.
A energia estava deliciosa. Crianças correndo pra lá e pra cá, pais batendo papo, trocando idéias, sorrisos. Muito agito, muita música, muita alegria. Muita amizade e um ambiente delicioso, leve.
Fiquei prestando atenção nas crianças. Todas livres, muitas de pé no chão, outras enegrecendo as meias - as minhas pertenciam a esse grupo, rs - , descabeladas, roupas descombinadas, aquele descompromisso da criança, que leva a vida sem compromisso, na brincadeira, com sorriso no rosto e brilho nos olhos.
Fiquei contente da vida de perceber que minhas filhas têm tido a oportunidade de conviver em um ambiente tão livre de pressões precoces, da erotização infantil tão comum nesse mundo estranho em que vivemos. Convivendo com outras crianças que, como elas, não vieram ao mundo para ser filhos-status. Apenas para serem crianças. Livres, inteiras e felizes.
Ao passar pelo corredor lateral da escola, contemplei maravilhada o lindo varal de cordel preparado para a festa, com livrinhos pintados à mão pelas crianças, e mais adiante, outra deliciosa 'exposição', essa de pequenas xilogravuras cuidadosamente preparadas pelos pequenos. E num ponto evidente da parede toda enfeitada, uma linda árvore de papel crepon e pó de café, carregando em seus galhos uma pontinha da poética inocência de nossos filhotes: era uma árvore dos desejos. Cada criança, cada pai, quem quisesse, escrevia - desenhava, rabiscava, tudo valia! - em uma folhinha de papel seu desejo. Para a escola, para os amigos, para o mundo. Entre os desejos, coisas singelas como um lindo jardim cheio de flores, doces caindo do céu no meio da festa, ou apenas um bocado de felicidade.
Ao final da festa, um parabéns com direito a vela de estrelinhas no bolo e cantado ao som dos tambores, e com roda de dança no final, pais, crianças, professores, todos dançando juntos, mãos dadas, comunhão. Meus olhos se encheram de lágrimas, e saí dali um tantinho mais leve. E feliz da vida de saber que, afinal, ainda há esperanças. De que ainda é possível encontrar em uma escola aquele "pedacinho de utopia" de que a criança tanto precisa para crescer acreditando que o mundo pode, sim, ser um lugar bom para se viver.
* início do título de livro de Rubem Alves, "A Escola com que Sempre Sonhei sem Imaginar que Pudesse Existir" / Imagem: www.gettyimages.com
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4 comentários:
Nossa, deve ter sido maravilhosa sua sensação nesse lugar. Realmente é muito dificil hj as pessoas entenderem q criança tem q ser criança, brincar, se divertir, sorrir, se sujar, ser feliz...
Adorei o texto
bjinhus
Rê... Eu saí de lá com a mesma sensação... Uma paz e alegria de ver minha filha em paz! E as coisas aos meu redor tiveram um olhar diferente depois daquele festa. Muito obrigada por descobrir esse cantinho lindo que é a Teia, que tb é a "Escola que eu sempre sonhei sem imaginar que pudesse existir". Beijos Grande,
Ana
que bom saber que existem escolas assim por aqui! esse livro do Rubem Alves me marcou demais, a experiência da escola da ponte é realmente incrível. E bacana a escola das meninas se chamar Teia, é exatamente o nome da associação da qual sou fundadora, acho que o nome diz muita coisa!
parabéns pela escolha, e que muitas teias se espalhem para além da capital, chegando aqui no interiorrrrr também!
beijo
Rê, tem um site dessa escola?
Se puder me passar vou ficar super agradecida! =)
beijo e obrigada por partilhar algo tão importante e bacana
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