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por: Tata
Em mim, que sou bicho todo revirado em sentimento, à flor da pele a cada passo, sempre me doí muito pelo outro, especialmente pelas crianças. Sempre me incomodou ver uma criança maltratada, negligenciada, agredida, dolorida. Sempre me deixou um gostinho amargo no fundo do peito, sempre. Mas depois que me tornei mãe, isso ficou ainda mais intenso, quase insuportável.
Ver uma mãe gritando com seu filho, tratando-o de maneira ríspida, ignorando seus sentimentos, 'coisificando' a criança, como se apenas por ser pequena ela não tivesse sentimentos, desejos, verdades. Às vezes não são agressões implícitas, mas a dor é a mesma. Porque sei que, da mesma forma, o gesto cala fundo na alma da criança, e deixa duas marcas, que talvez custem anos para serem superadas.
E agressões explícitas, então? Tapinhas, sacudidas, beliscões, empurrões, puxões de toda sorte. Chego a ficar com a garganta fechada, os olhos marejados, e a minha vontade é de ir até lá e interferir sem reservas. Puxar o adulto - que deveria ter o controle da situação mas que, tantas vezes, está apenas abusando de seu tamanho e de sua ascendência sobre a criança - e dizer-lhe poucas e boas, desentalar de vez tudo o que vou guardando e que me faz tão mal.
Confesso que ainda não encontrei a melhor forma de lidar com isso. Já agi de forma invasiva, dando minha opinião, e acaba sendo sempre pior pra criança, infelizmente. Mas me omitir também não parece uma boa saída. Primeiro, porque me faz um mal imenso. Segundo, porque alguém precisa falar por aquela criança maltratada, ignorada, negligenciada.
Não acho que a minha forma de maternar seja a ideal, nem que seja a única possível. Mas não acredito em caminhos que excluam a empatia, a doçura, a delicadeza, o respeito pelo ser do outro.
Se precisamos ensinar algo à criança, que seja pelo amor, e não pela dor. É bem verdade que a dor ensina, mas não dessa forma. A dor que ensina é aquela inevitável, que a vida nos coloca nas mãos para fazer-nos melhores no dia seguinte. Mas essa dor que tantas vezes vejo nos olhos de crianças em situação de desrespeito, é uma dor inútil. Não ensina nada, não traz nada de bom. Só diminui, humilha, fere.
Não, eu não sou perfeita. Nunca bato, empurro, belisco, nada disso. Mas vez ou outra, com o cansaço, o stress ou seja qual for a desculpa que me permito buscar, me escapa um grito ou uma fala com menos paciência do que deveria. E sinceramente, não me permito pensar que seja assim mesmo. Sempre que isso acontece me sinto pequena, incapaz. Converso, peço desculpas, não tenho vergonha de admitir que errei, e que preciso melhorar. Porque preciso, mesmo.
Deveria ser tão simples, colocar-nos no lugar do outro. E no entanto, tão poucas vezes o fazemos.
Fica aqui o desejo de que possamos ser melhores. Nossos filhos precisam disso. Se nós não lhes dermos o exemplo, quem dará? Se há uma forma de começar a mudar o mundo, é principiando por onde nossas atitudes mais fazem a diferença: na mensagem que passamos para os nossos pequenos.
Eu quero que a minha mensagem para as minhas meninas seja de amor, respeito, doçura, delicadeza. E você?
Imagem: www.gettyimages.com.br
Olá!
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4 comentários:
Concordo totalmente Tata... nos sentimos impotentes ao ver coisas assim, e eu também não sei lidar com isso. Mas a minha parte eu faço diferente!
oi Angela, já é um começo, né?
bjos!
Tata,
Mas sabe q eu acho desse negócio de abordar, é q às vezes tb podemos ter perdido a cena toda.
Ñ, ñ estou querendo dizer q está correto um adulto gritar com uma cça, isso é horrível mesmo, me pune sempre q faço isso, pois seu, sobretudo, q é uma tremenda incapacidade minha de lidar com a situação de uma maneira mais inteligente e acolhedora.
Acontece q, por exemplo, quando eu ainda ñ era mãe, sempre criticava quando (na maioria das vezes internamente) via uma mãe contendo o "pit" de um filho, hoje me vejo em situação semelhante e ñ acharia bacana, ou pelo menos ñ me sentiria numa situação muito agradável, ao ser abordada por alguém questionando minha conduta. Ñ sei se consegui me expressar corretamente. Mas...é aquela mesma situação de quando estamos com o bb no sling ou no carrinho mesmo e o bichinho está "tortinho" e falam para nós o endireitarmos. Complicado né, amiga?
De qq modo adorei o post e estou certa q vc sempre lida com delicadeza e carinho com suas meninas lindas.
Bjo grande,
FêdaRaedoLu
oi Fê!
o que eu falei de abordar a pessoa é em situações mais explícitas, tipo chacoalhar ou bater mesmo. acho que é uma violência que deveria ser inaceitável, mesmo. em situações mais 'amenas', como gritos e tal, acho que nós é que deveríamos mesmo nos auto-disciplinar para que não aconteçam... né?
bjo!
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