Quando segurei pela primeira vez meu filho nos braços, não tinha idéia do que era ser mãe. Não imaginava que existiam tantas Kalus e que experimentaria a sua faceta mais intensa, mais instintiva que ocultaria por algum tempo a Kalu fêmea, a profissional, a artista.
A gente entra em um universo particular, de peitos a mostra todo tempo, colo, sling. Não sei se vocês sentiram isso, mas é como se o mundo se resumisse àquele pequeno ser que foi colocado sob nossos cuidados.
Não existe pai, avó ou qualquer outro cuidador que possa dividir as tarefas com a mãe. O bebê pode até aceitar, acostumar-se com outras pessoas, mas o que ele deseja e precisa mesmo é da mãe. É uma fase difícil em que a gente pensa que ficará para sempre com aquele bebê pendurado nos seios. Ao mesmo tempo em que sabemos que vai passar, há um medo de estar fazendo a coisa errada, de criar dependência demais.
Não existe pai, avó ou qualquer outro cuidador que possa dividir as tarefas com a mãe. O bebê pode até aceitar, acostumar-se com outras pessoas, mas o que ele deseja e precisa mesmo é da mãe. É uma fase difícil em que a gente pensa que ficará para sempre com aquele bebê pendurado nos seios. Ao mesmo tempo em que sabemos que vai passar, há um medo de estar fazendo a coisa errada, de criar dependência demais.
Mas se a gente ouve o coração sente que está tudo bem, que em breve o bebê se tornará, ao seu tempo, mais independente e que suprir estas necessidades integralmente é a coisa mais certa a fazer.
Aos poucos nossas outras "nós" começam a ressurgir e pedir espaço na vida novamente. O corpo vai voltando a ser como "era" antes, com novas marcas de uma batalha conquistada. E por aqui, a maternidade virou assunto sério, que uniu minha artista/profissional com a mãe.
Escrever sobre a maternidade, compartilhar minhas experiências, reflexões e desabafos se tornou um grande prazer, um negócio que levo a sério porque ele costura e enlaça as coisas que mais amo: ser mãe e escrever.
E neste exato momento da maternidade lido com um novo menino, que por vezes se parece o bebê mamador que sempre foi, outras não. Agora ele tem suas vontades, quer escolher sua roupa, o que quer comer, onde e quando comer. Vontades que ele procura impor, as vezes argumentando, as vezes chorando.
E no meio deste processo me sinto perdida. Procuro explicar tudo com muita clareza, firmeza e sem agressividade: não Miguel, comemos primeiro a comida e depois o bolo. Estas negativas sempre geram crises de choro, conversas ou silêncio, um acalanto curador e seguimos em frente, sem violência, sem muitas teorias.
Eu olho meu filho e consigo ver que ele está numa fase de transição em que começa a ser ele, a fazer suas escolhas. Procuro mostrar autoridade sem autoritarismo, ceder quando acho razoável, permanecer firme quando é algo que precisa ser feito para o próprio bem-estar do Miguel.
Algumas vezes, antes de dormir, peço ao meu coração e intuição que continuem me guiando para que eu possa oferecer ao meu filho oportunidade para que ele se desenvolva de forma plena e feliz e que eu possa estar conectada para entender seus processos e os meus. Que neste caldeirão a gente possa fazer uma sopa mágica.
Minha psicóloga me disse uma frase incrível: seja sempre um aprendiz. Entenda que enquanto ele aprende a ser filho, você aprende a ser mãe. Isso envolve acertos erros. E está tudo certo.
Então sigo na minha maternagem intuitiva, as vezes bem confiante, outras nem tanto. E no meio desta deliciosa loucura que é o ser mãe tento, meio desajeitada, equilibrar meus papéis, buscando, sempre, oferecer aquilo que eu tenho de melhor e manifestar em forma de amor e atitude.
Fotos: paula Lyn e Kalu Brum
Fotos: paula Lyn e Kalu Brum
8 comentários:
teus textos sempre me emocionam e me motivam!!!
Quando eu tiver meus filhos, com certeza vou fazer diferente... não vou seguir o "passo da boiada"...
é com esse amor q tu (vocês todas, cada uma a seu modo)tens que eu quero viver a minha maternagem!!!
bjão... continuem sempre dividindo estes momentos!!!!
Vcs ñ vão acreditar no que escutei hj de uma amiga. Ela disse que o pediatra de seu filho disse que hj em dia as crianças precisam tomar mais vitaminas pq as mães ñ tem uma alimentação adequada, comendo muito fest food, etc e que por isso o leite materno ñ é dos MELHORES. CHOQUEI!! Disse que o leite da latinha, esse sim tem todas as vitaminas que a criança precisa. Gente, vou pegar o nome desse cara e ver se realmente ele é medico. De onde ele tirou essa conversa. como Diz o cara da novela: TO ROSA CICLETE!
ERREI GENTE. É CHICLETE. HAHAHAHAH
Parabéns pelo texto.
Gostaria de compartilhar o que eu e minha filha sofremos ontem.
Luluka,2anos e meio,vem sendo cuidada exclusivamente por mim-a mamãe dela.Como ela já demonstra socialização,achamos que agora é hora de ir a uma escolinha,meio turno apenas,para ter mais contato com crianças.Feita a saga da seleção pela escolinha melhor,eis a escolhida,então ontem foi o primeiro dia dela na escolinha.Boa estrutura física,duas pedagogas,psicóloga...blá,blá,blás...Tudo acertado,iniciamos a adaptação,que,conforme combinado,seria gradativa e se ela chorasse me chamariam(visto que não trabalho fora).Lu ficou 2h e 30 min na escolinha,eu agoniada em casa,super ansiosa,mas aguentei firme,faz parte né.Eis que chego pra buscar ela,a profe e a dona(pedagoga)vem ao meu encontro no portão de entrada,nisso Lu dá vários gritos de alegria"olha,olha ali,a mamãe chegou,minha mamãe ali!"e vei correndo me abraçar.Enquanto isso,profe e dona,vão me contando(o que era pra ser resposta à minha pergunta "como foi a Lu,td bem?):Disseram elas"Ela não quis trocar a falda de jeito nenhum,chorou um monte;ela também não quis sentar pra comer o lanche,chorou um monte;ela é muito geniosa,acho que ela pensa que veio aqui pra brincar"
...segue...
Choquei,neh.A última frase foi uma pérola inesquecível,tah martelando na minha cabeça ateh agora "acho que ela pensa que veio aki pra brincar"...meu Deus,2 anos e meio minha filha tem;eu fico me perguntando o que pensa uma criatura que fala uma coisa dessas.
Mas não parou por aí,gente...
ainda completaram a diarréia mental com outra:"ela é muito geniosa,ela chorou um monte,mas nem foi tanto assim,mas ela tem que aprender,ela precisa de limites"
Mães aqui do blog,me segurem,por favor,que eu caí.
Primeiro dia na escolinha e eu escuto isso da pedagoga,dona da escolinha e da profe.
Pára o mundo que eu quero descer!
Na hora eu não tive reação,realmente eu esperava ouvir qualquer outra coisa,menos o que eu ouvi.Depois a raiva foi crescendo dentro de mim,eu fiquei imaginando o que não fizeram com minha filha longe dos meus olhos,se na minha frente falaram o que falaram.
Chegou a noite,hora de dormir,e Lu teve dor de barriga,diarréia,tudo emocional;ficamos até 2:30 da madruga,ela segurando na minha mão dizendo pra eu não ir mais trabalhar(que foi o que eu disse pra ela,que a mamãe ia trabalhar mas a mamãe voltava pegar ela).
Isso tudo foi ontem.
Hoje não me aguentei e fui lá na escolinha(sem a Lu,claro).Disse que eu tinha ido buscar a ficha da Lu;a dona disse "tah aki,ela jah estah na sala?"eu respondi "não,não vou mais deixar a Lu aki",ela perguntou "o que aconteceu?",eu respondi"você deve saber o que vc fez ontem aki,vc deveria conversar melhor com a psicóloga pra aprender como se faz uma adaptação e como se trata as pessoas" e saí.Agora,sem conseguir dormi,resolvi compartilhar nosso sofrimento pra ver se alivia um pouco essa dor.Espero que minha filha não tenha sofrido traumas por essa pseu-educadora e sua casa dos horrores.
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Foi então que pensei em escrever sobre as crianças enlatadas de hoje.Existe muita escolinha fabricando crianças enlatadas por aí.Desde os 4 meses de idade na escolinha,em turno integral;eu não estou inventando,eu vi isso,é real,isso pode estar acontecendo na escola do seu filho.A criança enlatada(vamos falar da faixa de dois anos de idade)não tem opinião,fica apática o dia inteiro na escolinha,só faz o que a profe permite(e olhe lá),não suja a roupa com comida,não empurra o coleguinha,não grita,não pula,desfralda com 1 ano e 8 meses,fica sentadinha quando mandam,fica em pé quando mandam,não tem roupas com manchas de tinta,não leva tombos(como poderia cair se ela nem corre?,então,como aprender levantar?)...a criança enlatada age como um robozinho na escolinha,altamente programado e sem possibilidade de se admitir falhas de programação.Mas falhas acontecem,e daí,o que fazem as profes?Incutem medos nas crianças,medo de tudo,é através do medo que as crianças enlatadas são comandadas.É mais fácil lidar com uma turminha de crianças enlatadas,elas não ensurdecem nossos ouvidos,pois não gritam.Ficam paradas por vários minutos num canto da sala da escolinha,enquanto a profe olha pro nada com uma cara de "estou fazendo tudo certo,como sou boa,todas as crianças me obedecem".
Eu sempre detestei enlatados,sabe aqueles enlatados em conserva,molhados...a comida fica sem sabor,parecendo isopor,xoxa,insonsa,sem falar nos valores nutricionais que se perdem e nos conservantes e corantes...sempre peferi frutas e legumes frescos,de preferência da feirinha,que tem gosto verdadeiro,tem cor,tem cheiro,vem com um monte de terra grudado(dá a maior trabalheira lavar,as vezes tem umas minhocas grudadas,mas o sabor compensa).
Analogia feita às crianças:as enlatadas e as da feirinha,eu sou mais das crianças da feirinha,que pulam,que gritam,que correm,caem,se sujam...que são crianças(estou falando da faixa de 2 anos de idade,só pra lembrar).Limites,sim,eles são essenciais,como já dizia Içami tiba"quem ama,educa",mas tudo ao seu tempo e de forma positiva e não a base de medo.
Na minha saga visitando escolinhas(fui em várias) 99,9% está enlatando nossas crianças.2 aninhos só,gente,e não dão um ai se a profe não deixar,ficam apáticas na sala por horas a fio,são chuchu(e me desculpem quem aprecia o vegetal),sem gosto,sem cheiro,e como diz meu marido "chuchu é o 4°estado da água:sólido,líquido,gasoso e chuchu".
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Vou parando por aqui e peço desculpas por ocupar esse espaço desta forma,mas eu não poderia deixar de externar essa raiva que me consome.
Não preciso nem falar d culpa,né!Meus ombros pesam agora,eu fico pensando o que eu poderia ter feito pra que minha filha não tivesse passado por isso?A escolinha tinha indicação,duas por sinal;eu fico revendo meus passos tentando achar meu erro,enquanto a culpa corrói silenciosa,pelas beiradas.
Eu só gostaria de deixar registrado o slogam da campanha publicitária mais bem sacada(na minha opinião de leiga) de um sabão em pó famoso:"PORQUE SE SUJAR FAZ BEM",linda propaganda,saiu da mesmice do "branco mais branco" que sempre foi o estilo dos comerciais de sabão em pó.
Se policie,por favor,não comece enlatar seu filho também,lembre sempre desse slogam do sabão.
Fiquem com Deus e obrigada por me ouvir
Kallu, já que você é também atriz, porque vc não pensa em escrever uma peça, sobre sua experiência com a maternidade todas essas fases e mudanças desde a gravidez até essa fase onde o seu filho está mais independente, aposto que seria linda e que teria muito público.Bjs Ju
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