De repente daquele encontro de corpos, um único espermatozóide consegue fecundar um óvulo gigantesco. Naquele instante iniciam as transformações físicas, espirituais, emocionais, sociais e psicológicas. Logo a gente aprende o mantra da maternidade: Isso passa.
Começam os enjôos para muitas, sono, falta de apetite ou excesso, o seio dolorido, a barriga pequenina e uma moleza que parece não caber no corpo.Ninguém percebe que você está grávida, nem você mesmo. Então alguém lhe oferece o mantra da maternidade: Isso passa. E como você deseja isso realmente.
A barriga começa a crescer, as formas se arredondam, o corpo ganha um desenho lindo com aquela barriga saliente e discreta, a pele saudável e brilhante, os cabelos volumosos. O corpo ganha uma energia a mais. Todos percebem que você vai ser mãe e tratam você com tanta gentileza. Você tem preferência no supermercado, no banco.
Até que a barriga começa a ficar pesada, as pernas inchadas, as contrações começam e o corpo pede para parar. A ansiedade por conhecer aquele pequeno ser, tão desejado, amado torna-se tão grande que você não vê a hora do seu momento chegar. E ele chega.
Vêm as contrações, delicadas, depois mais intensas, depois muito intensas. Você acha que não vai aguentar e quando pensa que é o limite de suas forças, seu corpo começa a fazer força, você quer que aquilo passe logo ou não, mas acaba e você tem um pequeno ser no colo.
Fora do corpo, aquele pequeno ser depende exclusivamente de você. Não sabe quando é dia ou noite, mama o dia e a noite toda. Apesar da prolactina, hormônio do leite dar uma ajuda a mais para aguentar tanto tempo sem dormir, você se sente cansada. As vezes passa por desafios na amamentação, até que seu pequeno aprenda a mamar e seus seios se acostumem com a atividade intensa. Então você deseja que aquilo passe. E passa.
O bebê começa a dormir mais durante a noite, chegam as primeiras doenças, a primeira papinha, os desafios de uma nova fase. Aquele bebê começa a querer ganhar o mundo, a desejar o chão, os objetos. E a gente anda para lá e para cá. Algumas começam a trabalhar e mais um desafio surge para manter a amamentação, para lidar com a crise de separação. E na ausência o bebê parece querer mamar mais a noite, desperta de 30 em 30 minutos. Então você deseja que aquilo passe, e passa.
O pequeno começa a andar, a correr, acostuma-se com a rotina da família, interage, oras com birra, oras com gracinhas lindas que fazem parte do seu repertório de conversas. E você as vezes quer que ele seja mais independente, as vezes não. Mas passa.
Um dia o bebê virou criança, adora os amiguinhos, a professora, as tias, as avós e faz seus vôos solitários por aí. Então, um dia você segura no colo um recém nascido ou vê uma mulher barriguda e sente tanta saudade de cada uma das loucas fases da maternidade. Sente falta do tempo em que você era o universo daquele pequeno, sente falta da ocitocina do parto, do choro de bebê, do cheiro, de dedicar-se daquela maneira tão intensa.
Esquece das noites não dormidas, de todos os desafios e limites experimentados e superados. Parece loucura, mas a gente esquece porque o fundamental são as coisas boas que a maternidade nos dá: esta capacidade incrível de sentir amor por aquele pequeno ser, de servi-lo com tanto amor, a responsabilidade doce de permitir que as virtudes aflorem, a maravilha de ensinar, de ser o exemplo, de estar ao lado de uma alma em um corpo pequeno e aprender mais sobre si mesmo a todo momento.
Então você descobre que o mantra da maternidade é um alerta: Isso passa, por isso, aproveite cada instante, por mais desafiador que pareça.
Imagem: Carta do tarot - O louco
7 comentários:
Oi Kalu!
Sou leitora e adoradora das mamíferas, e em breve me tornarei uma de vocês!
O meu bebê nasce em dezembro!
Devoro todos os textos, e guardo tudo como preciosas dicas!
Esse em espcial me encantou, porque explica exatamente o que todos dizem com: -Aproveita porque passa rápido!
Então tomei a liberdade de usar o texto no meu blog.
Ele está devidamente creditado. Mas, caso tenha algum problema, por favor me avise que eu retiro tá??
Beijos e parabéns pelo lindo trabalho!
Rê
(http://reperiloinwonderland.blogspot.com)
Amei o texto e assim como a Rê, tb publiquei no meu blog,com os devidos créditos mas se tiver algum problema, avise que eu retiro. Bjsss.
Thaís
Meninas,
Podem divulgar sem problemas. Beijos
Kalu!!
Muito bom o texto, e sempre bom para deixar na cabeceira da cama, pois quando a gente tá no meio da "crise", esquece completamente...
Só não concordo com a frase do "o bebê começa a dormir mais à noite...", pelo menos, após 1 ano isso não me aconteceu ainda. Na história do meu filhote a frase correta é "o bebê passa a dormir menos à noite...". Hehehehe.
Mas eu já estou morrendo de saudades do meu bebezinho... passa rápido demais!
Beijo grande,
Carol
Disse tudo Kalu, post maravilhoso!
Eu sempre penso nisso em todos os momentos, nos "ruins" pra ter conforto e nos bons pra não me esquecer nunca o quanto devo aproveitar.
Já estou tendo saudade dessa minha gravidez que está sendo uma delícia e não estou nem de 4 meses ainda! hahaha
beijos!
Kalu,
To emocionada. Passa mesmo. Vejo a Isa tão grande... E mesmo sem dormir há meses, não tenho vontade que as coisas mudem com o Pietro,acredita? Ás vezes fico cansada, mas, podem me achar louca, gosto dele mamando à noite, resmungando, a Isa vindo pra minha cama... Sei que logo vai acabar, eles vão crescer, criar asas, sentirei saudades...
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