Partos me emocionam demais. Ler um relato de um parto, assistir um vídeo de parto, ouvir a história de um nascimento, é sempre algo que me mobiliza, me faz chorar diante do computador no meio do trabalho na frente de todo mundo. É algo que mexe comigo de uma forma absurda, é uma grande paixão que tenho na minha vida, falar sobre esse tema, vivenciar tudo o que diz respeito à maternidade, aprender sobre, trocar experiências, divulgar o que sei e tudo que aprendi, enfim.
Porém, a gente esquece que nem todo mundo se mobiliza, se emociona e se sente tocado pelo assunto. Não é pra todo mundo que parto é importante, não é todo mundo que se torna ativista, pra grande mairia das pessoas, aliás, tanto faz se a criança nasceu de parto normal, de cesárea, se foi trazida pela cegonha, simplesmente não faz diferença.
Meu namorado, por exemplo, um "pobre" recém inserido nesse mundo de partos, peitos, mamíferas e afins, e justo do lado de uma ativista empolgada como eu, vira e mexe se surpreende com a tamanha paixão que eu tenho pelo assunto, pelo tanto que ele vê meus olhos brilharem quando imagino meus próximos partos, os filhos que quero ter, como desejo que eles venham ao mundo (da forma mais natural possível, longe de hospital, preferencialmente num parto domiciliar, etc etc).
Ele por enquanto não vê nenhuma graça em assistir um parto, por exemplo, quase não entende o que diabos isso tem de emocionante, só consegue mesmo pensar no sangue, na dor, não se encaixa ainda naquilo, nem sequer acha que a presença do pai faria alguma diferença no momento, vejam bem, rs... Tudo a seu tempo, tudo a seu tempo, eu repito pra ele, rs...
A naturalidade com a qual lido com o assunto às vezes espanta mesmo. Muitas vezes tenho que me segurar um pouco para não assustar as pessoas em volta, principalmente as amigas grávidas para as quais estou levantando as primeiras bandeiras sobre humanização. É uma vontade de sair despejando informações, verdades, realidades, uma vontade de falar sem parar, e muitas vezes nessa onda me esqueço que também para mim esse processo de "saída da Matrix" foi um processo longo e dolorido, algo muito particular, e que precisei mesmo "ver pra crer", sentir na pele pra aprender, ou como muito bem disse a Tata no último post, "cair pra levantar"...
Para os homens, esse também é em geral um processo lento. Poucos são os que de cara já entendem e aceitam essa importância, essa ligação que nós temos com o parir, com o gestar, com as crias. Mesmo quando estão "grávidos" esse é um processo gradual, imaginem só quando ainda nem sequer vivenciaram a experiência, não é?
Tenho algumas pessoas queridas e grávidas perto de mim, todas de fora desse mundinho mamífero. Brinco que elas são minhas atuais "vítimas", mas me policio diariamente a não exagerar, a não forçar, a sugerir caminhos, mas não impor nem me posicionar como alguém que "sabe tudo". Claro que aproveito as brechas, claro que tento inserir informações importantes na conversa, mas tudo tentando não exagerar, não falar demais, não passar por cima do que cada uma pensa, deseja, acredita, sonha, espera.
Ninguém muda pensamentos só de ouvir outra pessoa falar. Todo mundo tem seus conceitos, sua vivência, suas crenças, seus hábitos, seus medos, suas teimosias até. Mas minha paixão pelo tema não me permite ficar calada diante das grávidas que estão a minha volta, Principalmente as mais queridas. Também vou com muita muita calma com o namorado, mas como tenho muita vontade sim de ter filhos com ele algum dia, vou devagarzinho falando das minhas vontades, assim, como quem não quer nada, meio de brincadeira, e preparando o terreno pro que há de vir por aí algum dia.
E aqui no meu íntimo, torcendo. Torcendo pra que essas amigas queridas tenham seus bebês da forma como elas desejam, que essas pessoinhas cheguem nesse mundo com muita saúde e rodeados de muito amor. Torcendo pra vocês, Geraldo e Marcela, pra vocês, Tati e Miúra, pra vocês Pirinha e Jureba (nunca, jamais, te chamarei pelo seu lindo nome verdadeiro, minha flor, me perdoe ;o))... E que eu possa ajudá-los sempre da melhor forma possível, sem invadir, sem incomodar. Fazendo o que eu posso, como posso, mandando além de informações as minhas melhores vibrações positivas, sempre.
Beijos, com amor...
5 comentários:
esse discurso:
Ele por enquanto não vê nenhuma graça em assistir um parto, por exemplo, quase não entende o que diabos isso tem de emocionante, só consegue mesmo pensar no sangue, na dor [2]
PARECE ate mesmo que esta falando do meu namorado..
somos duas então no mesmo barco!
tambem sou deslumbrada com o tema. e amo contar tim tim por tim tim da minha busca e aprendizado de enfermeira FUTURA obstetra
ele não dá a minima! rsrs
mas com fé um dia ele será como eu!
nem que seja um tiquinho!
rsrs
beijos
Ah, Kath, que invasiva que nada. Quando a gente tá gorda, maluca e carregando a maior responsabilidade de todos os tempos, precisa muito de alguém pra conversar.
O papo com você hoje foi ótimo pra mim. Estou até me sentindo mais grávida!
Brigada por tudo!
=***
É Kath, acho que é um dos âmbitos que muita mamífera precisa melhorar é a forma de abordar as pessoas, mesmo as que não são tão mamíferas assim ou que ainda não se encontraram nesse mundo.
As primeiras pessoas que conheci foram a Lú, você e a Tata que sempre foram tão educadas e amorosas que quando me deparei com outra "abordagem" até me questionei se era com esse tipo de pessoa que eu queria me relacionar e se era desse jeito que eu gostaria de ser tratada porque desumanizada por desumanizada é melhor ficar onde é mais comodo né? Não! hahaha já me enraizei e aprendi a abstrair certas coisas e aceitar que cada um é cada um e o que eu não quero pra mim não preciso acolher como meu.
Eu também tento conversar com as grávidas e mães e mostrar alguns pontos diferentes de vista, mas me policio demais pra não esmagar as verdades e sentimentos alheios, isso é muito importante.
beijos querida, ótimo post!
Esse post caiu como uma luva para mim. Alguns minutos atrás, respondi um email de uma querida amiga, que me mandou as fotos da primeira ultra que fez.Comentei das imagens do nenezinho, falei um pouco de mim, da minha filha, perguntei dela, etc...
E no P.S. coloquei a indicação de um obstetra humanizado em Sampa, como quem não quer nada, mesmo sem ter sido solicitada a tal informação, hehe! ;)
E já na hora de mandar me questionei se não estava sendo "entrona" demais... desde que soube da gravidez dela eu já dei livro, contato de blogs(esse inclusive), sites, comunidades, contatos de profissionais e falei a beça sobre tudo. Pois é! Fica difícil não se empolgar e querer trazer mais uma pro "lado branco da força". É tão bom sair da caverna e ver o mundo colorido e lindo que tem lá fora, que as vezes a empolgação que querer compartilhar isso fica enorme e podemos passar das medidas com alguém. Espero poder estar sempre consciente para respeitar ela e todas as outras pessoas que não puderem ainda vir pra cá, mesmo com o coração doendo de ver uma linda oportunidade de crescimento pessoal, emoção arrebatadora e inesquecível sendo desperdicada.
Tudo a seu tempo, é assim que é!
Kathy,
a verdade é uma só e ela nao depende de nós para existir.
Eu aprendi a me calar mto, pq a maioria é comodista e nao moverá um dedo para viver uma experiencia que, sinceramente, da um trabalhao querer viver.
É mais facil entregar sua vida nas maos de alguem que estudou do que em si mesma? Sim, é.
É mais facil continuar inerte, se colocando como vitima, do que escutar novas opinioes, ainda que nao venham como desejamos e enfrentar o espelho, a reflexao e a mudança? Sim.
Eu aprendi a falar sobre parto e maternidade com toda minha paixao, sem me desgastar com isso. A informaçao, a sensibilizaçao esta ai e quem estiver pronto que pegue. A evoluçao nao vai nos esperar. quem sabe faz a hora.
Nao insisto mais, pq fiquei meio descrentes das minhas amigas de uma maneira geral. Mas onde eu vejo terreno fertil (e eu ja sei reconhece-lo), ah aí eu jogo mtas sementes. E elas pegam, viu?
Engraçado como esta questao entre cesarea e parto natural foi rebaixada ao conceito simplista, estrategicamente nomeado de "questao de escolha" e ponto final.
Como comentou uma pessoa no post da Kalu, vcs dão um azar danado... Todos os 10% de cesareas necessarias que a OMS impõe como limite comentam seus posts.
Poxa gente, será que todo mundo precisou mesmo de cesarea?
Kathy continue se aprofundando nessas questoes. Apesar de algumas pessoas acharem que o mamiferas deveria permanecer com assuntos que agradam a todas, é uma gostosa surpresa ve-las crescendo e apliando a cosnciencia.
um grande abraço.
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