
por: Monica Santos (Mamífera convidada)
Virei mamífera no instante em que soube que estava grávida. Não sabia se era menino ou menina, a cor do quartinho, o que eu iria comprar para o enxoval, ou como eu seria como mãe, mas eu tinha certeza absoluta que iria amamentar.
Depois que meu filhote nasceu, passando o período inicial de adaptação mútua, a amamentação decolou e foi uma maravilha para nós dois. Ele crescendo forte e feliz e eu, a cada mamada, vendo o milagre feminino continuar, nosso poder de gerar e alimentar um bebê.
Mas chegou o momento de voltar a trabalhar. Sou farmacêutica bioquímica e meu trabalho como assessora cientifica exige que eu faça viagens constantes por vários países. Consegui então um acordo com a empresa que permitiu que eu levasse meu filho e um acompanhante em minhas viagens, durante o primeiro ano de vida. Este acordo era só a autorização para levá-los comigo, não havia nenhum tipo de suporte financeiro. Também convenci minha mãe a me acompanhar e, durante as férias, meu marido conseguia ir conosco.
Nossa primeira viagem ocorreu quando ele tinha 3 meses e 2 dias. Fizemos uma longa viagem a Chicago, para eu participar de um Congresso. E aí eu tive a primeira prova de como a amamentação, além de ser tudo de bom para mamãe e bebê, é super prática e eficiente.
Nessa viagem fizemos uma escala em Dallas e quando embarcamos para Chicago, ficamos 4 horas dentro do avião, em pleno verão, sem que a companhia aérea servisse nada para beber ou comer. Durante todo o tempo não tive que me preocupar se havia fórmula o suficiente nem pedir para a aeromoça esquentar o leite, lavar a mamadeira, nada disso. O peito estava lá disponível para ser “usado” quando fosse necessário.
Com um bebê tão pequeno e acostumado a mamar em livre demanda, não sabia se iríamos conseguir dar conta do recado. Uma amiga que mora nos EUA ficou em Chicago com meu marido, ajudando com o Bruno. E eles iam a cada 2 ou 3 horas levar meu filho para mamar. De noite ele mamava em total livre demanda e eu também tirava leite para deixar para ele mamar quando eu não estivesse disponível.
Depois desta, fizemos mais 12 viagens juntos, com ele sempre mamando muito. Amamentei em diversos países e nas mais variadas situações. Também cheguei a sair de reuniões e fazer intervalos em treinamentos só para ordenhar leite para o meu filho mamar depois. Tive muita sorte e em todos os lugares fui sempre incentivada a continuar com a amamentação e com a ordenha e sempre tive muito apoio.
Meu filho deixou de ser meu acompanhante nas viagens quando ele estava com 1 ano e 6 meses mais ou menos. Foi quando passei a viajar acompanhada da bombinha de tirar leite, que me ajudou a evitar engurgitamentos e mastites. Nesse período em que ele comecou a ficar aqui eu já não deixava mais leite estocado, pois ele começou a não aceitar mais o leite materno na mamadeira. Ele se alimentava normalmente e quando eu chegava a primeira coisa que ele fazia era pedir o mamá.
Com 2 anos e 15 dias meu filho desmamou. Cedo para uns, tarde para outros. Para nós foi o nosso tempo dentro da nossa realidade e essa fase tão maravilhosa com certeza ficará em nossos corações para sempre.
Imagem: www.gettyimages.com.br
6 comentários:
Gostei da sua história. Coisa rara nesse mundo corporativo. Bj.
Monica,
parabéns por sua história e sua perseverança com a amamentação em situações tão adversas. Uma prova que é possível conciliar vida profissional intensa com a amentação.
Como pai de um filhote mamífero mamão sei da importância deste ato para a formação e referência de vida de uma criança. Parabéns por conseguir conciliar uma intensa vida profissional com uma sábia decisão de amamentar prolongadamente.
também amamentei meu filhote por dois anos e foi ótimo! Foram sem dúvida os momentos mais íntimos entre nós. O que eu mais gostava era nossa troca de olhares e sua mãozinha passeando pelo meu rosto, pescoço e o outro peito. Foi uma experiência fantástica! Nunca imaginei não amamentar meu filho!
Parabens pela coragem e persistencia. Relatos como esse sao incentivos importantes a amamentacao.
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