por: Tata
Sempre que vão chegando datas comemorativas como Natal e Páscoa, eu paro pra pensar em como passar um significado bacana dessas datas para as meninas sem falar do conteúdo religioso.
Eu não gosto da idéia de ficar contando pra elas sobre o nascimento ou a ressurreição de Cristo, simplesmente porque isso não faz parte da minha verdade, e assim sendo, seria falso tentar passar isso para elas. Eu tenho a minha religiosidade, meus rituais e minhas crenças, muito particulares, mas esses significados cristãos que permeiam essas datas não fazem parte deles.
Por outro lado, não gosto da idéia de sucumbir ao consumismo vazio, à loucura dos presentes e à overdose de chocolates que enlouquece as pessoas nessas épocas do ano. Mas acho bacana conservar a magia do momento, a fantasia do papai noel e do coelhinho da páscoa, a ludicidade dessas figuras que tanta alegria trazem ao imaginário infantil. São fantasias gostosas de se cultivar na infância, e eu não gostaria de privar as minhas filhas dessa vivência, que mesmo quando se cresce, se guarda pra sempre, em um cantinho bem especial do coração.
Vai daí que eu fico sempre entre a cruz e a espada. Meio lá e meio cá, sem saber muito bem onde demarcar meu território.
Até hoje, venho optando sempre por enfatizar o lado da comunhão, valorizar esses momentos como oportunidades de estar do lado de quem se ama, de trocar carinho, de cultivar bons sentimentos, como amizade, solidariedade, companheirismo. Falo muito sobre a alegria de poder estar perto de quem amamos, da importância de demonstrar o que sentimos, da sorte imensa de sermos todos saudáveis e felizes, e podermos dividir nossa alegria, e sorrir e nos divertir juntos nessas datas especiais.
Por enquanto, acho que vem dando bons resultados. As meninas curtem muito a expectativa pela magia das datas, e curtem igualmente os momentos em família, ou entre amigos. E não enlouquecem com ovos ou presentes, apenas os encaram como parte desse universo mágico em que tentamos envolvê-las nesses momentos.
Mas na verdade, acho que o que eu gostaria mesmo de passar para elas é que datas são apenas datas, convenções, números marcados no calendário. E que todo dia é dia para a gente aproveitar a vida ao lado de pessoas especiais, para dar e receber carinho, e para ver a vida com olhos de criança.
4 comentários:
é complicado qdo a gente não se encaixa no convencional, seja qual for o tipo de desencaixe...
eu sempre pirava nessas datas pq não sou NADA religiosa, mas por outro lado não curto NADA coelhinho e papai noel...
então eu deixava rolar essa parte da fantasia com marido e minha mãe, que sempre prepararam os cenários imaginativos e era realmente bacana vê-las fazendo a mesinha pro coelho com cenouras, encontrar as cenouras mordidas na manhã seguinte e procurar ovinhos no jardim.
minha mãe fazia o mesmo comigo qdo criança, e eu adorava, mas hoje sinto uma inexplicável aflição em fazer-de-conta sem que elas saibam que eu estou fazendo-de-conta. ainda bem que elas tiveram pai e avó bacanas pra equilibrar a mãe chata nessas horas rss
agora com elas crescidas (10/9/8) chegou no ponto que eu gosto, que é poder mostrar a elas o processo histórico que leva à comemoração das datas, que surgem como religiosidade e no nossa cultura viraram um pretexto consumista.
é muito prazeroso pra mim poder falar sobre os calendários, sobre judeus, a saída do egito, sobre o parto desassistido de Maria (dá-lhes!), sobre cristãos, sobre romanos, ritos pagãos de fertilidade e a influência na idéia de fertilidade que leva aos ovos, tal.
a gente faz até um pouco dos rituais envolvidos, tudo à guisa de aprendizado; comemos matzá como os judeus e ano que vem quero ver se faço um ritual com mais elementos, com menorá e tudo, aproveitando o feriado pra ver aqueles clássicos do cinema tipo "10 mandamentos", ou até mesmo o quase herético "última tentação de cristo".
essa parte eu curto :o)
Olá Tata, entendo o teu desconforto associado às ideias religiosas da igreja cristã associadas. Eu também não sou religiosa no sentido institucional do termo. A minha religião é uma espiritualidade absolutamente individual e livre. É criada por mim numa aprendizagem crescente, seguindo o coração e a intuição. Mas se formos à sabedoria ancestral, às origens pagãs da relação profunda e misteriosa com os ciclos da natureza, encontramos um significado espiritual que torna extremamente recompensadora a vivência destas festividades, em particular como uma experiência a desfrutar com as nossas crianças, onde podemos transmitir todos os valores bonitos da humanidade. A celebração cristã da Páscoa tem a sua origem nos rituais pagãos de Ostara, a deusa da fertilidade, da Primavera, que representa todo o potencial de renovação do ser humano e da vida na terra, associado à alternância das estações. Os dias não são todos iguais... tal como o tempo.. nuns dias está sol e noutros chove... mas há ciclos que se repetem, sem os quais não teríamos segurança nem esperança. Estas datas são oportunidades belíssimas para educarmos e fortalecermos as nossas crianças com a confiança necessária num mundo belo e bom. Um beijo e feliz Ostara!
Tata,
adoraria falar do post. Mas deixarei para depois. Quero apenas dizer que ouvi a entrevista na CBN. Moro em Maceió. No momento estavámos em companhia de minha esposa, minha filhota Lorena (1ano e 6 meses)e minha filha do coração Evinha. Adoramos suas posições. Por mim largaria tudo para ficar com ela. A mãe também. Mas, de certo modo vejo em seu olhar que é como se entendesse nossa saída. O olhar dela quando nos encontra, à noite, é incrível. Começa a brincar...a querer falar...Uma coisa linda. Curtimos muito a gestação. Já temos planos para o futuro. Desta vez incluiremos a leitura regular do blog.
Parabéns as mamíferas!
Acho que se investigarmos a origem dos símbolos e mitos, podemos vivenciar o numinoso ou espiritualidade viva, pela representação dos rituais.
Escrevi recentemente algumas postagens a respeito do mito da Páscoa no Irradiando Luz que podem servir de referência.
Um abração
Gabriel Dread
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