Abrindo Histórias

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por: Tata

Que eu sou rata de literatura, não preciso nem dizer. Tá bem aí, na minha apresentação, na barrinha lateral do blog. Assumidíssimo.

E como tal, sempre gostei de dividir essa paixão pelas letras, pelas histórias, pelos livros, com as minhas filhotas. Primeiro, porque acho que a leitura é importantíssima para a criança, porque é uma porta para um mundo de fantasia, um infinito de possibilidades. E segundo, pela questão cultural, mesmo. Criança que cresce gostando de ler coisa boa torna-se um adulto leitor, apreciador de literatura de qualidade. Coisa que falta, hoje em dia.

Pois bem. Exatamente porque sempre incentivamos isso aqui em casa, e as pimentas sempre foram doidas por livrinhos, desde muito cedo tivemos o costume de levá-las a contações de histórias, como essas que vira e mexe acontecem nas grandes livrarias. Elas sempre gostaram bastante, mesmo quando ainda não entendiam muita coisa.

Mas eu sempre pensei que, com os contadores de histórias "tradicionais", a coisa acabava sendo um pouco passiva demais. É legal, tem sempre a magia da história, a viagem a um mundo imaginário, mas a criança fica sentadinha, só ouvindo, enquanto o contador vai levando adiante a história, fechadinho na narrativa do livro.

Pois eis que, há um tempo, descobri uma contadora de histórias pra lá de diferente. É a minha querida Kiara Terra, de quem nós - leia-se a família-pimenta - viramos admiradores mais que confessos, e vira e mexe seguimos suas andanças contando histórias pela cidade.

A diferença é que, com a Kiara, as histórias são "abertas". Ou seja, ela parte da fábula de um livro escolhido, mas para ir levando adiante a contação da história, pede a todo momento a participação da platéia, e vai aproveitando as contribuições dadas para ir desenhando a história aos poucos, de forma coletiva.

É o maior barato. Pela minha experiência, de já ter acompanhado umas tantas contações de histórias com ela, posso dizer que as crianças adoram, participam mesmo, se empolgam. Saem sacadas incríveis, inimagináveis. E a Kiara tem um jogo de cintura e uma rapidez de raciocínio muito bacanas, que permitem que ela aproveite lindamente cada contribuição, sem deixar a peteca cair, sem comprometer o sentido da história, e sem perder o fio condutor, já que a história chegará, em algum momento, a um final, que deve corresponder minimamente ao final da história inicial, a do livro-base.

Se ouvir uma história contada diretamente de um livro já é uma experiência bacana, entrar dentro dela e contribuir para que ela caminhe então, é um negócio muito, muito especial. E os momentos de interação são deliciosos, divertidos, curiosos. Todo mundo aproveita, embarca na brincadeira, compra a idéia. Desde os pequenininhos até os maiores, todo mundo participa, e todo mundo é ouvido. Até os pais entram no jogo, participam, porque afinal, dá vontade mesmo, que o negócio é pura curtição!!

Sei que a dica é um pouco "restrita", porque até onde eu sei, a Kiara só conta histórias em São Paulo. Então, pra quem não mora por aqui, nem em alguma cidade próxima, fica meio difícil de aproveitar. Mas para os paulistanos, fica a indicação do trabalho dessa contadora 'diferente', que além de tudo, tem o mesmo nome da nossa pimentinha número 3!!!

Nesse final de semana prolongado mesmo, tem mais três oportunidades de ver o trabalho dela: amanhã, domingo (19), às 15hs, no Sesc Vila Mariana, e às 17hs na Praça Victor Civita; e terça-feira (21), às 13hs, na abertura de uma exposição (que aliás também promete, parece estar bem bonita e bem cuidada) sobre contos de fadas, no Centro Cultural Banco do Brasil.

E aproveitando, pessoal das outras cidades: tem mais contadores de histórias bacanas por aí?

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Imagem: www.gettyimages.com.br