
por: Kathy
Há tempos escrevi aqui sobre os padrões estéticos, mas não comentei mais profundamente sobre as torturas que algumas mulheres se submetem para atender a esses padrões quase que inatingíveis impostos pelo mundo que nos cerca.
Cirurgias plásticas, dietas radicais, exercícios sem ter fim, tratamentos estéticos, privações, dor, fome, tempo e dinheiro gastos tentando alcançar um ideal que muitas vezes está longe, muito longe do que realmente somos. Será que vale a pena? Tudo isso para que? Tentar atingir uma perfeição idealizada, talvez?
Particularmente, não gosto muito da perfeição. Cabelos milimetricamente arrumados, roupas impecáveis, postura, pele, sorriso e corpo perfeitos, sorriso no rosto o tempo todo. Isso por acaso existe? Essa rigidez toda não endurece, não plastifica, não tira a espontaneidade, até mesmo a humanidade mesmo? Como será que uma dessas pessoas "perfeitas" está por dentro? Passar por tantos sacrifícios para conseguir a aparência desejada não nos deixa fragilizadas? Não nos faz deixar de lado outras coisas importantes?
Pequenas imperfeições são para mim a graça de tudo. Gente de verdade não tem vida de comercial, afinal. Já falamos sobre isso aqui antes. Por isso, podem acreditar, não me privo de pequenos prazeres, não faria, por exemplo, uma cirurgia plástica apenas por pura vaidade. Não mesmo, podem escrever aí! Também não passo fome, apesar de buscar sempre me alimentar de forma equilibrada. Tenho meus dias de péssimo humor, a pele beeem oleosa, dentinhos tortos (to usando aparelho!) coxas grossas demais, vários graus de astigmatismo e alguns de miopia... Uma TPM dos infernos e sou a mais preguiçosa, ciumenta, carente e insegura das criaturas desse mundo... :o))
Sei que não sou perfeita, mas tenho certeza que aquela moça linda da revista também não é, apesar de aparentar, ou de tentar. Por isso não quero ser igual a ela não, muito obrigada!
Tem uma música muito bonita da "Céu" que gostaria de deixar aqui para refletirmos sobre o assunto. Vamos comentar, palpitar, confessar nossos pequenos, grandes e adoráveis defeitos?
"...Minha beleza não é efêmera
Como o que eu vejo
Em bancas por aí
Minha natureza
É mais que estampa
É um belo samba
Que ainda está por vir...
Bobagem pouca
Besteira
Recíproca nula
A gente espera
Mero incidente
Corriqueiro
Ser mulher
A vida inteira..."
(Bobagem - Céu)
Imagem: http://colunas.epoca.globo.com/files/592/2008/09/perf.jpg
2 comentários:
Aurita,
Acho que este lance do apelo estético é algo que ainda me paga fundo. Foram anos de terapia para entender os processos que me faziam sentir feia. e tudo retorna com meus 5 anos de idade, quando minha mãe começou a me chamar de feia e gorda quando brigava comigo. Cresci e na pré-adolescência era gordinha, usava óculos e aparelhos extra-oral. No fundo nunca soube o que era a beleza mesmo, apenas as infinitas tentativas de preencher lacunas da família, sociedade e companheiro. Demorei a entender meu processo de boicote cada vez que emagrecia e minha neura por expremer espinhas e causar ferimentos no meu rosto. É como se eu não pudesse ser bela. Atualmente tenho redescoberto minha beleza de verdade. Estou fazendo um regime para que eu possa sentir-me mais bonita. Sim, eu me sinto melhor mais magra. Mas mais que isso, para parar de descontar na comida minha frustrações. Parei de espremer meu rosto e tenho me permitido ser mais bela, de dentro para fora. Acho que este mergulho interior é algo bastante profundo e descobrir a beleza de verdade um labirinto.
Oi Kathy, gostei muito do seu post, pois tem muito a ver com o que descobri em mim há pouquíssimos anos... Descobri uma beleza que só em mim existe e por isso sou bela por ser eu, a única criatura nesse mundo que tem esses olhos, esse nariz, essa boca, essa testa (me chamavam de 'testa' na escola), esse cabelo, essa pele, esse corpo! Só eu tenho cada um desses elementos dispostos dessa forma singular, única no universo inteiro, isso já não é incrível?
Antes eu enchia a minha cara de maquiagem, de muito lápis para 'realçar' os olhos que eu julgava como sendo muito pequenos, muito rímel para aumentar os cílios, muita base para esconder as manchinhas do tempo, etc... Eu era tão escrava da minha necessarie que se eu esquecesse em casa eu ia a uma loja para comprar tudo de novo, é mole? Quanta insegurança, qto medo de mostrar o meu rosto ao natural, qto medo de me assumir! Hoje me vejo uma mulher mais livre e, claro, muito mais feliz com a minha aparência. Passei a adolescência brigando feio com a balança, com a compulsão alimentar e cheguei realmente a ficar muito obesa! Como superei isso mesmo depois de uma gravidez? Não foi através de dietas, foi uma conquista que obtive qdo passei a me enxergar por dentro e não mais somente através de um espelho. Com isso fui aprendendo a ter mais respeito por esse corpo, por esse templo que a minha alma hoje habita e que foi uma dádiva divina para que eu pudesse crescer nesse plano físico. Por isso não faço mais que a minha obrigação que cuidar do que eu como, qto como, não me excedendo mais como antes.
Nunca me submeti a cirurgias estéticas e sei que nunca as farei, pq vão contra as minhas crenças. Não acredito que a felicidade venha daí, definitivamente. Devemos nos cuidar sim, não estou dizendo para sermos desleixadas. No entanto, acho que devemos tomar muito cuidado com que a mídia tenta o tempo todo nos impor como ideal. Eu procuro por ideais de princípios, valores, do bem viver, do amar verdadeiramente todos os seres, de ser um ser humano inteiro, presente a todo instante, isso eu busco, incansavelmente. E acredito piamente que a verdadeira beleza se encontra aí, o resto é mera consequência dessa busca.
Beijos!
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