Crescer e amadurecer muitas vezes acompanha uma mudança de tribo. Quando não há mais afinidades nem sintonias, saímos para procurar nossa nova egrégora. E encontramos ou criamos uma que nos faz sentir aquele quentinho no coração. E junto com essa nova comunidade, criam-se novos laços, novos padrões e costumes, novas reflexões e escolhas.
Quando eu entrei no mundo do parto onde todas as verdades são escancaradas – Mundo Materna – senti uma alegria quase eufórica por ter saído do círculo de desinformação. Veio também a solidão por não ter meus amigos nem minha família de origem acompanhando. E junto uma bela de uma raiva ou indignação com os outros que insistem permanecem ou escolhem permanecer na desinformação. Essa reação enérgica contra a barbárie afastou algumas pessoas em busca de informação e percebi que o meu jeito materna-extremista poderia atropelar o caminho de alguns. Fui ficando mais quieta, me manifestando quando era perguntada ou quando a brecha era perfeita.
É fato que todos querem ser aceitos e amados. Todos nós gostamos dessa sensação de pertencer. E nos identificamos como membros de uma mesma comunidade, que têm pensamentos similares sobre um tema. No entanto, nesse nosso Mundo-Materna, existe uma gama (que palavra mais propícia!) de variações, as do parto em casa, as do parto em hospital, com ou sem analgesia, com ou sem episiotomia. Existem aquelas que amamentam, as que dão mamadeira e as que fazem os dois, as que dão chupeta, as que nunca deram nem darão, outras que às vezes dão e ainda aquelas que dão escondido. As que cozinham todos os dias, as que congelam, as que congelam às vezes. Existem as que pararam de trabalhar, as que mudaram de trabalho e as que trabalham e sempre estão numa corda bamba para não se afogar na culpa.
Culpa essa que vem junto com o pacote-Mãe, que nos faz sentir atacadas e criticadas. E do outro lado, apontamos o dedo para aquela que escolheu diferente de nós. Nossa própria fragilidade condena a prática diferente do outro para aliviar nossa culpa de fazer algo errado.
Precisamos urgentemente nos fortalecer enquanto mulheres e mães que somos, refletindo sobre as nossas escolhas e bancando-as para quem quer que seja. E se por acaso uma luz bater, poderemos redirecionar tudo, sempre com dignidade.
3 comentários:
Lígia, eu sinto tudo isso! E muita vontade de poder estar perto, não apenas virtualmente, do Mundo-Materna,
Desculpa a ignorância mas... o Mundo Materna é um site? Um grupo?
Lígia, parabéns pelo belíssimo texto!
Sua foto com a Helena está linda, de sling igualzinha à minha Letícia =)
Difícil se encaixar, mesmo nesse mundo materna! Só faltou as que vacinam das que não vacinam... rs!
Mto bom seu post!
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