por: Kalu
(Excepcionalmente teremos nossa mamífera convidada nesta terça-feira)
Essa discussão sobre desmame natural é algo que tem abalado minhas estruturas mamíferas. Miguel fez 2 anos na última sexta-feira e seguimos uma linha educativa chamada de antroposofia. Como tudo nesta vida, acho que regras absolutas que ignoram a individualidade não cabem na educação aqui de casa.
Na última consulta com o pediatra do Miguel, ele me disse sobre a necessidade de desmamá-lo a partir dos 2 anos. Segundo ele é uma forma de apresentar-se de uma maneira sem mediação, no caso do peito. Para ele, a amamentação prolongada é uma forma da mulher controlar e prolongar a sensação de ter um bebê nos braços, o que pode acarretar em dependências psicológicas.
Eu não acredito nisso. Acho que assim como uma mulher pode parir com 38 a 43 semanas, naturalmente, uma criança pode se desmamar quando bem ela quiser. Deixando claro, também, que acredito que o desmame muitas vezes parte da mulher que começa a encerrar a amamentação na cabeça.
Depois desta conversa com o pediatra, passei a não oferecer peito como cala-boca. Percebia que quando o Miguel caía ou se machcava, vinha gritando "mamá" e corrigi esta minha atitude de colocar o peito em primeiro lugar para resolução de todos os problemas. Desenvolvi novas formas de acolher sem ser com o peito, sem negar, mas me apresentando também de outra maneira.
Quando ele caí, por exemplo, vou buscá-lo, abraço, beijo, cuido do ferimento. Muitas vezes ele nem pede o peito, noutras tanta termina o ritual de cuidado com uma mamadinha. Tudo com muita naturalidade.
Neste carnaval, fomos acometidos por um rotavírus. Em alguns momentos foi preciso cessar o peito por 40, 50 minutos. Tive que exercitar o acolher e acalentar sem oferecer meus seios. Expliquei para o Miguel a razão pela qual estava negando o peito e primeiro com protestos, depois com pedidos de cortar o coração "xó um puquinho, mamãe" e ele entendeu.
Continuarei seguindo minha intuição e deixando que o tempo do meu filho determine seu desmame, seguindo aquilo que cabe aqui em casa, com a antroposofia e adaptando para nossa realidade.
Recebi de outras mamíferas textos científicos interessantes, como "Desmame total - até quando?" e "Divergências sobre o Desmame" que compartilho com quem ainda tem dúvidas sobre o tema e gosta de um outro ponto de vista. Para se deliciarem, uma campnha pró-amamentação deliciosa.
2 comentários:
Kalu, essa história do médico falar de apresentar-se sem mediação não faz o menor sentido pra mim. O peito é o peito, em tudo o que ele significa em termos de nutrição, vínculo, aconchego e tudo mais. Um dia essas coisas todas acontecerão sem ele, obviamente. Mas pq ele vê o peito como mediação no modo como o Miguel se apresenta ao mundo? Posso não ter entendido alguma coisa, mas realmente não fez sentido. Acho legal a sua percepção de não oferecer o peito como primeiro recurso pra aplacar frustração, tb procuro evitar isso, mas penso que não há mal nenhum em encontrar um aconchego no peito se não conseguiu se acalmar de outro jeito. Acho que mediadoras somos nós, mães, que estando atentas, oferecemos colo, carinho, conversa e se for pedido, peito.
Penso que se o Miguel não se esconde do mundo no mamá, o peito não impede ele de ser um menino que está integrado ao mundo, que se comunica, etc.
Acabo de passar tb por um conflito mamífero: Eu acho que o 2o dente da Nina tá vindo e ela me mordeu seguidas vezes. Eu expliquei que não podia, conversei, falei bem séria e mordeu de novo,de novo e de novo. Ela pediu pra mamar outra vez e eu disse: Não vai mamar agora, porque o peito da mamãe tá descansando. Chamei o pai, ela foi pro colo dele esbravejando, por 10 segundos, e em mais 5 minutos ele a fez dormir. Enfim, achei estranho negar, mas fez sentido nessa situação.
Sempre bom pensarmos juntas, querida. Agora vou fazer uma compressa de camomila que tá doendo um pouco!
Bjs,
Tati.
Kalu,
Como me identifiquei, pois estou neste mesmo momento. Como também sigo a linha da antroposofia, semana passada ouvi da minha médica o mesmo comentário, que já tinha passado da hora do desmame (a minha filha está com 1,5 ano) e que insistir nisso é atrapalhar seu desenvolvimento. Apesar de adorar toda a pedagogia Waldorf, isso não fez sentindo para mim. Não consigo imaginar forçando o desmame, não combina com quem acredita no parto domiciliar, cama compartilhada e tudo o que nos torna verdadeiramente mamíferas da espécie humana. Adorei ver que não estou sozinha. Obrigada
Beijos
Barbara
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