Na próxima segunda-feira, as pimentas terão seu primeiro dia na escolinha. Escolhida a dedo, com todo carinho, pensada e repensada, e finalmente decidida com o coração tranquilo. Uma escolinha diferenciada, democrática, voltada para as artes e o auto-conhecimento. Um espaço e uma atmosfera que têm tudo a ver com a nossa filosofia de vida, com o nosso ritmo, com os nossos valores. A adaptação vai ser feita com calma, respeitando o tempo delas, sem limites ou regras pré-definidas. Tudo muito livre e respeitoso com os sentimentos das pititicas.
Mesmo assim, com tudo redondinho, não dá pra negar que meu coração está levemente apertadinho. Foram praticamente 4 anos em que elas estiveram bem debaixo das minhas asas, sempre sob meu olhar atento e carinhoso, eu acompanhando cada passinho do desenvolvimento delas, vibrando com cada conquista e descoberta. Daqui por diante, elas vão, aos pouquinhos, alçando seus vôos livres, dando seus passinhos exploradores nesse mundão de meu deus. Devagarinho, vão saindo de baixo das minhas asas protetoras de galinha-mãe.
Por um lado, é bacana demais. É muito gostoso vê-las ansiosas pela nova experiência, contando os dias para o início das "aulas". É incrível ouvi-las explicar milhares de vezes tudo o que vão fazer na escolinha, com os amiguinhos, que vão aprender isso, que vão experimentar aquilo. É uma delícia ver que se sentem seguras para dar seus passinhos independentes, o desejo e brilho nos olhos com que anseiam pelo novo universo que estão prestes a descobrir. E eu sei que tudo isso é reflexo desses três anos e nove meses de amor, aconchego, colo, respeito, carinho, paciência, tudo em livre-demanda. É, eu sei.
Mas tem o outro lado, né? Aquele lado bicho-mãe, meio instintivo, que não dá pra negar. Um lado que as sentirá para sempre como as bebezinhas pequeninas que um dia foram, as bebezinhas frágeis e indefesas que eu aconchegava entre os braços e acalmava com canções carinhosas e palavras doces. Esse lado que, lá no fundo, queria mantê-las para sempre protegidinhas, sempre debaixo das minhas vistas, amparadas e protegidas.
Ser mãe é isso aí, mesmo. Lembro de ter lido uma vez, em algum lugar, que ter filhos é uma decisão muito séria: é aceitar ter, para sempre, o coração fora do próprio corpo.
É como me sinto agora. Vendo dois pedacinhos do meu coração caminhando a passinhos decididos, prestes a viver tudo o que têm para viver nesse mundo tão intenso, contraditório e maravilhoso.
A mim, resta ficar aqui, remoendo esse turbilhão de sentimentos contraditórios, tudo ao mesmo tempo agora. Felicidade, saudade, nostalgia, ansiedade, expectativa, emoção, orgulho, tanta coisa.
Eita, que ser bicho-mãe é bom, mas haja coração, viu?
Imagem: www.gettyimages.com.br
3 comentários:
Ai Re! Chorei!
Minha pequenininha tem quase um aninho só, mas promete uma independência! Fico muito feliz, mas imagino o coração apertadinho que só!
Bjs,
Tati.
Console-se com o fato de que são duas, então uma faz companhia à outra.Mesmo assim é difícil "solta´-las" para o mundo. Mas serão tantas as novidades, o desenvolvimento se acelera, é muito prazeroso ver um filho se socializando. Sucesso pras meninas!
ai... chorei.
bjs
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