
por: Kathy
Minha grande vontade hoje era fazer um texto daqueles infalíveis, cheio de dicas legais pautadas por nosso modo alternativo e delicioso de enxergar a maternidade. Reunir aqui um monte de sugestões para fazer refletir, para fazer sorrir, para as outras mamíferas se reconhecerem e se identificarem. Contar um pouquinho das minhas experiências bem sucedidas e das minhas conquistas na criação de um carinha de dois anos e meio que me surpreende todo dia com caras, bocas, sorrisos, tiradas e expressões novas saídas daquela cabecinha impressionante.
Queria dizer pras outras mamíferas que estão por aí pelo mundo, que não desistam das suas opções, mesmo que ninguém mais ache que aquela é a forma certa de levar as coisas, mesmo que chovam críticas, olhares espantados ou de desdém. Queria falar pras minhas queridas "marcianinhas" espalhadas pelo mundo (quem aqui nunca se achou um etê?) que não abandonem o barco (ou seria nave espacial?) nem percam a cabeça mesmo quando parece que nada está dando certo, que estamos dando murros em ponta de faca, comprando briga e gastando saliva à toa.
Queria dizer que tudo vale a pena quando a gente vê nossos filhos crescendo, amadurecendo, aprendendo, enxergando a vida de uma forma mais lúdica, menos violenta, mais harmônica e carinhosa... Queria escrever parágrafos e mais parágrafos reafirmando que todo mundo tem momentos em que perde a paciência, que se exalta, se contradiz, levanta a voz, bate porta e chora se sentindo meio perdido.
Que esses momentos servem pra gente enxergar que não dá sempre pra dar conta de tudo, pra cobrar escanteio, correr, matar no peito, cabecear, fazer o gol, correr pra torcida e ainda dedicar a vitória pro amor das nossas vidas. Mulher Maravilha a gente até tenta ser de vez em quando, mas tem dias que é preciso uma ajudinha da Liga da Justiça toda, mesmo pras mamíferas que como eu sempre preferiram a Marvel à DC Comics(*), rs.
Queria dar uns conselhos pra passear com as crianças no shopping como tinha prometido, ou então falar sobre como eu adoro quando as pessoas discordam de nós nos comentários já que essa é uma ótima oportunidade pra que possamos nos explicar melhor, trazer mais dados, rever nossos próprios argumentos, pensar de novo, aceitar diferenças, pensar em elaborar melhor certos conceitos pra que não fiquem ambíguos. Queria agradecer as mensagens carinhosas e colocar em prática as deliciosas sugestões de pauta que de vez em quando recebemos com o maior prazer pelo blogmamiferas@yahoo.com.br (ainda não mandou a sua? Que tá esperando?). Poderia ainda agradecer o pessoal que tem se assumido como "seguidores das mamíferas" (não conhece? veja que legal aí na barra lateral!), mostrando sua carinha nesse novo e viciante recurso do blogger que nos ajuda tanto a conhecer melhor nossos leitores.
Queria me contradizer dentro de um mesmo texto e dizer pras mamães que às vezes elas tem o direito sim de perder um pouquinho a cabeça. Falar para as outras mamães que muitas vezes se sentem culpadas e se acham umas chatas controladoras que ser chata às vezes também faz parte do nosso papel de mãe, de quem ensina e estabelece (em conjunto, por que não?) limites, ajuda a reconhecer perigos, dá bronca e fica brava. E que bom que ficamos bravas, porque é necessário mostrar de vez em quando pra nossos pequenos que o mundo não é sempre florido e sorridente. E queria dizer, ainda me contradizendo, que bom que perdemos a cabeça, porque somos humanas, aqueles seres repletos de defeitos e que aprendem o tempo todo coisas novas.
Queria dizer tantas coisas, mas de repente, sei lá, não saiu nada. Ou saiu esse post, que é meio que uma negação de post, ou um post meio ao contrário.
(*) explicando aos não nerds: Marvel e DC Comics são duas editoras bacanudas de histórias em quadrinhos.
Imagem: www.gettyimages.com.br
2 comentários:
Queria dizer que me veio um suspiro fundo de alívio ao final desse post, bateu uma tranquilidade sabe?
Uma parcela da culpa que foi embora, porque se a gente se identifica muito no que pensamos e fazemos, é bom se identificar como humanas que tem dificuldades e saber que não sou só eu que encontro dificuldades na arte de ensinar quando também estou aprendendo.
É o doce com amargo mais gostoso que já provei em toda minha vida!
beijos!
Áurea,
obrigada! Dia desses eu quase surtei, e me senti tão culpada, tão incapaz de continuar no caminho que estou percorrendo desde que Dandara nasceu. Acabo de me sentir mais forte lendo suas palavras.
Beijinhos
Rê da Dandara
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