por: Kalu
Sempre fui bastante cautelosa com os brinquedos do Miguel, optando por aqueles de madeira, tecidos e materiais naturais. O brinquedo é a continuidade do corpo e expressão da criança. Quando bebezinho ele tinha um móbile de madeira com mandalas de vidro que ele amava. Não era um brinquedo de criança, mas quando vi me apaixonei e coloquei sobre o berço dele. Ele não tocava mas se admirava com as cores.
Claro que quando ele cresceu ganhou uma infinidade de brinquedos de plástico, tipo moderdor. Ele até dava umas mordiscadas, mas sempre preferiu cenouras e nabos gelados, que aliviam a coçeira da gengiva. Seus brinquedos prediletos com 8 ou 9 meses eram as colheres de pau da cozinha e outros utensílios domésticos. Um dia tive um ataque de desapego e doei praticamente todos os brinquedos dele. E não fez falta.
Quando chegou o aniversário de 1 ano, queria pedir para as pessoas não trazerem presente. Meu marido ficou bravo, discutimos e no fim resolvi que não falaria nada, mas doaria o que não considerasse adequado. Fiquei impressionada como as pessoas não se preocupam com qualidade, segurança e origem dos produtos. Enfim, não podemos exigir que todos tenham o mesmo entendimento do mundo.
Peguei quase todos os brinquedos e doei. Deixei os que ele realmente gostou, entre eles uma vassoura pequena, brinquedinhos de praia, que ele brinca na areia de casa e um patinho de madeira ligado a uma haste que ele empurra e faz um barulho com um guizo. Os outros fizeram outras crianças felizes.
Há poucos dias encontrei um antigo kit de apitos de madeira que imita sons de pássaros que comprei em um evento indígena. Nossa, o Miguel adorou cada som que poderia produzir com o assopro. Tornou-se o brinquedo predileto. Aliás, saramandalas, pins, sinos dos ventos, tambores, címbalo (instrumento indiano) são os objetos que meu filho mais gosta. E sempre estou por perto para estimular a sua marcante musicalidade. Sem contar com cocares, penas que ele adora fazer voar.
Agora Miguel descobriu a magia de um pano. Ele tem um de algodão que ele coloca no chão, faz barraquinha, finge que é um bebê ( e dá mama), se esconde. Uma farra criativa. Sem contar com as pedras, gravetos e folhas. Ele gosta de fincar uma folha na ponta de um graveto e brincar de helicóptero. Procurar besouros e capturar formigas são atividades que ele ama.
Em minha opinião, criança precisa mesmo é de alguém para brincar, um espaço para ela explorar. Pode ser uma praça, um pequeno quintal. Acho que estes brinquedos barulhentos, cheios de luzes são pouco benéficos para a criatividade. Já estão prontos. Prefito aqueles que a criança pode inventar e reinventar.
Nossa massa de modelar são os pães que fazemos. Tenho também um saco com grãos que brincamos de montar mandalas, água de beterraba para pintar papel branco. Cada dia mais tenho a certeza que a vida é o grande quintal e nós, os grandes companheiros.
E você, como é esta relação com os brinquedos de seus filhos?
Imagem: Arquivo Pessoal
7 comentários:
Kalu, sempre achei que brinquedo eletrônico não é brinquedo. Não os dei a meus filhos. Os que tiveram, foram presentes de madrinhas.
Concordo com você em tudo. A descrição de sua vida e de seu filho é muito linda, transmite uma paz e harmonia invejáveis. Mas não sei onde isso vai dar, quanto seu filho crescer. Claro que ele seguirá vocês, pois é a vida que ele aprendeu. Mas e a "realidade", como se dará essa transição, pra ele? Já pensou nisso? Acho até que isso já lhe foi perguntado "mil " vezes. Gostaria que escrevesse sobre o tema. Abraços.
Oi Lúcia,
Será o tema do meu proximo post de domingo! Um beijo.
Ei, Mamíferas, gostei muito da idéia do blog. Super interessante!Também sou jornalista e tenho o blog www.coisademae.blog.br. Vou começar a acompanhar vocês. Beijos.
Kalu, fiquei me deliciando aqui imaginando as brincadeiras do Miguel... que momento mais lindo.
Confesso que nunca tinha visto tudo isso por essa optica, LÓGICO que me preocupo com os brinquedos da Bruna e o que não acho bom pra ela também faço doações (por exemplo no aniversário ela ganhou uma boneca que parecia uma prostituta, praticamente sem roupa, sombrancelhas finas e arqueadas, piercing no umbigo e um salto gigante), mas o que ela gosta mesmo de brincar é com bonecas estilo bebês e jogos interativos, pra montar, identificar cores, quantidades... sempre procuro brincar e explorar isso com ela.
Mas já me deixa triste ver que boneca "legal" são as que vem com mamadeira e chupeta... a Bruninha nem usa, amamenta suas "filhas" e cuida com o maior carinho!!!!!rs
Beijos!
teste
Acho super importante incentivar a inventividade, a criatividade da criança. É muito importante que ela tenha essa fase lúdica, de descobertas, dar brinquedo pronto não dá. Há tanta coisa que pode virar brinquedo, e tanto brinquedo educativo, q são muito melhores em relação a custo x benefício. Vale a pena incentivar isso na criança, deixar ela explorar a natureza, aprender com os animais, com os ciclos que emanam da mãe-terra...isso sim é brincar!
Bjo!
Passei para conhecer o blog e achei muito interessante este post sobre brinquedos.
E muito obrigada por seguir o blog Flavia, Vivendo em Coma.
Um abraço.
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