por: Tata
Tenho ouvido muito, ultimamente, falar sobre a não-violência e a comunicação não-violenta (CNV). Acho a idéia muito interessante, e um ótimo caminho para relacionar-se de forma mais harmoniosa, não só com os filhos, mas com o restante da família, com os amigos, com as pessoas com que trabalhamos, e com o mundo que nos cerca, criando ambientes mais tranquilos, mais agradáveis e menos estressantes.
Eu não conhecia a "teoria" da CNV. A questão da empatia, de colocar-se no lugar do outro, que parece ser um ponto importantíssimo quando se deseja comunicar-se de forma não-violenta.
Entretanto, tem sido bacana perceber que, apesar de desconhecer a teoria, eu já vinha exercitando isso, instintivamente, como algo natural pra mim, na minha relação com as minhas filhas, desde que elas nasceram.
Sempre busquei comunicar-me com elas da forma mais amorosa e tranquila possível. Dada a minha personalidade, algumas vezes 'zen' até demais, acho que isso não tem sido difícil. Procuro sempre entender o que elas estão sentindo, não julgar, ignorar nem menosprezar seus sentimentos. Procuro respeitá-las, sempre pensando que não faço com elas o que não gostaria que fizessem comigo.
Nunca as considerei propriedade minha, muito menos criaturinhas cheias de artmanhas malignas, que eu precisava "domar" o mais rápido possível, sob pena de ter duas futuras tiranas dividindo o teto comigo. Pelo contrário. Na minha cabeça e no meu coração, elas sempre foram - e são, e serão - duas fantásticas companheirinhas de jornada, duas pessoinhas que vieram ao mundo para aprender comigo tanto quanto eu com elas, dois serezinhos independentes, que têm o direito de ser e sentir o que quer que seja, não importa o que eu esperava que elas fossem ou sentissem.
Assim, aqui em casa, a conversa é sempre o melhor caminho, para tudo. Não há aqui a lei do "eu mando, vocês obedecem, afinal a adulta sou eu!". Explico sempre pra elas os porquês, deixo que argumentem e ouço o que têm pra me dizer, repito milhares de vezes a mesma coisa, se for preciso. Não quero criar pequenos soldadinhos aptos a atenderem prontamente à voz de comando mais próxima, mas seres pensantes, capazes de tomar suas decisões conscientes, de argumentar e defender suas opiniões e desejos, pessoinhas seguras, que pensem por si e não se deixem conduzir, feito gado.
Muitas vezes ouvi de quem não entendia o porquê de minhas intermináveis explicações às meninas: "mas por que você explica tanto, elas não entendem!!!". Até concordo que, quando menorzinhas, elas não entendiam mesmo. Mas explicava não tanto para que elas entendessem o fundamento da minha argumentação, mas para que sentissem que eu as respeitava e estava disposta a me abrir para compreender seus sentimentos, dificuldades e angústias.
Hoje, as meninas com três anos e meio, a coisa parece estar funcionando. Tenho em casa duas exímias argumentadoras, que pedem explicação pra tudo e nunca aceitam um "porque sim" ou "porque não" como resposta.
;;;
Fico feliz de ver minhas meninas crescendo assim. Exercitando a própria liberdade, aprendendo o valor do respeito mútuo. Afinal, no mundo em que vivemos hoje, nada nos faz tanta falta quanto o respeito ao próximo, a empatia, a amorosidade a disposição de tratar o outro como gostaríamos de ser tratados.
Imagem: www.gettyimages.com.br
Um comentário:
Rê, aqui eu faço o mesmo.
Muitas e muitas e muitas vezes sou taxada de "mole", que estou "botando manha" ou deixando que ela me domine, justamente porque SEMPRE converso e explico mil vezes a mesma coisa se for preciso, até que ela entenda.
E quando me acusam disso e já gastei demais minha saliva com quem tem capacidade de entender eu apenas respondo "entre excesso de zelo e carinho ou frieza e violência, a minha opção sempre será a primeira", ai não tem argumento que perdure.
E nós nos entendemos tão bem sabe? Percebo que com o pai por exemplo, ela tem uma relação bem mais fria e mecânica, e comigo é sempre carinho, brincadeira e risada. Sinto que ela confia em mim e sabe que sempre vai encontrar explicação, motivação a pensar por si e RESPEITO acima de tudo, porque a enxergo como um ser humano!
Muito bom o post!
Postar um comentário