por: Kalu
Uma de minhas escolhas mais questionadas é o fato de privar o Miguel da TV. Muito embora quando venha para São Paulo esta realidade se modifique, em casa eu não o deixo assistir. Não é uma proibição, pelo fato de que eu mesma não veja.
Depois de assistir ao trailler do filme - Criança, a alma do negócio - senti mais certeza por esta minha escolha. A televisão implanta nos pequenos desejos que não são seus e a busca por satisfazê-lo torna-se infinita.
Não vejo problemas das crianças assistirem a um ou outro desenho, com a orientação dos pais cientes de seu conteúdo. O que me assuta´são crianças expostas mais de 4 horas a programas de conteúdo impróprio, sendo bombardeada pelo desejo de consumo de uma infinidade de produtos.
Além desse apelo, os personagens preferidos dos pequenos estapam embalagens de biscoitos, macarrão, sabonte, sapato etc. Um dado me chamou a atenção neste documentário: 80% das compras são influenciadas pelas crianças e cada dia mais as propagandas usam apelos infantis para atingirem os pequenos consumidores.
Nestes dias em que estive em São Paulo, passando muito tempo longe do meu filho, várias vezes me vi com vontade de levar "algo" para ele. O sentido do nome presente ou lembrança, uma forma de fazer minha presneça notada atravé de um objeto. Talvez esse consumismo que vivemos seja fruto desta necessidade de fazer-se presente. E o desejo de consumo das crianças seja falta desta presença.
Como a Tata escreveu lindamente, quando defendeu uma vida sem açúcar, dizendo que em nossa sociedade havia esta mediação das relações com o doce, eu digo que é possível relações afetivas com menos consumo.
Criar pessoas com consciência do consumo é fundamental para o futuro da humanidade. A fórmula que eu cheguei aqui em casa é: menos televisão, mais oportunidades de brincadeiras ao ar livre, mais presença. O Miguel ainda é muito pequeno. Vamos ver se isso vai funcionar lá para frente.
E você, como lida com o consumo de seus filhos?
Imagem: http://www.gettyimages.com.br/
3 comentários:
oi Kalu, achei fantástico o documentário também! e chocante, faz parar pra pensar, mesmo.
só numa coisa pensamos diferente. acho que existem várias formas de lidar com essa realidade e ensinar algo diferente às crianças. aqui em casa, as meninas também não vêem TV (embora tenham alguns desenhos em dvd e vejam de vez em quando), mas vamos ao shopping de vez em quando (não por hábito consumista, mas muitas vezes para comer por lá, outras vezes porque precisamos comprar alguma coisa mesmo, e como elas quase sempre estão comigo, vão junto)e supermercado faço SEMPRE com elas, e mesmo assim elas não são aquele tipo de criança que pede tudo o que vê. pelo contrário, raramente pedem alguma coisa, e as pouquíssimas vezes que pedem, explico que não dá pra comprar por esse ou aquele motivo, e elas entendem super numa boa. acho importante elas terem esse contato com a realidade, e aprenderem a lidar com ela de forma diferente, ao invés de simplesmente afastá-las disso. aliás, é a forma como eu mesma lido com isso: estou em contato com esse mundo consumista diariamente, mas tenho meus valores e não me rendo a uma realidade com a qual não concordo.
acho que toda forma de lidar, ensinar e fazer diferente é válida!
bjos!!
Rê, não vejo problemas em levar as crianças em shoppings e supermercados. Ás vezes é preciso, não tem jeito. Talvez suas pequenas não peçam as coisas porque não assistem TV sem monitoramento (com intervalos comerciais falando todo tempo, compre, seja um princesa). Claro que a gente deve sempre explicar. Quando vou na farmácia ou numa loja com o Miguel, deixo ele brincando com algo e depois devolvemos. Algumas vezes ele pede e chora. Mas hoje já sabe que depois de brincar vai devolver.
Kalu, ótimo post, e ótimo tema pro debate. O Rô acaba assistindo um pouco de TV, principalmente nas manhãs em que o pai vai cedo pro trabalho e eu preciso tomar banho etc. Mas eu costumo colocar DVD justamente por causa das propagandas. Mesmo o Discovery Kids, que antes eu deixava ele ver um programa ou outro, não gosto mais porque achei que a quantidade de propagandas aumentou muito nos últimos dois anos. Fico passando raiva de ver propagandas de bonecas com mamadeira e balanço, crianças maquiadas dizendo "eu preciso!" e esse tipo de coisas. E mesmo no supermercado, o Rô já sabe: se tiver personagem na embalagem, não levo. Por princípio mesmo, às vezes levo um genérico para não comprar o de personagem. Não é fácil; como a Kalu mesmo disse, às vezes a gente tem vontade de expressar afeto por esta mediação. Exige atenção e paciência. E observação do nosso próprio comportamento, porque de vez em quando eu bem percebo que meus períodos de angústia geraram compras desnecessárias :-)
Ah!, no site do Instituto Alana tem várias coisas interessantes sobre o assunto!
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