
por: Kathy
Se tem uma palavrinha que eu detesto nessa vida é preconceito. Copiando o dicionário, um conceito ou opinião formada antes de se ter conhecimento adequado, que gera hostilidade, intolerância e outros tipos de manifestação discriminatória. É claro que devo ter vários preconceitos. Estão por aqui, foram resultado da minha experiência de vida, ou enfiados dentro da minha cabeça, pela sociedade, pela família, pelos amigos, pela televisão, de tantas formas diferentes que nem sei bem como identificar isso. Acho que o preconceito nada mais é do que o medo, receio do que é diferente. Dificuldade de lidar com o que é desconhecido, com o que não nos é comum.
As crianças não têm preconceitos, obviamente. As manifestações desse tipo de reação só acontecem quando são estimuladas de alguma forma. Esse "estímulo" pode vir de um amiguinho, de um familiar, de alguém da escola. Nossos filhos, afinal, recebem informações a todo momento, e elas vem de todos os lados. Por isso, acho importante começar a trabalhar esse conceito da diferença sempre que houver oportunidade. Isso porque elas podem não ter intolerância ao diferente, mas é óbvio que elas percebem as diferenças entre as pessoas, e isso causa uma curiosidade natural.
Outro dia mesmo estava voltando com o Samuel da escolinha e passamos por um rapaz que trabalha comigo e que anda com muletas e tem uma estatura mais baixa. O Samuel muito espontaneamente apontou pra ele e disse: "Olha, mamãe! Um homem pequenininho!". As pessoas em volta ficaram constrangidas, mas apesar de uma surpresa inicial, acho que consegui me manter tranquila. Quando nos aproximamos, eu os apresentei, disse o nome do rapaz pra ele, e ele ficou curioso com as muletas. O rapaz disse que elas o ajudavam a andar e ele entendeu perfeitamente.
Foi muito natural e tranquilo, e eu depois expliquei pra ele que haviam pessoas de todos os tamanhos, algumas altas, outras baixas, e encerrou-se o assunto. Hoje em dia ele o chama pelo nome, assim como chama todas as outras pessoas que ele conhece, o que me faz perceber que ele não demonstra ainda nenhuma vontade de se afastar do que é diferente, somente uma curiosidade totalmente natural com algo que ele ainda não tinha conhecido.
Acho muito importante criar nas crianças o hábito de lidar com o diferente de forma tranquila, satisfazendo suas curiosidades sem fazer do assunto um problema. O que teria acontecido se eu me constragesse com a manifestação empolgada do meu filho ao me apontar o "homem pequenininho"? Iria se criar um tabu ali, e talvez aquilo nunca mais fosse tratado com naturalidade. Claro que é sempre muito difícil manter posturas como essa, mas é aquilo que sempre colocamos aqui, é um exercício diário. E afinal, qual o problema? Ele realmente não é um homem pequenininho? Quem realmente se ofendeu com a colocação do Samuel, o rapaz ou as pessoas "normais" que estavam em volta?
Nesse site, do Instituto Meta Social, uma ONG que divulga informações e promove a inclusão de pessoas com deficiência, há um vídeo curtinho e lindo chamado "Ser diferente é normal". Foi essa ong quem produziu também, há alguns anos, um lindo comercial que foi super premiado em que dois meninos, um deles com síndrome de Down, brincavam num Carrossel. O link para o comercial é esse aqui. Vale a pena. Por coincidência os dois links são sobre inclusão de pessoas com síndrome de Down, mas nesse site por exemplo, da ong Vez da Voz, há várias informações sobre inclusão e também várias dicas de livros infantis que abordam o tema.
Acredito verdadeiramente que informação é a principal arma contra essa palavrinha feia que é o preconceito. E como eu adoro o tema, aceito sugestões de livros, vídeos e todo tipo de material que vocês acharem interessante! Deixem por aí nos comentários, por favor!
"Somos todos diferentes e ao mesmo tempo tão iguais
E por nossas diferenças somos tão especiais"
(Voz do Coração - Gabriella Franzolin)
Imagem: www.gettyimages.com.br
4 comentários:
E eles falam, né? Simplesmente falam... A gente estava em um restaurante mineiro e tinha umas bonecas de cabaça, todas negras. Aí a Mel falou:
- Mãe, aquela boneca é toda preta.
E o João achou graça:
- É, mesmo! Toda preta! Por que ela é preta?
Eu, tentando:
- Ué, tem gente de todas as cores, né? Vocês são branquinhos, a mamãe é amarela, o papai é marrom claro, a vovó Marli é preta.
Eles responderam:
- Não é, não. A vovó Marli é marrom escura.
Huahuahauhauahauahua.
Mas eles entenderam, eu acho.
Beijo
Concordo com você. Como pais, temos uma grande responsabilidade em diminuir o preconceito nas gerações futuras.
Kathy, tem o do Rubem Alves, que chama "Como nasceu a alegria", que é bem bacana. Ele escreveu para a filha dele, que tem Síndrome de Down e fala sobre a diferença e a aceitação da diferença. É lindo! Bjs.
Depois de muito custo, finalmente consegui me lembrar: tem um livro ótimo que se chama "Por que Heloísa?". Tem blog também: http://porqueheloisa.blogspot.com/
O livro é lindo, simples e delicado.
Beijo.
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