por Deborah
Acompanhando várias discussões em listas nas quais participo como a Materna_SP, Bestbaby, Apoio ao Pós Parto, em conversas com amigas, matérias em revistas, sempre o tema da volta ao trabalho e de como dar conta da amamentação chama muito a atenção das mães.
E, é claro, já foi discutida aqui no blog também. Mas, hoje eu quero aproveitar para contar um pouco das minhas duas experiências, com a Isadora e agora com o Pietro, que ainda nem aconteceu...
Com a Isa foi bem tumultuada, tirando a amamentação que foi perfeita, apesar dela só vir mamar umas 7 horas depois que nasceu, por conta da cesárea e do sequestro promovido pelo hospital, é claro. Voltei ao trabalho quando ela tinha 29 dias. Acho que o mundo inteiro sabe disto, pois foi tão traumatizante para mim que em toda conversa que tenho com qualquer um, acabo contando minha triste história.
Mas, se a cesárea me pegou de surpresa, o retorno antecipado ao trabalho foi algo que fui elaborando durante a gravidez, mesmo que só tenha resolvido quem iria ficar com ela no final do "segundo tempo", quase na prorrogação. Quem se ofereceu para cuidar da minha pequena, já que nem berçário a aceitaria tão novinha, foi uma tia minha, que já tinha os filhos crescidos e se dedicou integralmente à Isa, tendo sempre o meu leite como parceiro. Quando voltei a trabalhar em período integral, minha mãe entrou no jogo também.
Por que voltei tão cedo? Como na época eu trabalhava como prestadora de serviços, em regime de pessoa jurídica, minhas empregadoras me garantiram apenas um mês de pagamento para que eu ficasse em casa. E os 30 dias ainda viraram 29, pois voltei um dia antes para uma reunião.
E a corrida começou... Tirava leite todos os dias e deixava para ela. Mas, como o tempo foi pouco em casa, não havia estoque e apesar de conseguir tirar bastante a cada ordenha, era sempre para consumo imediato. Quando o estoque de casa acabava, tirava no trabalho e o leite ia direto para casa, por táxi, motoboy, meu pai, meu marido, quem estivesse mais perto. Eu saía da minha sala duas ou três vezes por dia e ia ao banheiro tirar o leite, tudo no maior sigilo...
Não me adaptei muito à bomba, por isto era manual mesmo Quando não tinha jeito, minha mãe levava a Isa lá para mamar. Fomos assim até os 4 meses e meio, quando o pediatra orientou a entrar com papinhas doces e salgadas. Como a amamentação exclusiva era difícil, por conta do tempo, optei em entrar com os sólidos em vez de complementar com outro leite.
Até então, eu também almoçava na casa da minha mãe todos os dias e já chegava tirando a blusa, era muito engraçado, toda uma organização para que eu não perdesse tempo. Enquanto ela mamava, minha mãe colocava meu almoço na mesa Ela saía do peito dormindo, eu almoçava, tirava mais um pouco de leite e voltava pro trabalho. Ufa...
É claro que existem muito mais coisas do que a amamentação e ter me separado da minha filha tão precocemente deixou marcas profundas. Mesmo que no tempo em que eu estava em casa me dedicasse integralmente a ela, que mamava em livre demanda.
Mas, eu jurei que para engravidar novamente tinha que ter uma situação profissional diferente. Não queria carregar o cansaço e as culpas que ficaram desta fase com a Isa. Acho que perdi muita coisa.
Me arrependo? Sim. Da correria? Não. Mas, de não ter jogado tudo para o alto, mesmo que o salário fosse imprescindível naquele momento. Hoje sei que podereia ter me colocado mais mamífera e ter exigido o tempo que eu precisava para ficar com a minha filha. Jurei para mim mesma que nunca mais abdicaria deste tempo. E acabei largando este emprego e outros que não respeitaram o meu lado mãe e mulher.
Passei a ganhar menos, mas sempre tentando achar este equilíbrio. Com o Pietro tem sido diferente. Vou ficar, pelo menos, 5 meses em casa, fazendo algumas coisas a distância. E este tempo tento aproveitar com a Isadora também.
E hoje olho o Pietro, com dois meses, e não consigo entender como eu consegui deixar a Isadora para trabalhar, tão pequeninha... Não consigo imaginar a logística de sair e deixar o Pietro por muito tempo. Ainda não planejei como será o meu retorno ao trabalho. Apesar de ter muito leite, não consigo tirar mais de 40 ml de cada vez, pela correria e porque ele esvazia tudo o que pode. Ainda bem!
Acho que este tempo é imprescindível. Sei que muitas mulheres, como aconteceu comigo, às vezes precisam abrir mão deste tempo. Meu conselho é: não abram! E não falo porque tenho uma situação privilegiada, pelo contrário, eu não poderia deixar de trabalhar naquele momento, mas, se voltasse o tempo, teria tentado fazer as coisas diferentes... Tentem. Passem o tempo maior que puderem com seus filhotes, lambendo a cria mesmo, é uma delícia....
Imagem: www.gettyimages.com.br
Um comentário:
Esse tempo com nossos pequenos não volta nunca mais... O resto sempre
dá pra correr atrás...
Fiz até rima!
Adorei o texto!
Um beijo
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