por: Kathy
Uma das coisas que mais ouvi nesses anos de listas de discussão sobre parto humanizado é que as mulheres tem medo da dor do parto. Não as culpo. Pense nas cenas de parto que a gente assiste por aí, na televisão e no cinema. A bolsa estoura! Correria pro hospital! Cenas estapafúrdias do pai errando o caminho da maternidade. Uma correria danada e quando chega na hora do nascimento, aquela gritaria desesperada, caras de pânico, muita, muita força, mas sempre mostrada de uma forma muito negativa, como um sofrimento mesmo, uma coisa dolorida e ruim.
Infelizmente não tivemos a oportunidade de conviver com o parto, como era há uns 100 atrás, por exemplo, quando as mulheres tinham seus filhos em casa e esse era um evento mais próximo e menos mitificado. A maioria das pessoas nunca assistiu o nascimento de um bebê a não ser dessa forma, romanceada. A realidade é bem diferente, é claro.
Primeiro que, principalmente no primeiro filho, essa correria toda nem é tão necessaria. Existem exceções, mas em geral o parto do primeiro filho é bem demorado. E estamos falando aqui de mais de 30 horas de trabalho de parto sim. Mas calma! Não falei que vocês andavam assustados? As dores começam devagar, como uma cólica leve, e com o tempo vão se intensificando, gradualmente, lentamente, com o corpo se preparando para o processo todo lentamente, se abrindo, se preparando. Não são trinta horas gritando e se descabelando sem parar igual ao parto da novela.
Claro que se, nessa hora, o médico optar por utilizar ocitocina (também chamado inicentemente de "um sorinho" pra ajudar nas contrações), a situação muda um pouco de figura. Imaginem que a ocitocina quando não é bem administrada, vai provocar na mulher que não estava sentindo praticamente nada uma dor de arrasar mesmo. Lembrem-se, o corpo estava preparado para uma aceleração gradual, e a gente então vai lá e provoca uma contração mais forte, pra supostamente acelerar o parto, e então o que acontece? A mulher sofre muito mais! Muitas vezes nem aguenta mesmo, pede logo pela cesárea ou pela anestesia pra acabar logo com aquele sofrimento.
Claro que ninguém precisa sentir dor. As anestesias estão aí pra isso mesmo, mas elas precisam ser administradas de forma correta também, para não prejudicar o andamento do parto. Eu pari com anestesia, mas considero que estava mal amparada e hoje em dia preferiria ter meu filho sem ela. A anestesia me tirou a sensibilidade e com isso eu perdi o controle do meu parto. Tive medo de fzer força, não senti direito o Samuel saindo, e como já contei aqui antes, ganhei de brinde uma episiotomia. Hoje e dia preferia mil vezes o "transe" da dor, a ocitocina natural me levando, mas não condeno quem pense diferente e concordo que, se bem administradas, na dosagem e no momento certo, tanto a ocitocina como a anestesia podem ajudar sim, e muito, a mulher a ter um parto normal.
Também acho que a dor depende muito do psicológico também. Uma mulher sozinha, que não se preparou para o processo do parto, parindo num lugar desconhecido, sem conhecer o médico, sem confiar na equipe e sem a atenção e os cuidados adequados, certamente deve sentir mais dor do que uma mulher que está mais segura, que se preparou e se informou sobre os processos do parto, que está acompanhada de pessoas de confiança, amparada, em um lugar que ela considera confiável e seguro, e tem confiança de que suas necessidades serão atendidas.
Algumas dicas que considero fundamentais: procure conhecer as fases do parto, ler sobre elas e sobre as modificações que o corpo passa em cada uma delas. Leia relatos de parto, procure perceber como cada mulher reage diferente à dor. Florais, homeopatia, massagem com óleos, cantar bem alto, rezar, dançar sozinha, dançar com o marido, rebolar, apertar forte a mão da doula, se concentrar no bebê saindo e na respiração, xingar, falar coisas desconexas, ficar dentro da banheira, embaixo do chuveiro, em cima da bola suíça, andar com o filho mais velho, ficar de cócoras, ficar de quatro, ouvir músicas relaxantes, ouvir músicas agitadas, comer um belo sorvete. Cada pessoa é um universo de possibilidades, pense no que pode funcionar pra você e tenha a mão no momento do parto.
É bobagem dizer que não dói nada. Óbvio que é dolorido, mas é uma dor que tem intensidades diferentes para cada pessoa, e além do mais, é o que sempre a gente ouve dizer por aí, não é como a dor de uma doença, de um acidente, é uma dor que vai acabar assim que o bebê nascer, é uma dor que vai te ajudar a mudar, a perceber e sentir seu lado fêmea, uma dor que vai te ajudar a virar leoa, que vai te vincular muito mais com seu pequeno, já que você e ele vivenciaram todo esse processo juntos e é claro, é a dor que certamente nos traz a maior das recompensas que se poderia pensar, nosso filho nos braços!
Uma das coisas que mais ouvi nesses anos de listas de discussão sobre parto humanizado é que as mulheres tem medo da dor do parto. Não as culpo. Pense nas cenas de parto que a gente assiste por aí, na televisão e no cinema. A bolsa estoura! Correria pro hospital! Cenas estapafúrdias do pai errando o caminho da maternidade. Uma correria danada e quando chega na hora do nascimento, aquela gritaria desesperada, caras de pânico, muita, muita força, mas sempre mostrada de uma forma muito negativa, como um sofrimento mesmo, uma coisa dolorida e ruim.
Infelizmente não tivemos a oportunidade de conviver com o parto, como era há uns 100 atrás, por exemplo, quando as mulheres tinham seus filhos em casa e esse era um evento mais próximo e menos mitificado. A maioria das pessoas nunca assistiu o nascimento de um bebê a não ser dessa forma, romanceada. A realidade é bem diferente, é claro.
Primeiro que, principalmente no primeiro filho, essa correria toda nem é tão necessaria. Existem exceções, mas em geral o parto do primeiro filho é bem demorado. E estamos falando aqui de mais de 30 horas de trabalho de parto sim. Mas calma! Não falei que vocês andavam assustados? As dores começam devagar, como uma cólica leve, e com o tempo vão se intensificando, gradualmente, lentamente, com o corpo se preparando para o processo todo lentamente, se abrindo, se preparando. Não são trinta horas gritando e se descabelando sem parar igual ao parto da novela.
Claro que se, nessa hora, o médico optar por utilizar ocitocina (também chamado inicentemente de "um sorinho" pra ajudar nas contrações), a situação muda um pouco de figura. Imaginem que a ocitocina quando não é bem administrada, vai provocar na mulher que não estava sentindo praticamente nada uma dor de arrasar mesmo. Lembrem-se, o corpo estava preparado para uma aceleração gradual, e a gente então vai lá e provoca uma contração mais forte, pra supostamente acelerar o parto, e então o que acontece? A mulher sofre muito mais! Muitas vezes nem aguenta mesmo, pede logo pela cesárea ou pela anestesia pra acabar logo com aquele sofrimento.
Claro que ninguém precisa sentir dor. As anestesias estão aí pra isso mesmo, mas elas precisam ser administradas de forma correta também, para não prejudicar o andamento do parto. Eu pari com anestesia, mas considero que estava mal amparada e hoje em dia preferiria ter meu filho sem ela. A anestesia me tirou a sensibilidade e com isso eu perdi o controle do meu parto. Tive medo de fzer força, não senti direito o Samuel saindo, e como já contei aqui antes, ganhei de brinde uma episiotomia. Hoje e dia preferia mil vezes o "transe" da dor, a ocitocina natural me levando, mas não condeno quem pense diferente e concordo que, se bem administradas, na dosagem e no momento certo, tanto a ocitocina como a anestesia podem ajudar sim, e muito, a mulher a ter um parto normal.
Também acho que a dor depende muito do psicológico também. Uma mulher sozinha, que não se preparou para o processo do parto, parindo num lugar desconhecido, sem conhecer o médico, sem confiar na equipe e sem a atenção e os cuidados adequados, certamente deve sentir mais dor do que uma mulher que está mais segura, que se preparou e se informou sobre os processos do parto, que está acompanhada de pessoas de confiança, amparada, em um lugar que ela considera confiável e seguro, e tem confiança de que suas necessidades serão atendidas.
Algumas dicas que considero fundamentais: procure conhecer as fases do parto, ler sobre elas e sobre as modificações que o corpo passa em cada uma delas. Leia relatos de parto, procure perceber como cada mulher reage diferente à dor. Florais, homeopatia, massagem com óleos, cantar bem alto, rezar, dançar sozinha, dançar com o marido, rebolar, apertar forte a mão da doula, se concentrar no bebê saindo e na respiração, xingar, falar coisas desconexas, ficar dentro da banheira, embaixo do chuveiro, em cima da bola suíça, andar com o filho mais velho, ficar de cócoras, ficar de quatro, ouvir músicas relaxantes, ouvir músicas agitadas, comer um belo sorvete. Cada pessoa é um universo de possibilidades, pense no que pode funcionar pra você e tenha a mão no momento do parto.
É bobagem dizer que não dói nada. Óbvio que é dolorido, mas é uma dor que tem intensidades diferentes para cada pessoa, e além do mais, é o que sempre a gente ouve dizer por aí, não é como a dor de uma doença, de um acidente, é uma dor que vai acabar assim que o bebê nascer, é uma dor que vai te ajudar a mudar, a perceber e sentir seu lado fêmea, uma dor que vai te ajudar a virar leoa, que vai te vincular muito mais com seu pequeno, já que você e ele vivenciaram todo esse processo juntos e é claro, é a dor que certamente nos traz a maior das recompensas que se poderia pensar, nosso filho nos braços!
Imagem: http://www.gettyimages.com.br/
10 comentários:
Eu acho que este lance de dor é muito relativo. Vivemos na sociedade das anestesias. As pessoas buscam formas para não lidarem com as suas dores inevitáveis e se valem de mil recursos. Mulheres fazem cesarea com medo da dor. Uma dor suportável e orgânica, como uma onda que vem e vai. Não pensam na dor de um filho eternamente doente por pulmões mal formados. A dor do parto é a dor que vale a pena. Ela passa e não fica nem sombra quando vemos aquele rostinho pequeno.
Ai, Kalu, tenha paciência! Dizer que filho que nasce de cesárea tem problema pulmonar, é demais!!! Eu tive 3 filhos, de cesáreas, por um problema físico meu, na bacia. Não "os tirei" da barriga, não os "arranquei" antes da hora e só isso determina uma imaturidade pulmonar. Em todos os meus PARTOS, porque cesárea é PARTO, eles vieram com absoluta saúde e com os pulmões plenos! Por amor de Deus, não seja tão radical!
Lúcia, crianças que nascem de cesárea podem sim ter problemas pulmonares. Não foi o caso de seus filhos, ainda bem, mas é um risco que se corre com a cesárea e que é diminuído pelo parto normal. Acho que não dissemos aqui em nenhum lugar que cesárea não é parto. Aqui nós realmente somos o que o resto do mundo chama de "radicais", mas isso não implica inventar nada, somente remar um pouco contra a maré... Obrigada pela visita e um grande beijo!
Justamente porque são muito lidas é que têm que ter cuidado com o que escrevem. Certamente que são muito entendidas, levam a sério suas convicções, estão certíssimas em realçar o valor do parto normal. Já escrevi aqui, para a Tata, fui muito bem respondida, como o fui agora, por você. Continuo dizendo que o que é ruim numa cesárea é que ela seja programada. Minha primeira filha nasceu, como já contei aqui, com um leve afundamento, um machucadinho na fronte, porque já forçava pra sair e minha médica viu que ela tinha algo obstruindo sua passagem. Se fosse forçar, poderia ter lacerado a cabecinha dela! Eu já tinha tomado a anestesia geral, tinha TODOS os centímetros de dilatação e só vim a saber da cesárea quando acordei. Nos outros partos, devido aos mais de 3,50 kg de cada filho (se fossem menores, ela faria por vias normais), foi aconselhada a cesárea, mas com todo o tempo regulamentar, tanto que em todos tive um ou outro sinal de que já era hora. Não defendo, de maneira nenhuma, uma OPÇÃO por cesárea. Ela deve ocorrer numa contingência. Mas vocês levam as coisas como se uma mulher que não teve parto normal, natural, fosse "diferente".
Kalu, Kathy, Tata, Thais, vcs todas são ótimas em tudo o que escrevem, defendem e acreditam, estou com vcs! Tomei a liberdade de fazer um Ctrl C Ctrl V no texto carta aos pais, para um blog (Nave Mãe) que leio sempre, e qual não foi minha surpresa quando li os comentários onde as mulheres acham utópico e "romântico" o parto humanizado... Não!o certo é ir p/ hospital... nossa espécie decepciona... como diria meu obstetra: a sociedade acha que a gravidez é uma grande doença e que a sua cura está no parto cirurgico (ele é uma figura!)mas é a triste realidade. Golpe baixo: se eles veem q vc não tem medo de sentir dor, fazem terrorismo dizendo que o seu filho vai entrar em sofrimento... eu fico prá morrer!!! Obrigada por fazerem este blog, que bom que vcs existem, assim posso ler coisas coerentes nesse mundinho de alienados!
Oi Thaís, fui dar uma visitada no blog que você indicou e já convidei as meninas pra passarem por aqui e conhecerem um pouco mais nossas idéias... Aproveitei pra pedir o crédito pelo texto, que, afinal, é da Kalu, né? :o)))
Obrigada pela sua visita, grande beijo!
Lúcia, que bom que gosta do nosso espaço e que nos escreve, sempre é muito bom debater com quem pensa diferente, a gente analisa outros pontos de vista, entra em contato com outras opiniões, acho sempre enriquecedor... Mas assim, mesmo com bebês grandes e cesárea prévia, não há indicação fechada para cesárea. Claro que cada caso é um caso e precisa ser analisado individualmente, mas o melhor é sempre o parto normal. A cesárea eletiva sem que o bebê demonstre que está pronto, ou seja, sem que a mulher entre em trabalho de parto, é realmente a pior opção e a que mais traz consequências negativas, tanto para mães como para bebês... Nao achamos que quem faz cesárea é diferente, na verdade se formos pensar em porcentagens, nós que tivemos partos normais somos hj em dia, infelizmente, a minoria. A grande questão é que mesmo tendo passado por uma cesárea, vc reconhece os benefícios do parto normal. Acho isso muito importante, ter a mente aberta para aprender sempre e para receber novas informações. Sem radicalismos! Grande beijo!
Excelente post!
Eu também tive meus dois filhos de parto natural, sem anestesia e soube lidar com a dor, que nem é insuportável. Eu sempre digo às minhas amigas que minhas cólicas menstruais eram muitíssimo mais doloridas que a dor do parto.
É bem como você disse: colocam ocitocina na mulher, a dor fica insuportável e aí ela implora por uma anestesia e acaba em uma cesárea para acabar logo com o sofrimento. Não dá para culpá-las por isso, é perfeitamente compreensível.
Por outro lado, eu sou contra a banalização da cesárea, da cesárea com hora marcada por pura comodidade e conveniência da mãe e/ou médico.
A propósito, posso "colar" esse post no meu blog com os devidos créditos? Vc me dá permissão? :-)
Beijos
Oi Lúcia,
Você tem razão, meu post deu margem para um aparente radicalismo. Não questiono quem passou por uma cesárea. Tudo na vida é uma escolha. Mas nesta semana ouvi tanta asneira e tantas mulheres dizerem que fizeram cesárea por medo de sentir dor. No seu caso há uma justificativa, que não foi edo da dor. Mas tem médico que tem feito cesárea com 37 semanas para não correr o risco da mulher entrar em TP. Dá para acreditar? É disso que estou falando. Eu ouvi uma mulhe me dizer isso. Sei que o filho dela tem problemas pulmonares. Certamente há uma relação, né? Desculpe pelo mal entendido. Sou bem menos radical do que pude parecer... rs
Vocês, Mamíferas são especiais. Recomendo a leitura do blog a quem conheço, desde que "descobri" vocês. São lindas e carinhosas. Obrigada por entenderem meu desabafo. Vou continuar lendo vocês, aplaudindo o que escrevem, porque tem fundamento e é muito importante a conscientização para o parto normal. Pena que os próprios médicos não esclareçam devidamente às parturientes. Toda mulher tem medo do parto, não pelo ato em si, mas pelo desconhecido, tanto pode se encaminhar sem problemas quanto pode surgir algum. Vocês são de fibra. Obrigada.
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