
por: Deborah
Ser mãe sempre foi meu grande sonho... Desde sempre. Mas, ao mesmo tempo, tinha pavor de engravidar antes da hora, da minha hora, é claro...
Um período menstrual doloridíssimo, cistos no ovário desde os 14 anos me davam uma certeza, sem fundamento científico algum, de que eu não poderia ser mãe pelas vias naturais. Eu tinha absoluta certeza que meu caminho seria uma inseminação artificial e até achava legal, pela possibilidade de vir logo mais de um rebento de uma só vez.
Aos 28 anos, 1 antes de engravidar da Isadora, fiz uma videolaparoscopia que detectou e eliminou um cisto grandinho na trompa esquerda. Os médicos diziam que aquela “mexida”poderia dificultar que eu engravidasse.
Enfim, 1 ano depois, descobri que não tenho nenhuma dificuldade para engravidar, o que se confirmou mais ainda 5 anos e meio depois, na minha segunda gravidez. Em nenhum das duas eu fiquei tentando, apenas parei com a prevenção. Da Isa, bastaram 3 meses, do Pietro, apenas 1...
Acho que esta foi a primeira quebra de meus paradigmas imaginários, engravidar não é uma dificuldade para mim!
Na primeira gravidez, não tive contato com nenhuma orientação e ninguém coerente com as atitudes mamíferas que estavam latentes em mim.. Acompanhava mês a mês o que acontecia comigo, internamente pelos meus sentimentos e sensações e externamente, por ultrassons e por sites, destes normais mesmo...
E eu achava que sabia tudo, principalmente de parto normal, que eu tinha a certeza que eu teria. Um parênteses: o trabalho que eu tinha na época também não possibilitava que eu fosse muito a fundo nas questões mamíferas. Era algo meio escravo e sem sentido. E sem respeito e espaço para estas questões.
O parto normal era para mim, assim, normal... Apesar de ter nascido de cesárea, de ter visto minhas irmãs nascerem de cesárea e de não ter, na verdade (nunca tinha pensado nisto), acompanhado, nem de longe, um parto natural. Mas, achava que o meu seria e pronto.
Enfim, não corri atrás do que devia, ganhei uma cesárea completamente desumanizada quando eu estava com 7cm de dilação e com contrações a todo o vapor.
Ali foi o divisor de águas da minha vida mamífera. Sabia que a partir daí nada mais seria como antes. Amamentei a Isadora exclusivamente até os 4 meses, parece pouco? Só que eu voltei a trabalhar quando ela tinha 29 dias. Tirava o meu leite e me sentia vitoriosa. Já era uma atitude mamífera. Ela mamou até 1 ano e 2 meses e deixou de mamar por insistência de um pediatra nada mamífero...
E então, fui descobrindo que nada mais era importante para mim do que ser mãe e mulher, e aos poucos, fui reconstruindo meus caminhos. Abandonando o que não me fazia bem e o que não me deixava ser quem eu queria ser do jeito que eu acreditava que deveria ser.
Como jornalista, comecei a plantar sementinhas, propondo para revistas voltadas às gestantes matérias que explicassem que existe uma vida além dos grandes hospitais e das cesáreas eletivas. Consegui emplacar matérias sobre Doulas, Casas de Parto, VBAC, partos sem anestesia entre outras.
E um novo mundo se abriu para mim. O das mães que querem a diferença para seus filhos e que acham que tudo começa pelo tipo de relacionamento que criam com eles. Conheci mulheres maravilhosas que enxergam o mundo com outros olhos, peitos e tudo o mais... Me senti em casa!
Na gravidez do Pietro tentei fazer tudo diferente: yoga, livros, planos... Lógico que muitos deles foram por água abaixo, pois a vida não está completamente nas nossas mãos. Mas, sei que meu caminho foi traçado de maneira diferente.
Planejei um parto domiciliar e lutei muito por isto. Mas, o Pietro não nasceu em casa, por motivos que aos poucos irei descobrindo, lutei contra sentimentos enraizados em mim, mas acabei optando em ir para um hospital, tive auxílio de intervenções que até então eu não queria, mas consegui o meu sonhado parto normal após uma cesárea, a partir de minhas escolhas. Sei que fui além dos meus limites e hoje me sinto mais empoderada do que nunca. Hoje sei também que tudo em nossas vida vai sendo construído e que tudo é resultado do que vivemos, dia-a-dia.
Todo este caminho, resumido neste texto, me trouxe até aqui. E como jornalista, mãe, mamífera, fui convidada para colaborar com este blog e contribuir com um pouco do que vivencio, escuto, observo. Para mim, é mais uma vitória dentro do que planejei como a vida ideal para mim.
Sou mamífera porque sou mãe. Sou mamífera porque decido o que é melhor para os meus filhos, mesmo indo contra a corrente. Sou mamífera porque faço escolhas. E sou feliz com cada uma delas, mesmo quando não dão tão certo assim...
Imagem: http://www.gettyimages.com.br/
4 comentários:
Seja muitíssimo bem vinda ao time, Deborah!!!!
Bem-vinda a este universo mágico e paralelo a uma realidade que encontramos no mundo.
Nossa Deborah, quando vc conta que, mesmio sem se preprar adequadamentes, s mesmo sem tempo pras questões "mamíferas" achava que seu parto seri anormal, tive a sensação de que suas palavras pestavam saindo do meu teclado! Porque eu tb acreditava, aliás eu nem cogitava a possibilidade de uma cesárea, embora na ápoca não tivesse inforn=mação nem questionasse a cultura de proceimentos intervencionistas no parto. E comigo (como com muitas outras mulheres tb) a mexperiência de parto frustrante despertou uma mamífera sedenta por informações e questionadora.
O interessante é ouvir a experiência de quem já passou pela experiência do segundo parto. Eu estou, espero, caminhando pra isso em breve, e tenho mil planos, mil sonhos e tal...por isso foi muito bacana ler um post a esse respeito tão pé no chão!
É vivendo que aprendemos e descobrimos (e desafiamos) nossos limites, e com certeza seu segundo parto foi uma grande vitória! Parabens!
E obrigada por compartilhar essa experiência.
beijo
Renata
Que lindo.
Seja bem vinda!
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