por: Tata
Engraçado como as pessoas costumam achar que criança pequena é domínio público. Incrível como todo mundo, conhecidos e desconhecidos, se acha no direito de palpitar sobre como você deve criar seu filho, que atitudes deve ter, que valores deve ensinar e milhares de outras coisinhas que deveriam caber aos pais decidir, e a mais ninguém.
Eu, com as meninas, sempre fui avessa a palpites. Detesto que venham me dizer o que eu devo ou não fazer com as minhas filhas. As filhas são minhas, e eu quero agir com elas da maneira que é mais certa pra mim. Se eu sou perfeita? Se eu sei tudo? Não, é claro que não. Eu erro, com certeza, já errei e vou errar muito ainda. Mas quero ter o direito de cometer os meus próprios erros, seguir pelo meu próprio caminho.
Isso não tem nada a ver com arrogância, nem significa que eu me ache melhor que ninguém. Significa apenas que em criação de filhos não existem receitas, táticas infalíveis nem respostas absolutas. Cada criança é uma criança, um serzinho único, especial e incomparável. E, diante de uma mesma situação, cada uma vai reagir de um jeitinho particular. Quando se trata de seres humanos, não existem padrões, cada um é um universo. Então, como padronizar e querer determinar regras de conduta para todos, como se desse pra criar filho de baciada?
Eu, como mãe, acredito acima de tudo na força dessa coisinha curiosa chamada "instinto materno". Eu acho que a gente que é mãe sempre acaba descobrindo o melhor caminho, por instinto mesmo, algo que passa longe do racional. Não é o melhor caminho para todos, não é uma regra para ser aplicada indiscriminadamente. É apenas o melhor caminho para aquela mãe, para aquele pai, para aquela criança, naquele momento. E o melhor caminho para um pode não ser o melhor caminho para o outro. Por isso é que os palpites ajudam pouco ou nada quando se trata de maternidade.
Conversar, trocar idéias com gente que tem pensamentos e valores afinados com os nossos, com quem a gente gosta e respeita, cuja opinião faz a diferença, é uma coisa. Isso é valioso, é positivo, porque a gente pode sempre aprender com a experiência do outro. Mas nesse caso, é ouvir, argumentar, investigar, compartilhar, e depois ver o que de tudo isso nos serve. Nada a ver com essa mania de achar que criar filho é receita de bolo.
Eu até que tenho sorte. Não sei se é porque costumo defender com veemência minha "autonomia materna", mas pouca gente se arrisca a palpitar do meu lado. Só acontece mesmo com desconhecidos, em geral velhinhos em filas de supermercado, aparentemente, o oásis dos palpiteiros de plantão.
E tenho outra sorte grande também, a de ter grandes amigas-mães-mamíferas, pessoas bacanas e especiais com quem posso desabafar sobre as dificuldades, dividir as conquistas, compartilhar as alegrias. Com essas, tenho a certeza de encontrar do outro lado não uma cartilha em forma de gente, pronta para cuspir regras ao menor descuido, mas um coração aberto, uma mão estendida. E isso, nunca é demais.
Imagem: http://www.gettyimages.com.br/
Um comentário:
esse desabafo sobre os palpites é uam desabafo coletivo.
TODO MUNDO reclama da mesma coisa. E eu que achava que estaria livre disso depois que Samuca nascesse, pois os palpiteiros já me irritavam demais na época da gravidez.
Infelizmente acho que não em jeito.
MAs adoro saber que não estou sozinha.
=]
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