por: Tata
Eu sou radical, sim, com muito orgulho. Não sei porque as pessoas têm tanto medo dessa palavra.
Tenho ouvido com muita freqüência (muito mais do que eu acharia aceitável) discursos do tipo: "prefiro parto normal, mas não sou radical!", "sou a favor da amamentação, mas não sou radical!", "trato com homeopatia, mas não sou radical!". Não consigo deixar de achar estranho.
Se formos à origem etmológica do termo, veremos que radical é apenas e somente aquele que vai na essência, na raiz de alguma coisa, recusando-se a permanecer na superfície. Pensando assim, tenho o maior orgulho de bater no peito e dizer que sou radical em muitas coisas na minha vida. Aliás, em todas que são importantes. Simplesmente porque não me permito fazer as coisas pela metade, de qualquer jeito.
Eu acho que ser radical, no sentido de ir à raiz das coisas, é fundamental para que a gente corra atrás do que tem importância, dê valor ao que acredita. É preciso que se tenha crenças na vida, é preciso agarrar-se com paixão às idéias, e lutar por elas, ao invés de encarar tudo com esse ar blasé, como quem olha cada experiência pensando: "se der, deu, se não deu, tudo bem". Não, eu não sei viver assim. Principalmente, não sei ser mãe assim.
Por exemplo, eu, se não fosse radicalmente a favor do parto normal, não teria ido atrás de um obstetra que se dispusesse a um PN gemelar (e em casa!), não teria buscado informações e descoberto que isso era possível, teria baixado a cabeça passivamente ao primeiro fulaninho que me dissesse que gestação gemelar é indicação absoluta de cesárea.
Da mesma forma, se eu não fosse uma radical no quesito amamentação, não teria insistido tanto para amamentar gêmeas sem complemento artificial, não teria lutado para superar as dificuldades, não teria desafiado a sentença impiedosa do primeiro pediatra, implacável ao determinar que eu jamais teria leite para as duas e que elas passariam fome. Se não fosse o meu radicalismo, eu teria enfiado uma bela mamadeira de leite de vaca pela goela das minhas pimentas antes que elas completassem um mês de vida.
Ainda pensando assim, tantas outras coisas tão importantes e que fizeram toda a diferença na minha caminhada como mãe teriam sido abandonadas pelo meio do caminho, não fosse o meu abençoado radicalismo: a presença em casa ao invés das horas de trabalho longe delas, os cuidados naturais nos episódios de doencinha ao invés das alopatias, antibióticos e intervenções em geral, a cama compartilhada e todo colo do mundo ao invés da eterna luta pela independência precoce.
Hoje, ao olhar para trás, eu tenho mesmo é que agradecer por ter descoberto a tempo esse radicalismo que só me fez crescer, aprender e melhorar. E pela convivência com tantas amigas, elas também radicais, com quem posso trocar e caminhar junto.
Ser radical, pra mim, é muito mais do que um rótulo maldoso, ou uma acusação da qual tenho que me defender. Ser radical é meu estilo de vida.
Imagem: http://www.gettyimages.com.br/
5 comentários:
Rê,
Presente!
(Com a mão direita estendida lá no alto)
bjs
Olha o que eu tenho visto muito ultimamente das pessoas negando o rótulo de radicais, é porque tem muito radical chato por aí! Basta você falar qualquer coisinha contrária pra já ouvir uma jogação de coisas, uma imposição, tem radical que acha que a única verdade é a deles, que eles são absolutos e os melhores (conheço muitas assim) que só o parto natural domiciliar é o certo, que se você não conseguiu amamentar é porque é fraca, e que não aceitam quando você diz algo contrário, então acho que tem o radical, e o radical... tem gente que pensa e age radicalmente e tem gente que tenta impor o radicalismo pros outros e isso é muito chato.
Acho que cada um faz suas escolhas, e sendo ou não bom, radical ou não, o importante é que tudo dê certo e sejamos felizes dentro de suas vidas.
O radicalismo tem que estar dentro de cada um, e todo mundo tem que ter limite... e ao invés de IMPOR seus conceitos, só expor, se lhe for perguntado ou num espaço como esses, onde quem entra, vem porque quer e não porque lhe é imposto.
É chato demais quando uma pessoa radical desmerece o seu esforço e maternidade porque seu parto não foi em casa ou porque a amamentação não durou 2 anos....e infelizmente essas pessoas usam o rótulo de radical.
beijos
yessssssss!
ai Re, queria te dar um beijo pelo post!
esse negocio de ficar em cima do muro e pular pro lado mais conveniente no momento me mata!!!
o meu marido acha que é exagero, mas enfim, cada um é cada um!
Viva o radicalismo!
Sem imposições, claro!
bj
oi Cacau, acho que você tem toda razão, é mesmo muito chato quando alguém tenta impor pra gente algo que não tem a ver com nossas crenças e valores. afinal, isso é tão pessoal, né? o importante é isso q a Rosana falou aí em cima, não ter medo de assumir as próprias posições com paixão, não levar tudo em banho maria, sem nunca tomar partido, 'em cima do muro'.
mas sempre sabendo que o que é melhor pra mim pode não ser para o outro, e viva a liberdade!!!
bjinhos e obrigada pelos comentários, meninas!
Oi, meu primeiro filho infelizmente foi cesárea. Meu médico insistiu que tínhamos que induzir. Me opus, disse que pelo que eu vejo a maioria das induçòes acabam em cesárea, mas como não tinha conhecimento suficiente para debater com ele acabei cedendo. Dito e feito, acabamos na cesárea. Que ódio, depois do parto, com mais tempo, fui investigar mais a fundo e descobri que estava certa.
Infelizmente agora já foi e não posso voltar atrás. Mas estamos planejando nosso segundo filho e é óbvio que quero procurar outro médico, desta vez que seja completamente a favor de PN anão ser quando a vida do BB estiver em risco. Mas tenho tido dificuldades de encontrar um profissional assim. Você poderia me indicar seu médico?
Desde já agradeço e admiro seu radicalismo... quem dera eu tivesse sido assim.
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