Uma amiga minha, professora de crianças de 5 a 7 anos de escolas particulares de Belo Horizonte, fez uma pesquisa entre seus alunos para que falassem sobre o nascimento. Ela ficou impressionada com os relatos. Um deles me chamou a atenção:
Professora: Conte como você nasceu, Mariazinha?
Mariazinha: Minha mãe fez escova no cabelo, se depilou, fez as unhas, arrumou a sacola e saiu de casa. Depois voltou comigo no colo.
Acho que é mais ou menos assim que acontece com algumas mulheres. Minha mãe sempre conta que quando nasci, ela tinha 18 anos. A bolsa estourou e ela chamou meu pai. Foram para o hospital. O médico disse que ela era muito nova para ter dilatação. Fez uma cesárea e eu nasci com problemas gástricos e descalcificação nos ossos da bacia. Minha mãe não se lembra do que aconteceu no hospital, passados 29 anos. Nem o nome da enfermeira, nem os sentimentos. Quase nada! Ela me viu de longe e nem pode me tocar. Fui levada para ser examinada.
Miguel poderá contar uma história bem diferente. Afinal ,ele nasceu em casa e, por pouco, quase em um parto sem assitência. Espero que ele se divirta com estas histórias de seu nascimento. Fantasio como ele irá contar.
- Minha mãe escolheu ter filho em casa porque ela não gosta de remédio e queria que eu ficasse pertinho dela. Ela não percebeu que eu estava nascendo. Minha mãe é meio doidinha e não sentiu dor. Era uma terça-feira de carnaval. Ela achou que estava com vontade de fazer coco. Quando passou a mão sentiu minha cabeça. A enfermeira chegou a tempo de ver minha mãe parir. Meu pai cortou o cordão enquanto eu mamava. A minha casa (placenta) foi plantada e minha árvore da vida cresce sobre ela. Eu mamei por muito tempo!
É mais ou menos isso que fantasio que ele vá contar. E sobre o banho?
- Tomava banho em um balde laranja. O bebê gosta porque parece lá dentro da barriga.
E sobre como era carregado?
- Quando era piquitico minha mãe tinha uma rede portátil (sling). Eu ficava amarradinho bem perto dela.
É engraçado quando conto estas histórias em alguns lugares. O povo parece que ensaia na sequência de perguntas;
Povo: Ele nasceu de parto normal ou cesárea?
Eu: Em casa.
Povo: Em casa? Foi normal?
Eu: Sempre tenho vontade de dizer: não, me cortaram com uma faca de cozinha. Mas respondo - Sim, natural.
Povo: Sem anestesia?
Eu: É.
Povo: Não deu tempo de ir para o hospital?
Eu: Eu me programei para ter em casa.
Povo: Sem anestesia?
Eu: Sim, e nem senti dor. Na verdade no final foi uma sensação de prazer...
Povo: É? Vc não é deste mundo.
Aí o Miguel chega e pede peito.
Povo: Vc ainda amamenta?
Eu: Sim, graças a Deus.
Povo: Nossa, vc realmente não é deste mundo.
Daí corro para ver se minha anteninhas não estão escapando pelo cabelo....
;;;
E seus filhos, o que pensam sobre o parto, amamentação?
;;;
;;;
Imagem: www.gettyimages.com.br
8 comentários:
Eu mamei até os 4 anos e até hoje me orgulhode dizer isso. Espero quemeu Samuca, que aindanão tem nem dois meses sinta o mesmo.
;)
Kalu,
Como eu me identifiquei com vc! Eu também tive minha filha de parto domiciliar e tanto ela, como meu filho, mamaram por mais de um ano e meio cada um.
Eu normalmente sou classificada de "corajosa" e/ou "louca", ao relatar o nascimento de minha filha.
Hoje eu vinha para o trabalho, lembrando de quando meu ex-marido foi registrar nossa filha no cartório e requisitaram minha presença lá. A moça do cartório me perguntou:
- Não deu tempo?
- Eu escolhi ter minha filha em casa, por isso não fui para o hospital.
Dá vontade de responder:
- Tempo de quê? Ela nasceu no tempo certo, de 39 semanas.
Passa lá no meu blog para me conhecer. ;-)
Beijos
Acho que corajosa tem sido o jeito educado que o povo encontrou para me chamar de louca. Será que este outro mundo é o "Mundo dos Loucos" para o povo? hahaha
Espero que meu filho conte orgulhoso e feliz sobre o nascimento dele!
Essa da faca de cozinha é a melhor.... Em dias mal humorados vc não rsponde tudo ao contrário não?
Eu responderia.... É, eu pinto o cabelo dele, foi cesarea com faca de pão sim, ele mama leite da teta da vaca, quando ele não tá amarrado no sling no colo fica amarrado no pé da cama..... Coisas assim, só for fun.... Já que é pra chocar gente chata, prefiro chocar DE VEZ, ahahhaahhahahah
Meninas,
Tem um presente para vocês lá no Vai, Carla! Ser Gauche na Vida!
Vão lá conferir! ;-)
Beijos
Kalu, adorei o texto!
Minha filha mais velha hoje me pergunta porque não nasceu em casa e fica triste!
Não que eu faça destinação entre eles, mas ela me diz que não queria ter ido nascer no hospital, enfim...
Ela me diz que vai ser parteira e ajudar os nenes nascerem em casa e que vai dar peito pros seus bebes e que quer que eu ajude ela a ter seus filhos em casa tbem!
Acho lindo!
Tomara que seja assim!
bjo
Kalu, que delícia de texto... O Rô adora ouvir e contar que ele estava na barriga, aí ficou pequeno e ele resolveu sair para poder continuar crescendo, aí ele saiu e veio mamar e depois o papai deu banho (tive um PN hospitalar). Ele conta e reconta essa história. E carrega o Amigão dele (um boneco de pano) dentro do sampinha, como ele mesmo foi carregado (hoje em dia tá difícil, mas ainda assim ele anda de mei-tai). É tão bom quando a gente tem carinho pela nossa história e pela história deles e pode contar e recontar com prazer...Não tem terror, nem medo: é vida. Beijos.
hahaha, adorei.
bom, a melissa conta assim: eu nasci pela barriga. o joão, pela periquita. o zé, pela bunda.
hauahuahauahauahauhauahau
beijo,
Postar um comentário