O mundo nos ensina a olhar para coisas em busca da doença do erro: o médico olha um órgão não sadio; um psicólogo procura as doenças psíquicas. Parece que sempre buscamos melhorar porque há sempre algo de errado para ser concertado.
Da mesma forma olhamos nossos filhos com olhos de quem busca o defeito, algumas vezes usando de comparativos com outras crianças. Meu filho não come! Meu filho faz birra! Não dorme! É agitado demais! Quantas vezes não pensei assim.
Mas podemos olhar para eles buscando suas potencialidades e formas de deixar aflorar as melhores virtudes. Acredito que o estudo do desenvolvimento das crianças, principalmente impulsionado pela neurociência, criou uma necessidade de intervenções e estímulos.
Há técnicas do despertar para as artes, treinamento do sono, treinamento comportamental. Todas estas necessidades intervencionistas criam uma relação de obrigatoriedade perigosa e pouco benéfica e desprazerosa.
Adoro a antroposofia porque ela é um convite para que olhemos nossos filhos como grandes almas em corpos pequenos. Um estímulo para ver virtudes onde outros veriam problemas. Quando disse ao pediatra do Miguel que meu filho não gostava de dormir, ele me disse: que bom! Isso significa que ele é um menino trabalhador. Outra vez falei sobre as mordidas e birras e ele disse: que maravilha! Ele está aprendendo a transformar o espaço e impor suas vontades. Cabe você ver estas virtudes e através de sua intuição ajudá-lo a se desenvolver.
Quando a gente deixa de ver os defeitos, tudo fica mais fácil para modificar a manifestação da necessidade. Quando a criança não come, ela se sente alimentada, seja de amor ou outra coisa que a satisfaz. Uma criança que come muito pode estar descontando carências no alimento. Esse e um exercício de perceber algo mais profundo das questões humanas. As cólicas são o amadurecimento do sistema digestório; as birras são formas de manifestação de uma personalidade forte que já expressa desejo e descontentamentos; uma criança levada é um ser saudável experimentando seu corpo no mundo; a febre é a resposta de um corpo saudável combatendo um corpo estranho.
O que a criança manifesta é apenas a ponta do iceberg que expressam desejos profundos exibidos de maneiras que consideramos inadequadas. Nosso papel é de ensinar a manifestação correta, principalmente através de nossos exemplos. Se em um momento de dificuldade gritamos, xingamos, estamos fazendo birra de adulto. Mas se buscamos nosso centro, lidando com a situação de forma pacífica, oferecemos um ferramental de relacionamento para as crianças.
O mais importante é saber e buscar ver que as atitudes, mesmo aquelas que nos desagradam profundamente, são a manifestação de algo positivo esperando nosso acolhimento para que se manifestem em todo seu potencial.
Imagem: http://www.gettyimages.com.br/
4 comentários:
concordo! e ser mãe me ajudou a fazer desse pensamento um exercício diário (de amor e de aceitação).
e sei que ainda tenho muito para melhorar! que bom!
:)
um beijo
O amigas Mamiferas
Conheci esse blog de voces atraves da Fabiola Cassab.
Chamou minha atenção o nome.
Uma realidade ne?
Somos mamiferos.
Vejam o poema que escrevi e transformei num video-tube.
:)
Saudações Mamiferas
http://www.youtube.com/watch?v=mFM6ZulRufY
kalu, adorei esse post! adorei, mesmo! que lindo!
obrigada.
beijo
Kalu,
Hoje estava falando exatamente sobre isso com Binho.
Cora anda fazendo altas pirraças qdo saímos.
Putz, é bem chato, vc tenta conversar e tals e ela continua...
Mas, falei com ele, que barato a nossa filha. Que personalidade, quer uma parada, luta com as armas que tem para conseguir o que quer...
Adorei o post.
Muito legal!
bjs
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