por: Tata
É, eu não gosto da Barbie.
Sim, eu brinquei (e muito) de Barbie quando era criança (e até quando já não era mais tão criança assim, acho que até uns catorze eu ainda brincava!), e isso não me prejudicou em nada.
Mas não gosto. Não do brinquedo em si, mas do conceito por trás. A idéia da beleza inatingível, do padrão americano de mulher magérrima, cintura inacreditavelmente fina, lindos peitos e loiríssima de olhos azuis. Acho que é a materialização de uma idéia equivocada da feminilidade, como se ser mulher fosse estar com tudo durinho e em cima, como se a beleza estivesse ligada a padrões estéticos pré-definidos, fechados, moldados, quadradinhos.
Isso, além do estímulo à futilidade e ao consumismo embutidos no conceito, já que, uma vez que você tem a Barbie, tem que ter a casa da Barbie, o carro da Barbie, a piscina da Barbie, o clube da Barbie, o Ken da Barbie (sim, apenas mais um item de consumo).
Ok. Não gosto, já deu pra entender.
Mas é como diz a sabedoria popular: filhos vêm ao mundo para nos fazer pagar a língua. É ou não é?
Fato é que agora, no terceiro aniversário, o inevitável aconteceu: as meninas ganharam a primeira Barbie. Bom, as primeiras, uma pra cada uma, evidentemente.
Mas o melhor de tudo não foi o fato em si, mas a reação: as duas ficaram igualmente fascinadas com a boneca, mas com Ana Luz, minha pimenta-poço-de-vaidade-futura-peruinha, foi paixão à primeira vista.
A carinha da pequena, ao ver a tal da Barbie (uma 'Barbie princesa', para incrementar o negócio!) ainda na embalagem, foi memorável. Soltou um suspiro profundo, daqueles vindos do fundo da alma: "como ela é linda!!".
E não foi só. Daí pra frente, não desgrudou mais da famigerada boneca. Era de cinco em cinco minutos pra mim: "mamãe, como o vestido dela é lindo!!", "mamãe, como a sandália dela é linda!!", "mamãe, como o cabelo dela é brilhante!!", tudo dito com vozinha melosa e carregada de uma fascinação que chegava a dar gosto de ver.
E a boneca virou mesmo companhia para todas as horas. Vira e mexe, lá está a pequena toda concentrada, de micro-escovinha na mão, penteando cuidadosamente as madeixas loiras da dita cuja.
E devo dizer que, passado o susto inicial, até que estou achando bacana. É bacana a gente ver um filhote caminhando livre, descobrindo sem restrições a própria personalidade, encontrando seu espaço no mundo para ser o que é, liberto de cobranças ou formas pré-concebidas.
Além disso, o maridão, que por acaso vem a ser o pragmatismo em pessoa, em uma única frase derrubou todo e qualquer resquício de caraminhola que por ventura insistisse em brotar nessa cabecinha radical que vos escreve: "você acha que elas vão crescer se espelhando em quem, em você e nas atitudes que você tem diante da vida, ou numa boneca de plástico embrulhada num pano enfeitado com purpurina?".
É, as vezes a gente teoriza demais.
O bom é que chegam esses pequenos tão cheios de liberdade, bagunçando tudo, desrespeitando roteiros e fazendo a gente rever os preconceitos, sacudindo as nossas verdades absolutas, fazendo a gente aprender, crescer e melhorar.
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9 comentários:
Olha a gente que é mãe de menina passa por essas coisas mesmo, eu também sou contra todo esse esteriótipo e não quero que minha filha se torne refém do espelho ou do status social que é imposto pela mídia.
Mas como você eu também brinquei muito de barbie, e todo esse assunto me remete ao fato de que quando tinha o tamanho delas eu não pensava que deveria ser como a barbie, esse esteriótipo, somos nós mulheres adultas que enxergamos.
Pra elas é só uma boneca mesmo, e uma fase que vai passar rápido...a Bruninha ainda não ganhou uma bárbie propriamente dita, mas no aniversário ganhou uma similar, de sombrancelha feita e piercing no umbigo, minissaia e top... eu queria jogar fora mas vi a que paranóia tá na minha cabeça e não na dela...
beijos!
Eu também adorava a minha barbie, e esperava ansiosamente pelo meu aniversário para poder ganhar mais um objeto do mundo "barbie". Dia desses, estava na locadora e ví uma barbie para vender, linda e loira (como a maioria delas), imediatamente (arrebatada pelas minhas lembranças da infância) pensei em comprá-la para minha filha. Mas, mais imediatamente ainda (ainda bem!), parei e pensei "não, quero para ela menos imposições estéticas, menos estímulos ao consumo, menos ... ". Deixei a barbie e saí da locadora feliz da vida (por ela e por mim).
Mas sei que nem sempre podemos conrolar tudo... concordo com o seu marido, e partilho das tuas considerações e encanações!
:)
beijos...
Oi Rê. Tb brinquei de Barbie até não poder mais. E, convenhamos, era consumista, tinha mil defeitos, mas era muito divertido, né? Eu pelo menos amava. Fiquei até com saudades, será que a Naná não deixa eu brincar um pouquinho?? rsrs :op
Deixa rolar, talvez seja como aquela história dos desenhos politicamente corretos (aliás, ótimo tema pra gente tratar aqui!), Barbie é só diversão mesmo, sem nenhuma mensagem certinha acoplada... Beijão!
eu nunca tive Barbie, rs. Acho que era cara pros meus pais (somos 3 meninas) e tb nunca pedi.
ai, a mel tem umas 5. todas ganhadas e ela ama de paixão.
eu tinha várias, tb. agora, de um item, eu lembro em especial: o ken. eu juntei 3 mesadas, fui ao mercado, escolhi, coloquei na cesta, paguei. ah, foi legal..
beijo
Vcs são loucas O.O''... Falando sério, ainda não tenho filhos, mas pretendo ter e vo amar se for menina... Sinceramente não entendo pq toda essa crítica em cima da pobre bonequinha. Cresci brincando com Barbies, tenho umas 40, até hoje não deixei de comprar, só que agora eu coleciono, e na minha opinião a Barbie é um dos únicos exemplos em que uma menininha pode e deve se espelhar, olhem pelo outro lado... A Barbie é dentista, é advogada, é piloto de avião, é aeromoça, é aventureira, é tudo! Tanto que o slogan é "seja o que você quiser" e pq vocês não gostariam que suas filhas tivessem vontade de ser o que elas quisessem? OK, consumismo, busca da beleza inatingivel e etc. a parte, eu adoraria q minha filha aprendesse o que eu aprendi com a Barbie, afinal se um dia minha futura filha tornar-se consumista eu vou dizer a ela que cresca, estude e trabalhe muito bem pra comprar o que ela quiser e seja uma ótima e bem sucedida profissional assim como a Barbie, e que ela faça o possível e talvez o impossível para ficar bonita como a Barbie se for isso o desejado e que não existe nada melhor que satisfação pessoal, e um Ken na nossa vida é muito mas muito bom mesmo. Então fica aí a defesa da loirinha ;D
o pior querida, é que periga ser a boneca mesmo, o pior é isso. do jeito que as coisas vão...
geração de plástico.
estou fazendo um trabalho acadêmico sobre a influencia da barbie na formação das crianças.
Vale a pena ler este ;)
www.anped.org.br/reunioes/30ra/trabalhos/GT23-3154--Int.pdf
bjos, sorte.
É. Eu detestava a Hello Kitty.
LINDO texto.
irretocável.
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