Nascer Mãe

por: Kalu

Eu nasci no dia em que segurei você nos braços pela primeira vez, sentada na cama de casa, amparada por um ser que também nascia naquele instante e uma enfermeira que só chegou a tempo de lhe segurar. Você abriu os olhos, quase não chorou e logo procurou meus seios.

Lembro-me de seu semblante feliz e cansado por ter vencido sua primeira batalha. Neste dia nasceu, um pai, uma mãe, um filho e uma família. Seu pai cortou o cordão, emocionado por vencer seus medos e preconceitos.

Neste parto nascia uma fêmea, que permitiu que o corpo cumprisse seu papel e passou o trabalho de parto caminhando e cantando mantras, sem notar que estava tão perto de você chegar. Nascia uma loba que quase fez o próprio parto, porque a bolsa estourou e em seguida você coroou.

Nascia um lobo que cuidou do ambiente, se afastou quando sentiu medo para não atrapalhar. Preparou a toca para o momento de sua chegada. E assim nascia uma mãe.

Ser mãe é a experiência mais intensa e transformadora que um ser humano pode ter. Quando estamos desistindo há uma força que nos leva além. Na hora do desespero surge uma verdade tão palpável que nos leva a agir de acordo com esta voz interior.

Este texto é uma homenagem a todas as mães que nascem todos os dias, indo além das dores, do cansaço para ser esta mágica palavra que os pequenos tão cedo aprendem a pronunciar como um mantra de redenção.

Hoje sei a razão pela qual, no momento de desespero sentimos aquela vontade de estar no colo da mãe. Não há algo mais sagrado, intenso, poético e mágico que esta relação. Onde quer que estejamos, esta ligação não se rompe com o corte do cordão. Permanece além da vida e da morte, para todo sempre. Nunca fui chegada a datas comerciais, mas comemorar o dia das mães para mim é celebrar a força do feminino que habita cada ser.

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