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Para pagar um médico humanizado, uma doula, um pediatra humanizado, percebi que seria bem mais em conta parir em casa. E também, muito mais confortável e seguro. Afinal, as enfermeiras que por aqui trabalham em dupla estão aptas a identificarem qualquer intercorrência; elas trazem balão de oxigênio e outros equipamentos no caso de precisar reanimar o bebê; as bactérias aqui de casa são conhecidas pelo meu corpo e não existem megabactérias resistentes como no caso de hospitais.
Mas o que me levou verdadeiramente a optar pelo parto domiciliar foi o tratamento que esperava para meu filho, que mesmo em muitos hospitais humanizados, existem protocolos que são irrevogáveis. Seja a separação, seja o banho, o corte precoce do cordão, o nitrato de prata, o banho, o NAN ou Glicose no berçário, a Vitamina K, as vacinas etc.
Por isso parir em casa foi a minha opção. E sempre que encontro uma barriguda querendo um parto natural, entrego esta carta. Ela reflete porque desejo que todas as mulhres possíveis possm viver esta experiência.
E você, porque acha que devemos ou não devemos parir em casa?
Foto: Arquivo Pessoal - Miguel chegando em casa.
por: Silvia Badim, mamífera convidada
Semana passada estive no Rio de Janeiro, para uma breve viagem a trabalho.
Desde que o Bernardo nasceu tenho evitado viagens longas. Desdobro-me, como posso, para ir e voltar no mesmo dia, para que meu filho não durma sem a mãe, sem o peito, sem o conforto que acredito que só o colo de uma mãe pode dar ao filho. O despertador tocou então às 6 da manhã, com aquele toque sofrido do fim do sono. Levantei na rotina materna: tomei banho, arrumei a mochila do Bernardo, deixei o café da manhã pronto, amamentei, troquei a fralda, beijei meu filho e chamei o taxi para o aeroporto - sempre correndo atrás do relógio, numa luta constante para não perder os horários. Imprevistos sempre acontecem quando temos uma criança em casa, e fogem completamente da pontualidade dos compromissos cotidianos. Ser mãe exige criatividade constante, e uma boa dose de bom humor.
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O caminho foi longo até o aeroporto. Trânsito, fila, confusões, apitos, porta automática, vozes incansáveis. Até que, finalmente, embarquei. De repente lá estava eu, sozinha, com 1 hora e meia de vôo pela frente. Estava incomunicável, o celular não ia tocar, não haveria nada que uma mãe pudesse fazer nas alturas. As mães - como eu, estão sempre ligadas e prontas para atender, qualquer hora, em qualquer lugar. Ser mãe é um estado permanente de alerta. Mas, naquele momento estava totalmente vencida. Abri rapidamente o meu livro e devorei páginas e páginas de uma só vez, tamanha era a sede de ler alguma coisa com calma. Felicidade repentina: aquele momento era só meu. Olhei pela janela do avião e parecia me confundir com tudo que via. Fui invadida por um sentimento incontrolável de liberdade.
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Foi quando apareci de novo para mim mesma: eu - só eu, e o dia inesperado pela frente. Braços abertos sob a Guanabara. Por alguns instantes não existia filho, casa, roupa suja, contas a pagar, alimentação, escovação de dente, nada. Apenas o dia para ser vivido como ele se apresentasse, sem que minha vontade fosse ponderada por um sorriso de criança. Meu Deus, quanto tempo não me via! Sem dúvida estava mudada, amadurecida pela maternidade. Mas eu ainda existia, e pulsava de alegria por essa descoberta, ou melhor, redescoberta da minha própria vontade. Fiquei de pé sobre as minhas pernas, meus braços soltos, despreocupados com outro corpo junto de mim.
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A reunião de trabalho, para a minha sorte, não se alongou muito, e sobraram algumas horas no Centro do Rio de Janeiro - um verdadeiro deleite. O Museu Histórico Nacional foi a minha primeira parada. Enchi meus olhos e minha alma de arte e cultura. Andei depois sem rumo, tomei um café - ainda quente, passei por uma exposição do Euclides da Cunha, pelo Centro Cultural da Justiça Federal e, quanto mais andava e quanto mais via, meu dia se fazia cheio de verdade e intensidade. Fui seduzida pela minha independência.
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Quando voltava para o aeroporto, uma certa culpa pairou no ar. Ser mãe é enfrentar contradições a todo tempo. Estava feliz sem meu filho. Sim, estava feliz, mesmo estando a kilômetros de distância dele. E o pior: com vontade de estender aquelas horas para algumas horinhas a mais. Algo se agitou no meu peito. Percebi então que não posso mais me perder de mim. Tenho que estar alerta para algo mais além do circuito cotidiano, algo que não está em lugar nenhum e em ninguém, mas dentro de mim: minhas descobertas e vivências – minhas, só minhas e de mais ninguém. E que o amor incondicional está lá, e é nutrido também por esses espaços que não se dividem.
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Ocorreu-me que não são só os filhos que tem que brigar pelo seu espaço, pela sua independência. As mães também têm lutar pelo seu espaço, têm que arrumar tempo para a descoberta solitária e interior de mulher e ser humano. Convenço-me desse desafio, e sigo adiante. Uma trégua à maternidade, necessária para que o amor e a admiração entre mãe e filho cresçam ainda mais.
Imagem: www.tipika.blogspot.com
Por: Kalu
O parto normal no Brasil não é nada normal. Cheio de intervenções e procedimentos que são uma verdadeira violência contra as mulheres, deixa marcas, não só no períneo, mas principalmente na psique feminina, perpetuando o terrível imaginário sobre a prática do parto “normal”.
A verdade é que existem poucos médicos que verdadeiramente sabem deixar a mulher se conduzir a um parto natural, sem as intervenções e a terrível prática da episiotomia.
Segundo a médica Ginecologista, Obstetra e Parteira, Melânia Amorim, a episiotomia consiste numa incisão do períneo (parte de pele, músculos etc. entre a vagina e o ânus) para ampliar o canal de parto e sua prática foi historicamente introduzida no século XVIII por uma parteira irlandesa para ajudar o desprendimento do bebê em partos difíceis.” Embora não tenha ganhado popularidade no século XIX, o procedimento tornou-se disseminado no século XX em diversos países, sobretudo nos Estados Unidos da América e países latino-americanos, entre eles o Brasil. Foi nesta época em que a percepção do nascimento como um processo normal requerendo o mínimo de intervenção foi substituído pelo conceito do parto como um processo patológico, requerendo manipulações médicas para prevenir lesões em mãe e bebês”, afirma a médica em seu artigo (clique aqui para ler na íntegra).
Daí por diante a episiotomia se difundiu e obstetras famosos de meados de 1920 sugeriam que a incisão perineal, juntamente com o fórceps fossem utilizados em todos os partos de mulheres que estivessem parindo pela primeira vez (primípiras). O objetivo de tal recomendação visava reduzir a probabilidade de lacerações perineais graves e o risco de trauma fetal.
Sabemos que o dominó de intervenções é o grande vilão das lacerações graves no parto normal. Afinal, uma posição de cócoras aumenta em 30% a abertura do canal vaginal; não fazer força na hora do expulsivo (ato impossível quando a mulher está anestesiada) e a massagem do períneo ajudam a reduzir o risco das lesões mais graves.
Melânia diz que alguns autores mencionam que a prática da episiotomia aumentou consideravelmente a partir da década de 1950 porque muitos médicos acreditavam que sua realização reduzia significativamente o período expulsivo, o que lhes permitia atender rapidamente a grande demanda de partos hospitalares.
A laceração é um rompimento orgânico dos músculos perineais para permitir a passagem do bebê. Por respeitar o desenho natural do tecido a recuperação do mesmo é muito mais rápida e os traumas infinitamente menores se comparados com uma episiotomia.
A adoção de posições que facilitem a abertura vaginal, a ausência de manobras e procedimentos médicos ajudam a reduzir o risco de lacerações que acontecem em primeiro grau (envolve a fúrcula, a pele perineal e a membrana mucosa vaginal), segundo grau (envolve a fáscia e o músculo do corpo perineal), terceiro e quarto graus, ( que envolve o esfíncter anal e a mucosa retal, respectivamente) estas últimas bem mais raras em partos naturais.
Em minhas conversas neste mundo mamífero vejo relatos de mulheres que disseram que suas episios demoraram bem mais para cicatrizar (comparado com as mulheres que tiveram laceração) e as dores durante as relações sexuais continuaram, mesmo tendo passado mais de 3 meses.
Eu tive uma laceração de terceiro grau e acredito que este ponto foi o lado obscuro do meu parto domiciliar a jato. Eu sei que não tem a ver com o tamanho do bebê, mas talvez pela velocidade do expulsivo. Eu não sabia que deveria conter a vontade de fazer força e só deixar o bebê escorregar. Eu estava em pé, semi acocorada e não passei por nenhuma intervenção.
Mesmo com um rompimento de membrana profundo, em 15 dias eu não sentia mais dores para urinar e defecar e em 27 dias a área de lazer foi testada sem nenhuma dor ou sensação de perereca frouxa.
Se mesmo uma laceração de grau mais elevado é melhor que uma episiotomia, porque os obstetras continuam usando como rotina?
Bem, a resposta imediata que me vem é que é muito mais fácil costurar a linha reta da episio do que as curvas de uma laceração. Outro ponto que em um evento sobre períneo íntegro, em um dos Hospitais com as maiores taxas de cesárea e práticas médicas ultrapassada, é que uma mudança de comportamento leva anos para ser disseminada no meio médico.
A discussão, na verdade, ganha uma esfera mais ampla. No país com uma das maiores taxas de cesariana do mundo , conseguir um parto normal é uma raridade e pode ser muito traumático, nos moldes intervencionistas. Eu não vejo outro caminho senão lutar por um parto natural humanizado, negando a episiotomia, os velhos conhecimentos médicos e buscando um caminho natural.
Eu decidi pelo meu parto natural muito tarde, com 37 semanas. Talvez numa segunda gestação possa preparar melhor meu períneo, não só a força (sempre pratiquei Yoga e minha força perineal é grande). Mas o que vejo que faltou foi trabalhar a elasticidade.
Mulheres que fazem a massagem perineal têm grande redução no risco de lacerações. A técnica é usada para ajudar no alongamento/flexibilidade e preparar a pele do períneo para o parto. Essa massagem não vai apenas preparar o tecido do seu corpo, mas vai também é um uma fonte de conhecimento sobre as sensações do parto e como controlar esses poderosos músculos. Durante o expulsivo, o períneo deve se manter relaxado.
Você passou por uma episio? Como foi a experiência? Teve laceração no parto? De qual grau e a que atribui? Teve um parto sem laceração? O que garantiu o sucesso. Sua experiência pode ajudar outras mulheres a optarem por um parto natural.
Fonte: http://pregnancy.about.com/
Imagem: http://www.maternidadeativa.com.br/