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por: Tata
Hoje em dia, quando ouço alguém falar em ter um filho para 'recuperar o casamento', ou 'segurar o marido', eu rio sozinha. Rio, porque sei por experiência própria o quanto essa idéia é absurda.
Ter um filho muda tudo na vida de um casal. Absolutamente tudo. Muda tanto, e exige tanta capacidade de adaptação, que hoje eu costumo dizer que acontece ao contrário: um casal só resiste ao nascimento de um filho, só permanece junto depois desse furacão, se a relação estiver muito forte, sólida, se o amor for imenso e absoluto, se houver disposição e muita, mas muita vontade de ficar junto.
Depois que o bebê nasce, as prioridades são outras, as preocupações também. Dali por diante, é inevitável que uma boa parte das conversas gire em torno de temas como se engatinhar é importante ou se é melhor andar de uma vez, se dez fraldas por dia é um número razoável, se o bebê colocar todo o leite pra fora depois da mamada é normal ou se é melhor ligar para a pediatra, entre outras coisinhas que, de absolutamente desconhecidas, passam a ser importantíssimas quando recebemos nossos filhotes no mundo.
O ritmo da casa também muda, e muito. O casal que podia esticar do trabalho para um cineminha, e do cineminha para um jantar, e do jantar para um motel, chegando em casa de madrugada sem pressa, afinal sábado é dia de desligar o despertador, passa a ter uma rotininha enlouquecedora, que varia sim, mas sempre em função dos horários e necessidades daquele serzinho tão apaixonante: o bebê.
Com o dia-a-dia de troca de fraldas, acordadas noturnas, finais de tarde chorosos, adaptações e descobertas mil, falta tempo para momentos a dois, para o namorico descompromissado no sofá da sala, para o banho demorado a dois, para o papo gostoso sem hora pra acabar.
E o romance? Via de regra, quando começa a pintar um clima, lá vem um chorinho pedinte que não dá pra ignorar. E lá vamos nós, acalmar o pequenino, pra depois, quem sabe, tentar começar tudo de novo. Isso, se o cansaço permitir, e o parceiro não estiver a essa altura desmaiado na poltrona da sala.
Quando o bebê chega, é preciso triangular a relação. Não é só você para ele e ele pra você, o tempo todo. Há uma terceira pessoinha que demanda toda atenção e todo cuidado do mundo, e nem todo casal sabe lidar com isso. Surgem carências, disputas de afeto, vazios, necessidades não-satisfeitas. E aí, não tem jeito. Só com muita conversa e coração aberto é que a gente dá conta de se reorganizar, descobrindo novos caminhos e novas possibilidades.
Quando nasce o bebê, nasce também uma família. Não dá pra achar que vai ser possível levar a vida de antes, dedicar-se ao parceiro da mesma maneira, cultivar o relacionamento na mesma intensidade. Não dá.
Mas vale a pena parar pra pensar que diferente não é necessariamente pior. Apenas diferente. Se o casal se permite libertar dos anseios passados e abrir-se para a nova realidade, pode descobrir que a vinda de um filhote potencializa o amor, reinventa, redescobre. É incrível como a gente pode se apaixonar de novo, com mais intensidade do que da primeira vez, quando vê o parceiro trocando um olhar de ternura com aquele bebezinho tão pequeno, quando flagra uma troca de sorrisos sinceros, quando acorda no meio da noite e dá aquela olhadela no soninho conjunto.
Tem que ter tolerância, paciência, tem que cultivar os momentos possíveis a dois, tem que aceitar que algumas coisas se perderam definitivamente. Só quando a gente aceita isso, é que se abre pra ver o tanto de coisa que a gente ganhou. E acredite, a troca é mais do que justa.
E lembre-se, seu bebê não será recém-nascido para sempre, não terá um ano para sempre. Essa fase passa, mais depressa do que a gente imagina. E logo começam a aparecer de novo as oportunidades de um cineminha numa noite de sexta-feira, um almocinho a dois com mais tranquilidade, uma viagenzinha em que o filhote fica com alguém de confiança, e feliz da vida.
Como em tudo na vida, vale a pena curtir o momento. Quando um bebê nasce, é o momento de descobrir e desvendar essa vidinha a três (ou quatro, como foi o nosso caso, ou cinco, como vivenciamos agora, rsrs). E quanta maravilha essa vida tem para nos mostrar!
E quando menos esperarem, vocês serão dois de novo. Mas não como eram antes. Não, a coisa mudou, e mudou para melhor. Porque de dois, vocês se tornaram um.
Imagem: www.gettyimages.com
Olá!
Mudamos de endereço.
Você pode nos encontrar em www.blogmamiferas.com.br a partir de agora.
16 comentários:
Tata, arrasou de novo! Descreveu exatamente tudo o que eu penso, sinto, vivo. Texto para toda tentante, grávida e mãe recente ler e reler.
Beijos!
Excelente texto Tata!
Concordo plenamente!
É muito bom conhecer pessoas que pensam como a gente! Isto é raro!
Eu costumo dizer que: Filho é para um início do casal e não de um casamento!
Pra mim diz tudo e cai bem!
bjx pra vc!
Fran
Seus textos sempre são fantásticos. Cheios de emoção e realismo. Amei! Que a vidinha a cinco continue muito unida.
Beijão
arrasou. esse tema é excelente, dá panp pra manga. o pior é que tem muita menina (e muitas mulheres feitas tb) que ainda acha que filho segura namorado/marido... de onde será que veio essa idéia?
adorei o post.
beijo
Excelente texto, parabéns para o quinteto :-)
Como um texto pode ser tão perfeito?
Adorei!
Isso de que filho salva casamento....só trouxa mesmo para cair!
Vou linkar lá no meu blog tá? Bj!
Tata, lindo texto ! Incrível como nós passamos pelas mesmas coisas né... Todo casal com bebe pequenininho sente as mesmas coisas... É preciso mesmo estar forte pra resistir a tantas mudanças.... Beijinhos !
olá meninas, que bacana saber que só muda mesmo o endereço, porque as vivências quando nossos filhotes vêm ao mundo são tão semelhantes né... e bom lembrar tb que nada dura pra sempre. e esse papo de segurar marido/namorado/caso com barriga... furadíssima, rs.
bjo!
Ai, Tata, este seu post me deu esperanças! rs
Eu acabo de ter meu Jorge e sou mãe de primeira viagem e confesso que as vezes bate aquele sentimento de "poxa, não posso fazer mais nada". Mas como vc disse quando a gente acorda de noite e ve todo mundo dormindo ao nosso lado é a coisa mais linda!
bjs e obrigada!
kate
www.relampeando.blogspot.com
PERFEITO ess texto! Parabéns!
Adorei o seu texto! Só muda de endereço mesmo... o bom é curtir, porque passa rápido demais! Aqui em casa, meu marido e eu achamos que o casamento/casal está cada dia melhor... Parabéns!
Meu filhote está com 9 meses e o casamento continua uma delícia, com programações muito diferentes. Tenho dito ao meu marido que poderíamos abrir um empreendimento: MOTEL FAMÍLIA.Sexo em casa fica beem difícil, pois o faro do bb é ótimo!E para ir ao motel deixando filhote com a vó, só o tempo de ida e volta do transito já dá pro bebê chorar de saudade. O motel-creche seria uma ótima solução: o casal entra, na portaria se anota o nº do quarto, e a criança vai para um berçário seguro, do bem, do lado do estabelecimento. Se precisarem, é só chamarem os pais! Desse jeito daria pra termos uma horinha de romance sem nos separarmos tanto tempo da cria.
Tô pirando muito? Se abrisse um desse aqui em BH, eu experimentaria.
bjs, geozeli
kate, passa, passa sim, fica tranquila. vai passar mais rápido do que você imagina, e acredite ou não, provavelmente mais rápido do q vc gostaria...
geozeli, tua idéia é um tanto... aham... digamos, arrojada, rs. vixe, mulher, eu não teria coragem de deixar meu filho num berçário desses não, hehehehe. melhor esperar ele crescer um tantinho e deixar mesmo com alguém de confiança, de preferência bem looonge do motel, que é pra gente desligar mesmo! rs
bjo, meninas, obrigada pelos comentários!
Eh isso ai.
Adorei o texto e adorei o blog.
Parabens meninas!
bjs de NY
Adorei o texto! Sincero, real e bom de ler! O blog Mamíferas é muito bom! Vida inteligente e sensível na blogosfera! Sou fã!
Vou acrescentar esse seu texto no meu blog em dicas de leitura sobre o tema: "O casal após o 'nascimento' dos pais!"
Bjos!
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