Prazer: eu bebê

por: Kalu

Você está com um recém-nascido nos braços. Ele se entrega totalmente aos seus cuidados. Vocês eram um, agora são 2 vivendo simbioticamente.

O que fazer com este pequeno que parece tão frágil, que chora toda hora e adormece no peito? E aquele amor que esperava sentir e que ainda não consigo ver nascer em meu peito? Por que a toda hora ele quer mamar? Será que para sempre ele me fará levantar a cada hora, desconhecendo o dia e a noite? O que fazer com os braços que adormecem antes que ele durma? Colocar ou não para arrotar? Que lado deve dormir? E quando dorme, não consigo parar de pensar se ele não conseguir respirar.

E se afogar? Como dar banho? Que sabonete usar? Me disseram para nada usar. Creme de assaduras para prevenir? Não, melhor chá de camomila. Qual a melhor marca de fralda? Será que posso sair? E se adoecer? E se não souber o que fazer quando sozinha com ele estiver?

A gente tanto pensa no parto e com aquele pequeno nos braços nos sentimos tão frágil quanto eles. Não sei se é a barriga vazia ou o vazio do peito por conta dos hormônios. Tudo é uma fase de reconhecimento. Embora ele tenha crescido dentro de você, com parte de sua matéria, são completos desconhecidos.

Ele que nada sabe sobre o mundo e apenas confia na sua capacidade de escolher o que para ele é melhor. E você que olha para ele, meio sem jeito, atordoada pelo excesso de palpite. Basta lançar estas perguntas e o mundo te dará mil respostas. E qual a verdadeira? Aquela que você sentir em seu coração.

Estou aqui para lhe dizer: está tudo certo. O manual do seu pequeno reside no seu coração e você saberá o que fazer quando conseguir silenciar a mente do conhecimento para guiar-se pela voz da sua intuição. Eu quem nunca havia segurado um recém nascido no colo, que nunca fiz um curso de cuidados com bebê, escolhi meu caminho.

A livre demanda foi minha primeira escolha: dar de mamar quando o bebê quisesse, sempre que quisesse, na hora que desejasse. Nada de 3 em 3 horas. As vezes as mamadas duravam intermináveis horas que eu olhava para aquela carinha e dia a dia começava a me apaixonar mais e mais. Para que sabão em um pequeno que nem contato com sujeira tem? Quer melhor antiséptico que um chá de calêndula para limpar com algodão o cocozinho cheiroso do pequeno?

Para dormir, um carrinho ao lado da minha cama, com cueiros enrrolados para delimitar o espaço daquele que até poucos dias estava limitado as paredes do útero. Deitado de lado. E de dia, não há melhor lugar que o sling. O movimento com o som da minha voz a entoar cantigas de bebê era um verdadeiro sonífero. Ele dormia e eu também, para estar pronta para nossa nova folia.

Quantas noites, na minha meninice, não passei acordada dançando? Agora estaria acordada por uma razão ainda mais especial. E que bom que alguém pode fazer minha comida, lavar minhas roupas e cuidar da minha casa para que eu pudesse, exclusivamente, me dedicar a este pequeno ser que já amo mais que a mim mesma.

Você vai ver que em breve sentirá uma mãe experiente. Com que desenvoltura coloco ele no sling, dou banho de balde e aprendi a fazer xixi com o pequeno amarrado junto ao corpo. Sei tudo sobre as melhores marcas de fraldas, as pomadas e chás para os diversos fins. E posso até contar minha história e ajudar outras mães. Passei por todas as fases e apertos com tranquilidade, me espelhando e seguindo o conselho de mães que como eu buscam uma maternagem natural e instintiva.

Mas assim como você, já fui uma mãe recém nascida, cheia de dúvidas e medos, informações contraditórias da terra dos palpites. Não é fácil e as verdades são muitas. Só posso lhe dizer: confie em você e tudo aquilo que você escolher por você e visando o bem estar do seu pequeno será o caminho certo, porque é o único rumo que existe.

Só você tem a chave do baú do manual. Fique em silêncio, conecte-se com seu coração e abra-se para a maior experiência do mundo chamada maternidade.

Imagem: http://www.freewebs.com/gilcarosio/apps/photos/album?albumid=7324958