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por: Tata
Hoje a Chiara, nossa caçulinha, completa nove meses de vida. Há nove meses, ela nascia pro mundo cá do lado de fora.
De um tempinho pra cá, tenho sentido que ela está vivendo a tal 'crise dos nove meses'. A crise dos nove meses (às vezes um pouquinho antes, às vezes um pouquinho depois, depende do bebê) acontece quando o bebê percebe que é um ser separado da mãe. Desde a gravidez, a simbiose entre mãe e filhote é tão intensa, que quando nascem, os bebês sentem mesmo como se ele e a mãe fossem apenas um ser, pura continuidade. Aos poucos, o bebê vai percebendo a separação entre eles, e essa percepção é angustiante. Afinal, se a mãe é um ser separado dele, ela pode sair e não voltar mais. É por isso que, por volta dessa época, muitos bebês antes tranquilos passam a se angustiar quando a mãe se afasta, mesmo que por pouco tempo.
Chiara anda assim, super grudada comigo. No máximo, vai com o pai ou com a moça que trabalha aqui em casa, com mais ninguém. Ela, que sempre foi 'vira-lata' e ia no primeiro colo que passasse, agora chia quando estendem os bracinhos para tirá-la de perto de mim.
E eu? Bem, eu respeito. Imagino a confusão que deve estar se passando na cabecinha dela, e creio que ela precisa de muito amor, muita presença e muita paciência para encarar essa ruptura, que é necessária, mas dolorosa. Não forço a separação quando ela chora, respeito o tempo dela. Acho que assim, fazendo a transição com suavidade, todos ganhamos. Se pode ser feito com alegria e leveza, porque fazer à base de choro, não é mesmo?
E afinal, por mais que esses primeiros meses às vezes pareçam levar anos para passar, por mais que um dia ou outro a gente amanheça meio cansado de tamanha dependência, meio querendo logo ver os filhotes caminhando pelas próprias pernas, eu sei bem que essa fase - como quase todas - passa rápido demais, e deixa uma saudade imensa. Sei por experiência própria, já que tenho em casa duas mocinhas independentes de quase 5 anos, que morro de vontade de apertar e amassar, para que voltem a caber inteirinhas no meu colo, como há algum tempo.
Bebês são dependentes mesmo, é da natureza deles. É uma dependência saudável, é pra ser encarado com naturalidade e muito amor. Deixar que eles sejam dependentes, que se pendurem na gente quando sentem essa necessidade, cria crianças seguras, livres para caminhar por seus próprios passos, quando chegar a hora. E tem hora pra tudo nessa vida.
Ao contrário do que tanta gente repete por aí, permitir a dependência enquanto é a hora da dependência não cria crianças inseguras, não. Pelo contrário. Quanto mais a gente permite que eles se aninhem do nosso colo o quanto precisam, mais eles crescem e se sentem preparados pra enfrentar o mundo.
Eu fico aqui, comemorando os nove meses da minha bebezica-surpresa, que passaram tão rápido. Curtindo a dependência dela numa boa, porque sei que daqui a não tanto tempo assim, eu vou vê-la dar seus passinhos sem olhar pra trás, e vou sentir um aperto no peito tão grande que nem sei.
E não vai ser aperto de tristeza, não. Vai ser de tudo junto: um amor imenso, uma vontade insana de agarrar o tempo e uma alegria enorme de criar minhas filhas pro mundo. Porque é assim mesmo que tem que ser.
Imagem: arquivo pessoal (Chiarinha aos nove meses de vida)
Olá!
Mudamos de endereço.
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8 comentários:
Estou sempre visitando voces. Gosto muito dos textos, embora nem sempre concorde (como eh natural). Mas esse texto em especial me chamou atencao pq o meu filhote esta um chicletinho. Ele ja tem 18 meses e esta desmamando agora (tem uns cinco dias que ele nao pede leitinho). Praticamos cama familiar, mas tem horas que tenho vontade q ele comece a dormir sozinho. Mas, como eu disse, ele esta na fase chiclete. Dorme cedo e quer q a gente madrugue com ele. Se ele sente que a gente esta saindo da cama, acorda aos berros. Por outro lado, eu penso como vc. Abraco-o apertado e imagino que daqui a alguns anos ele nao vai me querer tao por perto assim e nem vai caber no abraco aconchegado de hoje em dia. Estou meio dividida, na verdade: Torcendo por um pouco mais de independencia da parte dele e, ao mesmo tempo, sentindo saudade do q essa independencia vai trazer. To ficando doida??? :o))
A Alice está passando pela mesma crise...e nós voltamos a fazer cama compartilhada, para que ela se sinta segura e passe com tranquilidade por essa fase. E o tempo passa rápido demais mesmo, eles crescem muito depressa e isso não é justo! (rsrsrsrs)
Sempre acompanho os posts... e o de hoje achei o mais especial de todos, porque a minha Luisa está também completando nove meses!!!
E nada de diferente, também é um grude só, e eu nem me importo, aliás amo!!! Curto cada momento dessa simbiose maravilhosa!
Um beijo grande à todas vocês!
Mirella.
Tatá,
Você escreve tão bem! Adoro seus posts, sua sensibilidade e sinceridade! Parabéns!
Beijocas
"Ao contrário do que tanta gente repete por aí, permitir a dependência enquanto é a hora da dependência não cria crianças inseguras, não. Pelo contrário. Quanto mais a gente permite que eles se aninhem do nosso colo o quanto precisam, mais eles crescem e se sentem preparados pra enfrentar o mundo."
concordo e assino embaixo. Não sei quem inventou essa maluquice de que bebezicos precisam aprender a ser independentes desde que nascem. que tem que educar recem nascidos a dormir sozinhos no berço os deixando se esgolear de chorar.
Essas maluquices hj parecem ser o pensamento comum e isso me assusta demais!
Beijo e parabens pra Chiarinha!
Re
Muito bom o texto!!
Eu ♥ o mamíferas!
É impressionante... as mães sentem as mesmas coisas, rs!
Caetano tá igualzinho! Eu não sabia que tinha até nome essa fase, deu mais segurança saber que acontece nas melhores famílias. Ele fica em pé segurando na minha perna, parece um carrapatinho e se alguém vem pegá-lo ele gruda agarra mais e reclama. Até mamando mais ele está, acredita?
Beijãozão
marcia, não está doida não!! bicho-mãe é assim mesmo, tudo ao mesmo tempo agora... :-)
beta, tem horas q dá vontade mesmo de fazer o tempo parar né não?
Mirella, parabéns para a tua Luisa, curta mesmo cada momentinho de grude da tua pequena!!
flavinha, obrigada pelas palavras, querida!
renata, são mesmo absurdos alguns pensamentos que a gente vê por aí sobre bebês... essa ânsia pela independência, totalmente antinatural, querer q o bb se console sozinho, durma sozinho, sinta-se seguro sozinho... uma obsessão, terrível!!
ingrid, às vezes aquele ditado que diz q só muda o endereço vira a mais pura verdade, né? rs.
mari, lindona, parabéns pro teu caetaninho também, deve estar lindo e uma gostosura só esse meu genro, rs.
bjo bjo bjo meninas
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