Festinha Radical

por: Nanda

Antes de engravidar, eu achava um absurdo mães que gastavam rios de dinheiro com festas de aniversário dos filhos, fossem elas de 1, 10 ou 15 anos. Eu dizia que nunca faria uma festa de um ano para filho meu, que eles não aproveitavam nada e a festa era para os pais e não para a criança. Aí eu tive um filho, e vê-lo crescer se tornou a coisa mais fantástica do meu mundo e mudei de idéia a respeito de festas de 1 ano.

Ainda acho um absurdo gastar rios de dinheiro com festas para qualquer idade, mas cada um sabe de que lado você samba. Ainda acho que a festa é para os pais, mas não vejo mais como uma coisa negativa. Eu quero reunir as pessoas que estiveram próximas de nós nesse primeiro ano de meu filho, celebrar essa data simbólica.

No que consiste uma festa de 1 ano? Decoração magnífica, palhaço, mil doces e salgadinhos, uma infinidade de presentes repetitivos e desnecessários para uma pessoinha que se diverte com bacias e colheres de pau. Lugares-comuns da nossa cultura, "festa de criança tem que ter brigadeiro" ou "eu só vou em festa de criança para comer". Crianças correndo agitadas, impulsionadas pelo açúcar dos refrigerantes e excesso de estímulos que parecem vir com o pacote da festa.

Submetendo-me ao risco de ser radical até entre as mamíferas, não quero isso para nós aqui de casa. Aos 10 meses de idade, o único açúcar que meu filho provou foi frutose natural, a quantidade presente em cada fruta. Come pouquíssimo sal, nenhuma fritura, nada de carne e tudo integral. Não conhece industrializados, e pretendo que continue assim enquanto eu puder evitar. Usa somente fraldas de pano durante o dia desde os 5 meses de idade, e a maior parte de seus brinquedos foi herdada de seu primo.

Sendo assim, não faz sentido para nós uma festa na qual a decoração será jogada fora, feita de balões de látex e recortes de isopor nada biodegradáveis. Uma festa repleta de balas e chocolates, corantes e conservantes, bebidas gaseificadas acompanhando risoles e coxinhas de frango. Uma festa na qual eu teria que ficar de olho em tudo que meu filho consumisse, para não ter seu organismo bombardeado de coisas que ele nunca provou antes. Qual seria o propósito?

Pensando nisso, bolei o seguinte plano: a decoração da festa dele será toda feita de material reciclável ou reutilizável. Bolas de garrafa pet, garrafas de vidro decoradas, malhas estendidas. Os convites estão sendo feitos à mão por mim com embalagens de papelão, mas a maior parte deles será digital. As lembrancinhas serão ecobags com dedoches de historinhas infantis e um mini-cd com audiolivros de histórias, e cada convidado terá um copo de acrílico para evitar o uso de descartáveis. E já estou desencorajando a compra de presentes, a não ser que tenham alguma simbologia maior do que a necessidade de levar algo para o aniversariante.

Em vez de bolo, teremos uma torre de cupcakes saudáveis, integrais, em sabores variados para ninguém sair desagradado. Em vez de coxinha e risole, teremos mini-sanduíches integrais com pastas variadas e salgados assados. Gelatina de algas, espetinhos e mousse de frutas adoçarão o paladar, junto com a única exceção que fiz, que foi o brigadeiro, isso porque mais de um convidado me disse que não iria se não tivesse brigadeiro. Água e sucos naturais para beber.

Infelizmente, a maior parte das pessoas quando sabe dos meus planos pra festa fica chocada, ameaça não comparecer e faz alguma piada do tipo "Esse ano ainda tem convidados, mas no ano que vem não vem ninguém". Eu sei que sair da matrix é difícil, especialmente se não quisermos sair, mas que tipo de mãe eu seria se não ficasse firme no que acredito ser melhor para o meu filho, não é mesmo? E vocês, o que acham?

Imagem: http://www.greenplanetparties.com/