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por: Tata
Já falei aqui algumas vezes do quanto é bacana a gente dividir com os filhotes coisas que marcaram a nossa própria infância, que tiveram um significado importante pra gente quando criança.
Esses dias, vivi uma outra situação dessas. Estava em uma livraria com as meninas, quando vi, misturado em uma pilha de livrinhos infantis em promoção, "Lúcia Já Vou Indo", um livrinho super bacana da escritora Maria Heloisa Penteado.
O livro conta a estória da lesminha Lúcia, que adora festas, mas como é muito, mas muito lerda, nunca consegue chegar a uma a tempo. Chega sempre dias e dias depois que a festa já se acabou, e todos os convidados já se foram. No caminho, todos os outros bichinhos - formigas, borboletas, baratas - vão passando por Lúcia, e param para aconselhar que se apresse. Ao que ela responde sempre, lentamente: "já vou indo, já vou indo...".
Foi ver o desenho da lesminha de cabelos cacheados na capa do livro, e a nostalgia bateu de imediato. Eu amava esse livrinho, quando era pequena. Não me lembro quando li pela primeira vez, mas sei que reli algumas dezena de vezes, e nunca mais me esqueci da estorinha. Aliás, a vida toda, sempre que alguém me chamava para alguma coisa que eu não poderia fazer de imediato, eu respondia, com uma vozinha aerada que pretendia imitar a personagem-título do livro: "já vou indo, já vou indo...".
Com minhas filhotas mesmo, não foram poucas as vezes em que, elas me chamando em um momento em que eu estava ocupada com outra coisa, eu respondi, brincando: "já vou indo, já vou indo...". E cheguei mesmo a contar a estorinha para elas, algumas vezes, lembrando das passagens e das personagens de cabeça, e morrendo de vontade de um dia encontrar um exemplar do livro para poder ler direitinho para elas.
E não é que eu encontrei? Pelo que vi, o livro já está em sua 28ª edição! Sucesso incontestável, não?
Minhas pequenas adoraram, e desde sexta-feira passada, quando compramos nosso exemplar, a estorinha já foi repetida por aqui umas tantas vezes. Foi sucesso absoluto por aqui também. Tanto, que resolvi vir aqui indicar a leitura. Tenho certeza que muitos pequeninos e pequeninas por aí vão adorar acompanhar as peripécias da lesminha Lúcia para chegar à festa de sua amiga libélula.
É uma estorinha sem grandes lições, sem grandes morais, sem grandes ensinamentos. Uma estorinha para distrair, divertir, e só. Mas pra dizer a verdade, acho que isso é o que eu acho mais bacana. Afinal, desde quando tudo tem que ter uma função educativa, não é mesmo?
Também já falei aqui do quanto me cansa o fato de que, hoje em dia, tudo o que é voltado para crianças tem que ter o rótulo de "educativo". Sejam músicas, livros, desenhos. Tudo tem que ensinar, passar uma lição. Acho isso bem cansativo. Claro que é importante ensinar, mas há de haver também espaço para o divertido, e só. Desenhos, livros, músicas, que se destinem a distrair, a fazer rir, a entreter, sem grandes pretensões educativas. Eu me lembro de, quando criança, muitas vezes sentar à frente da TV, ou pegar um livro, e simplesmente 'desligar', rir à vontade de coisas bobas, embarcar em fantasias sem moral da estória para ser absorvida no final. E como era gostoso!
Quero isso para as minhas filhas, também. Elas terão seus momentos de aprendizado, pela vida inteira. E não serão poucos, disso tenho certeza.
Mas tão deliciosos quanto, serão os momentos em que elas possam simplesmente deixar vir o sorriso ao rosto, a gargalhada franca, o riso descompromissado. E esses também, estarei sempre cuidando para que não sejam poucos.
Imagem: www.submarino.com.br
Olá!
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5 comentários:
Rê, aqui em casa adoramos escrever e ultimamente temos lido bastante nossas produções pra ele, é tão gostoso, ele já presta atenção, adora escutar nossa voz lendo poesias, sem pretensões, só por estar junto. Qdo as pimentas me pediram pra contar uma história eu realmente fiquei com cara de ué, pega de supresa, me deu branco...rs...preciso me aprimorar nessa arte. Há tempos venho percebendo que nossos filhotes nos tornam artistas multi funcionais: contadores de histórias, palhaços, artesãos, atletas, etc. Beijo grande
Oi Tata!!!
Adorei sua postagem! Primeiro porque também sou fã da "Lucinha", segundo porque também acho um saco tudo relacionado ao mundo infantil ter que ser "Educativo". Divertir é essencial! Também sou atriz, assim como você, e a gente sabe que apesar de toda a seriedade e dedicação que o trabalho exige, é essencial a diversão, o prazer, a ALEGRIA!!! E com as crianças então, isso é mais importante ainda... RIR é tudo! rsrsrs...
Como dizia Cazuza, "ás vezes, só a futilidade salva"!
Dizem que quando Buda atingiu a iluminação, o nirvana, ele deu uma grande e sonora gargalhada... Fico aqui imaginando o porquê.
Parabéns pelo texto e pela ótima sacada!
Ps: Já leu "A porquinha do rabinho enrolado"? Aconteceu a mesma coisa comigo. Minha mãe leu para mim quando eu era criança e agora tenho um novo exemplar que já estou lendo para minha filhotinha. Ambos foram presentes da propria autora, Tereza Casassanta, ambos com dedicatórias carinhosas...
Fica aí uma sugestão.
renata, compartilho com vc dessa ideia (agora, sem acento, eca!) equivocada de que tudo PRECISA ser "educativo"... fora que nem sempre o objeto é, efetivamente, educativo, né?... rs
em casa, tem uma hstorinha recorrente do "capricho", ele já virou um personagem! "pergunta pro capricho" era o que minha mãe nos respondia, e é o que eu respondo qdo meus filhos não sabem onde colocaram alguma coisa... e lá vai a gabi chamando pela casa "caprichoooo, caprichooo", como se fosse um alguém... rs
outra que é recorrente aqui em casa é a história da "fada dos dentes". vc não chegou lá ainda (rs), mas eu sempre contei essa história pras crianças e me lembro até hoje da cara de espanto do meu mais velho ao assistir a mesma história contada na televisão, há uns bons anos atrás!
bjs
tb adorava esse livrinho. meu pequeno de dois anos ama é o menino maluquinho q herdou.
bjos
Lucia Já Vou Indo, A Fada que tinha idéias, A Curiosidade Premiada, Marcelo Marmelo Martelo... Ê saudade!
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