Meu filho escolheu a hora de vir ao mundo, e não estou falando de parto. Benjamin não se importou se eu ainda não tinha terminado a faculdade, se eu estava de malas prontas pra um semestre no exterior (cujos termos da bolsa diziam bem claro NADA DE GRAVIDEZ), ou se seu pai e eu não éramos casados. Ele foi o espermatozoide mais esperto, se implantou no quentinho do meu útero quando quis e de lá só saiu quando chegou sua hora.
Eu não lidei muito bem com a notícia da gravidez em um primeiro momento. Como poderia, se cada pessoa que ficava sabendo parecia que havia descoberto que eu tinha um tumor maligno crescendo em meu ventre? Conto nos dedos de uma mão as felicitações sinceras que recebi, de pessoas iluminadas que encararam o fato como a benção que é, mas a grande maioria das pessoas que me cercam viam minha gravidez como um erro. Aliás, eu cheguei a ouvir isso diretamente: “Poxa, você é tão inteligente, como pôde vacilar desse jeito?” “Esse erro vai atrapalhar teu futuro”.
E olha que eu nem engravidei muito nova, não. São casos e mais casos de adolescentes grávidas, meninas de 13, 14 anos tendo filhos, enquanto eu, do alto dos meus 21 anos à época da gravidez seria considerada velha pra ter o primeiro filho no séc. XIX.
Hoje, filhos parecem ser um mimo reservado a quem pode criá-los, financeiramente falando. Hoje, filhos são um investimento, e um investimento alto se formos levar em consideração plano de saúde, enxoval, escola particular, inglês, natação... não acaba mais! Isso tudo para garantir que ele tenha dinheiro o suficiente para devolver o investimento quando estivermos decrépitos e incapazes de nos sustentar sozinhos...
Pra quem pensa desse jeito, meu filho foi um erro. Que sorte grande ele tirou por ter vindo para uma mãe que não liga a mínima pra essas coisas! Eu não posso comprar um carrinho cheio de apetrechos, mas levo meu filho juntinho de mim no sling. Eu não posso comprar a fórmula artificial mais cara da farmácia, mas meu peito está sempre a disposição do meu pequeno. E todo o meu amor é dado de graça pra ele, coisa que eu nunca vou cobrar de volta, porque é dele e somente dele.
Se eu fiquei triste por ter perdido a bolsa de estudos? Claro! Mas as fronteiras diplomáticas do Brasil não estão fechadas, o que me impede de tentar novamente?
Imagem: www.gettyimages.com.br
23 comentários:
não é freio, é motor!!!! sensacional nanda, lindo
Meu deus que lindo!
bjs
Fran
Nanda, parabéns mais uma vez. Pela coragem e pela beleza.
Bjs em vc e Benjamin
Nossa que lindo!!!
Adorei o texto e que lição de uma "menina"!
Beijocas
Fê Passos
Lindo mesmo!! Tomei pra mim... Minha filha é meu motor!
Amei o post! amei o blog.
Já linkei no meu!
até chorei. Muito lindo seu texto, nanda. Parabéns.
e lá vamos nós com nossos motorzinhos trilhando essa estrada da vida!!
Nanda... estávamos grávidas na mesma época e eu lembro de ler suas mensagens no grupo partonosso! Adorei o texto... parabéns!!
.. chorei.... nem tudo precisa ser linear.. programado... Muito amor para vocë, para seu filho e para todos que sinceramente te acompanham nesta caminhada.
Como leitora do seu blog, não poderia deixar de vir ler seu testemunho, Nanda. Confesso que foi uma notícia inesperada (eu te via formada, mulher de negócios acima de tudo, hehe), mas sabia que você ia ser uma excelente mãe e que o Benjamin teria uma mãe única como você é.
Oi, mamíferas!
Apesar de ter só 19 anos, eu sinto que um dos motivos de eu ter vindo pra esse mundo é o de ser mãe. Por ter nascido de uma gravidez de risco e parto cesárea, eu não entendia quando as outras crianças nasciam todas de cesareana, já que pra mim sempre pareceu um procedimento anormal, de urgência. Sempre me pareceu, desde criança, que o normal seria sair por onde se deve sair, oras.
Passei a madrugada passada lendo o blog... Meu namorado me mostrou o Dedinhos de Moça e vim parar aqui, mas não tinha parado ainda pra ler realmente com atenção. Ontem li várias coisas lindas aqui, pesquisei outras na internet, e confirmei mais ainda a minha vontade de ter um parto domiciliar, cercado de tudo de bom que vocês com certeza conhecem melhor que eu, hehehe.
O negócio é que hoje eu tinha vestibular da UFSC para prestar (já faço ciência da computação na UFSC, mas estava meio insatisfeita com o meu curso e acabei me inscrevendo de novo no vestibular.. ah, esses meus surtos), mas estava bem relaxada e tranquila, já que não me coloquei obrigação de passar. Enfim, to enrolando nesse assunto só pra dizer que fiz uma redação baseada em tudo que li aqui... Parece que o tema proposto caiu como uma luva pra mim, colocaram a poesia "Inscrição para um portão de cemitério", de Mário Quintana, e eu no auge do meu "querer arriscar uma redação doida", acabei encaixando a poesia com o tema dos partos (eu achei que ficou massa, mas né, a banca examinadora é toda doente com as notas). Fiz um conto sobre uma mulher que estava decidida a fazer parto natural mas acabou sendo enganada e realizando uma cesárea. "Ouvia o tilintar dos bisturis apressados, ouvia falatórios sobre como a mulher em gestação não tem discernimento para saber o que é certo, só não ouvia o choro de seu bebê e o a voz de seu marido e de sua mãe" [...] "Era cedo demais pra fazer cesárea", disse o médico. Há, espero que a banca goste! No finalzinho, disse que a moça pediu pra trocarem a cruz de lugar com a estrela, na lápide da criança, porque agora seu filho guiaria outras mães nesse caminho maravilhoso de doação que é a maternidade.
Vocês me convenceram, mas confesso que não foi difícil. Eu já estava convencida desde criança, tinha certeza que queria que tudo ocorresse da forma mais natural possível, do jeito que tivesse de ser.
Renata, aliás, sempre quis te dizer que eu tenho uma amiga muito muito linda, que quando pequena era muito parecida com a Ana Luz, em certas fotos até parecem a mesma criança. Ana Luz parece ser mesmo uma criança encantadora, e a Estrela, sem comentários praquele sorrisinho gostoso dela! =) Acompanho a Chiara quase desde o nascimento e realmente, é uma dádiva vê-la crescer, cada dia mais linda e esperta com suas descobertas.
Obrigada por tantos textos cheios de mensagens lindas, que colocam a gente pra pensar, pra questionar.
Agora, mesmo não sendo mãe e nem pretendendo ser por mais alguns anos, eu divulgo, converso e recomendo pesquisas sobre o parto humanizado a todas as minhas amigas!
Beijos, queridas!
(eita, me alonguei demais no texto... juro que só quis expressar o quanto gosto daqui! hehe)
Blog bom tem que ser compartilhado!
deixei um selinho pra vcs no meu blog!!!
Parabéns.
oooh que liinda! nossa história é idêntica flor! a diferença é que só tenho 19 anos... muuito lindo o que vc escreveu. me sinto assim em relação a minha menina! obrigada pelas palavras! =]]]
beijoo
;*
,lindoooo!!!
mesmo "casada" há quatro anos recebi mtos olhares e palavraas de desprovação pela minha gravidez... mas ainda bem que vemos nossos filhos como motores nas nossas vidas!!! Parabéns...
Muito bom texto mesmo!!!
Pelo que lembro, única pessoa que não teve um "susto" quando soube foi a Ábia, que praticamente saltitou de alegria.
Sobre a surpresa que a maioria das pessoas tem, quando disse para os meus pais que havia recebido um SMS dizendo que o filho de colegas meus tinah nascido, minha mãe até que falou "já!", mas ai eu e meu pai a lembramos de como são as coisas hoje. No mesmo período da sua gravidez uma vizinha adolescente também engravidou, aos 15, 16 anos.
O Benjamin vai ter orgulho de ler textos assim no futuro.
lindo, lindo. parabéns!
Ow, Nanda! Lindo, como tudo que tu escreves. Mas com uma pitadinha de emoção a mais, por ser aqui no Mamíferas. Parabéns duplo, pelo Ben e pelo texto.
Sorte do Ben que tem uma mamãe que consegue driblar as opiniões alheias e é capaz de pensar e agir com um coração mamífero!
Nossa, caiu como uma luva! Foi bem o que passei!
Sorte e luz pra vcs nesse caminho doido da vida!
E já te disse o quanto te admiro? ;)
Peço licença para adentrar esse universo feminino, com o intuito de parabenizar a minha querida Nanda pelo belíssimo texto.
Lindo, muito lindo. Acompanho de perto esse amor e essa história e posso dizer que eu queria ter pelo menos 50% dessa força da Nanda.
Bjos, te amo.
O post mais lindo do blog!
Aqui do alto dos meus nove meses de minha gravidez, tão controversa, tão inesperada, tão cheia de alegrias e medos, não pude deixar de me emocionar!
que lindo Nanda! que linda!
nanda,
massa seu texto.
e massa ler e lembrar de vc no começo da faculdade, antes de ser a mãe do ben.
só pra dizer que curti ler. só isso.
beijo.
nilton.
Postar um comentário