Minha vida conjugal começou a 3: eu, Miguel e meu Marido. Não tivemos tempo de planejar a chegada do bebê, de curtir as delícias de um casamento a dois. Tudo foi assim, rápido, intenso, sem muito tempo para pensar ou elaborar as transformações.
Eu não pensava em ser mãe e fui descobrindo meu papel mágico nesta história. Como uma leoa nasci absolutamente mãe selvagem, de peitos de fora, lutando para oferecer a meu filho um parto natural, uma infância em pleno contato com a natureza e o mínimo de intervenção como televisão, alimentos industrializados. Meu marido foi nascendo como pai, encontrando seu espaço dia a dia, a medida que Miguel foi se tornando mais independente da relação simbiótica com o peito.
E no meio disso tudo, a gente foi encontrando formas de se ajustar, fazendo do Miguel um grande companheiro de aventuras. Pequenino já frequentávamos cachoeiras da região, viajamos muito de carro, com direito à banho de pia em postos na beira da estrada. Sem muitas neuras assépticas.
Com um bom sono, sempre sobrou tempo para namorar. É claro que algumas vezes o cansaço venceu, as doenças dos primeiros anos trouxeram aquele ar de desalento energético que algumas vezes nos transforma em zumbis ambulantes. Mas isso, por aqui, nunca foi regra.
Fui descobrindo formas de me abrir para minha feminilidade novamente: um novo corte de cabelo, um batom, unhas feitas, caminhar para fazer o corpo ficar mais harmônico, aprender a tocar um instrumento musical. Encontrei meios de fazer meu trabalho, que amo de paixão, sem abrir mão de estar sempre perto do Miguel.
Mas, algumas vezes, acho que tenho paciência em excesso com meu filho e me falta com meu companheiro. Nesta fase próxima aos 3 anos, muitas vezes me sinto sobrecarregada das demandas educacionais: colocar limites sem violência, entender as birras como processos internos importantes, saber ser firme quando necessário, flexível quando preciso. Às vezes me sinto esgotada e sobra pouco para oferecer para aquele quem escolhi para caminhar nesta jornada comigo.
Acredito que faz parte dos nossos ajustes, de um casal que começou a vida em meio a crise que uma criança traz, revolucionando os dias. Com muita conversa e vontade de fazer dar certo a gente tem aprendido a crescer, a recriar as relações e descobrir que o amor pode ser ainda melhor quando vivido com leveza.
Foto: Paula Lyn
9 comentários:
Eu nunca fui muito paciente, por isso tenho dedicado toda a que existe em mim (e mais a que eu consigo inventar) a Alice.
Pro marido sei que tem sobrado uma mãe cansada com cheirinho de azedo... O prazer está em ver que mesmo assim tenho sido recebida com muito carinho e com paciência dobrada pra compensar a q me falta.
Amei seu relato!
Bju gde =*
No meu caso, quando me sentia relamente esgotada era porque tinha muita dificuldade de delegar. Somente eu fazia tudo com Alice. Isso foi me sobrecarregando de tal forma que quase pirei. Mas depois conseguimos nos ajustar. Meu marido é super participativo, super pai e super marido. Optei por não ter babá. Prefiro eu mesma cuidar da minha filha. Tem momentos que tenho que recorrer a minha mãe ou a minha sogra. E Alice adora passar os findis na casa das avós.
Bjssssssss
Aprendo cada dia com vcs! logo mais espero engravidar e tento aprender sempre com as experiencias de vcs!
bjinhus e obrigada pelo relato KAlu
Bom dia...uma pessoa muito querida me indicou este blog e estarei mais atenta...a todas as dicas e fatos/acontecimentos.
Forte abraço.
Oi Kalu,
Sempre fico pensando nisso, sabe?!
Me esforço pra ser uma boa mãe, mas creio que muitas vezes deixo a desejar como esposa. Também tento muito me desdobrar para atender aos dois, mas filhos são sempre nossa prioridade, não há como negar, não há como ser diferente. Se no meio de um "namoro" o neném chora, obviamente que mvamos atende-lo no mesmo momento, mas isso muitas vezes não é algo tão óbvio para nossos maridos. Já me aconteceu algumas vezes, e meu marido "entende" mas sempre fica meio beiçudo.
Mas fazer o que!?
Prioridades são prioridades!
Porém, há que se descobrir - harmonicamente - essa vida a 3, afinal os filhos não vem para dividir amor e sim para SOMAR amor, ou não é?! ;)
Beijinhos
Lívia mamãe do Uriel (e esposa do Giu :D)
Muito lindo e muito honesto o seu relato.
De peito aberto.
Acho que todas nos passamos por isso com o nascimento do primeiro filho.
O segredo eh exatamente o que vc falou, conversa, conversa, paciencia e muito amor.
bjos
Meu marido, nesse ponto, é um amor, entende perfeitamente que as crianças são em primeiro lugar. Nossa relação mudou, amadureceu e fortaleceu.
Kalu,
amei o texto!
Aqui em casa passamos por um processo parecido. Namoramos 1 ano à distância, casamos e 5 meses depois estávamos grávidos. Foi tudo ao mesmo tempo, e milhões de adaptações, alegrias, frustrações, e muito muito amor e companheirismo. Hoje estamos mais fortes, amadurecidos e viajando na jornada de um novo bebê planejado novamente, assim, sem pensar muito, apenas querendo viver a família que somos!
Parabéns por tudo, por toda coragem e amor.
Bjs bjs
que lindo texto, Kalu!
eu não passei exatamente por isso, já que morei junto com meu marido 8 anos antes do Caio nascer... mas de todo modo é um desafio conciliar a vida a dois com um bebê, mas sinto que esta nova etapa do casal é, embora difícil, ainda melhor, pois nos fortalece na união e na vontade de fazer daquele serzinho uma pessoa maravilhosa... E vamos aprendendo a retomar os namoros aos poucos, conforme o bichinho vai crescendo!
Acho esse tema ótimo pra vocês falarem mais vezes por aqui!!
beijo
Postar um comentário