por: Rodrigo Alexandre (mamífero convidado)
Eu ia começar falando da minha paternidade precoce - descobri que ia ser pai aos dezessete anos- e sobre a dificuldade de se afinar as idéias de paternidade consciente com a incômoda herança familiar, das agruras que encontrei até me empoderar como pai e tomar as decisões por si só no relacionamento pai-filho. Aí que não estava saindo nada e a Kathy, minha amigona-mamífera-do-coração soltou, com aquele jeitinho meio de bruxinha, "escreve como se fosse pra você". Pronto! Fluiu que foi uma beleza!
Tenho acompanhado o Mamíferas desde o comecinho e desde então enamorei-me pelos relatos, pelas experiências e pela convicção nas idéias de uma criação elucidada, responsável, longe da formatação a que somos submetidos há anos. Creio nessa tomada de comando de mães e pais na criação dos filhos em nome do Amor e, mesmo correndo o risco de ser taxado de xiita, tenho professado por aí essa minha convicção pelo despertar de uma nova paternidade.
Esse despertar, obviamente, tem seu preço. Ao tomar para si a responsabilidade pelas escolhas no contato pai e filho podemos, sem querer, ser atacados por aquelas dúvidas (internas ou externas) sobre se estamos realmente fazendo o que é certo. Afinal, sobrevivemos nossa infância e adolescência apesar das "boas palmadinhas" e dos castigos, não é mesmo? E, se funcionou com a gente, porque não "aquietarmos o facho" e seguir fazendo as coisas como aprendemos com as gerações anteriores? Quando essa dúvida surge, eu respondo para mim mesmo: Porque eu assumi uma missão de Amor.
Essa missão de Amor, creio eu, consiste em esforçar-se continuamente para dar a meu filho o melhor daquilo em que acreditamos e, é claro, não esperar que de mim emanem todas as verdades. Como homem, acredito que tenho a tarefa de contribuir para a evolução espiritual de nossa espécie através de meus atos. Como pai, tento me esforçar para que essa tarefa possa ser compartilhada também com a minha cria.
Quando ele era menorzinho, mesmo no pouco tempo em que ficávamos juntos, havia a idéia de que minhas atitudes influenciariam mais sua maneira de ver o mundo do que qualquer discurso. Respeitar o próximo, ser gentil e cavalheiro, defender seu ponto de vista de modo firme, ser delicado com os mais fracos. Não é um caminho fácil, mas tenho visto certo resultado nesses doze anos - para o lado positivo e também para o negativo, já que nem sempre estou nos meus melhores momentos e isso acaba me motivando mais e mais na intensificação desse "método".
O Raul agora está com doze anos e percebo claramente dois desafios pela frente. O primeiro é o de manter um canal aberto de diálogo, procurando estar o mais disponível possível para as duvidas e conflitos que surgirão na rotulada adolescência. O segundo tem mais a ver com o compreender que onde o coração vê um filho está também uma pessoa com gostos, idéias e convicções próprias que muitas vezes conflitarão com as minhas. Acho que aqui, o que rola de verdade é entregar-se ao fluxo das coisas e agir da maneira mais natural e amorosa possível, novamente sem impor. Tudo uma questão de manter mente quieta, espinha ereta e coração tranqüilo.
4 comentários:
Aaahh, eu sou suspeitíssima pra comentar esse texto... sou fã do Rodrigo por demais... Só posso dizer que pelo o que eu vejo no convívio com o Raul, você está conseguindo, querido. Ele é um doce de menino!
beijos de carinho
Que lindo texto. É isso mesmo, o caminho do amor é aquele que nunca tem erro. beijos admirados.
lindo, lindo. é muito bom ver um pai caminhando consciente, batalhando para fazer suas escolhas como pai de forma ativa. parabéns!
"porque não "aquietarmos o facho" e seguir fazendo as coisas como aprendemos com as gerações anteriores?" "Porque eu assumi uma missão de Amor."
LINDO DEMAIS!!! *___*
Forte abraço!
Lívia do Uriel.
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