por: Jorge Kuhn, médico parteiro, pai-mamífero convidado
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A Rê me pediu para que eu escrevesse alguma coisa sobre a minha experiência como pai, como obstetra, ou as duas coisas juntas. Confesso que pensei, pensei, mas não consegui “juntar as duas coisas”. Então, lá vão algumas reflexões...
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Mema (Esmerinda para os menos íntimos), minha querida esposa há quase 27 anos, e eu temos três filhos: a Rezinha ou Rê (que não é a das “pimentinhas”!), a Tainha e o Tavinho, ou melhor, a Renata, a Clara e o Otávio. Rezinha é minha primogênita que completou 26 anos em maio e tem esse diminutivo porque ela é assim conhecida entre os amigos há bastante tempo. Tainha, minha filha-sanduíche - diminutivo que também ficou até hoje, embora a Clara faça em outubro 26 anos - tem esse nome porque era como a Rezinha, pequenina, a chamava. Tavinho, também conhecido pelos amigos por Ted e Elba (por causa do cabelo), meu caçula, fez 21 anos em janeiro. Não o chamo de Ted, pois na minha época isso não era lá muito lisonjeiro. ;-)
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Eu ainda os chamo pelos nomes no diminutivo, embora sempre que tento chamá-los pelos nomes de batismo, sou contestado por eles!. É... parece que eles não querem ser adultos! Também, pudera... saíram da adolescência, mas ainda estão na “adultescência”, processo que no caso da Rezinha, primeiro-anista de residência médica em Pediatria, só deverá terminar lá pelos 40 anos! Com o Tavinho, sei não! Futuro engenheiro mecatrônico, ainda não decidiu se vai trabalhar no Itaú ou no Bradesco! Brincadeirinha... outro dia ele me disse que não quer ser adulto, pois é muito chato! Hummmm! Já estou vendo tudo! E a Tainha? Após cursar 2 anos de Hotelaria e 2 anos de Marketing, ao ser perguntada se vai fazer uma terceira faculdade ela responde que vai fazer Academia. Não, não é que ela vá fazer carreira docente ou entrar na Academia Brasileira de Letras, é que ela precisa fazer exercícios físicos!
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Agora falando bem sério... confesso que tem uma coisa de que me arrependo: ter tido somente três e não seis filhos! É que a gente só se torna um pai perfeito após ter tido seis filhos, tese jamais provada deste que lhes escreve. Olha aí... parece que eu consegui juntar a experiência de pai com a de médico parteiro, pois eu sempre tento junto aos meus clientes que eles tenham seis filhos e até agora nunca consegui! Apesar disso, nesses mais de trinta e três anos de Obstetrícia, já tive a sorte de acompanhar a gestação e o parto de duas mulheres muito especiais que tiveram cinco filhos cada uma! Querem privilégio maior?
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Bem, como não sou lá muito romântico e nem gosto de escrever muito, deixo a seguir um texto que guardo há muitos anos e fica constantemente em minha mesa de trabalho em casa.
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Um beijo grande a todas as mamíferas e um excelente dia dos pais!
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Ser Pai...
Por Rubens Xavier Guimarães, médico gastroclínico
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"Ser pai é estar na calma emocionante deste quarto com alguém pequenino e lindo nos braços, a quem eu posso chamar: meu filho!
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É me sentir forte, como o mais forte dos homens. É me sentir dono e escravo ao mesmo tempo.
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É poder dar a esse pedacinho de gente um pouco de mim e muito do meu amor.
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É extravasar um carinho que já não cabia dentro de mim.
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É embalar um berço, tonto de sono, ouvindo pela madrugada o chorinho, e ter de trabalhar no dia seguinte, cansado, corpo dolorido.
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É falar baixinho (falar com o coração, eu quero dizer), com as mãos, com os olhos, com os gestos...
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É andar na ponta dos pés para não acordar o “soberano”.
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É sonhar coisas, fazer projetos. Imaginá-lo grande, forte, crescido, dizendo “papai”!
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É olhar o horizonte e vê-lo já crescido: médico, engenheiro, astronauta ou apenas um homem simples, mas correto, honesto, um homem de verdade.
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É acordar à noite em sobressalto: “será que ele está bem?”.
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É de manhã levantar numa estranha ansiedade, sem querer acreditar se é sonho ou verdade, e repetir baixinho: é verdade, tenho um filho. É meu...
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Ser pai... Ser pai é tanta coisa! É ver a vida com olhos de esperança.
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É a gente se desdobrando num pinguinho de gente.
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É ver o varal sempre apinhado: fraldas, xales, cobertorzinhos.
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É sentir no ar aquele inesquecível cheiro de um suave talco..."
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Imagem: www.gettyimages.com.br
5 comentários:
Temos um selinho pra vc lá no blog passa por lá ..... amo seu blog!!!
Lindo texto lindo!
;)
Me emocionou! Me lembrou quando o Uriel nasceu, meu marido não conseguia olhar pra ele sem encher os olhos de lágrimas. Tá certo que foram raras as vezes em que ele levantou de madrugada para ver o neném que chorava, mas mesmo assim cada olhar era adoçado com lágrimas nos olhos de tanta alegria por ter se tornado pai!
Beijinhos
Lívia mamãe babona do Uriel (que também tem um papai beeem babão!)
ah, dr. jorge, eu SEMPRE lembro dessa sua dica (ter mais filhos)!!!
mas está tão caro criar os 3 que eu já tenho, que vou declinar do conselho... tenho certeza de que vou me arrepender depois, mas talvez a gente ainda possa colaborar com a sociedade adotando uma criança, não? afinal, o que importa é o amor!
parabéns pelo seu trabalho lindo, pelo texto, pelo exemplo, tenho muito orgulho de conhecê-lo!
bjs
ana b.
aiaiai. eu bem que tenho vontade de seguir esse conselho, viu? mas acho que a situação financeira também não permitirá. mas ainda me permito sonhar com mais um... será? =P
se bem que aqui em casa, o maridão já tá quase atingindo a sua meta, já tem 5! mais um e pronto, ele prova a sua teoria! =D
bjos e obrigada pela participação, querido!
Meu querido e doce amigo Jorge,
Sabe que eu sou bem capaz de seguir os seus conselhos, que serão quatro eu tenho quase certeza, e dai para seis só vão faltar dois né?! E como eu sei que vou morrer pobre, eu não tenho razão para economizar!
Obrigadapor ter aparecido na minha vida nos momentos mais especias! Você sempre será um grande amigo!
baita beijo
Rel
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