Neste fim de semana aconteceu uma coisa que me deixou perdida. Miguel adora a Yaya, sua amiguinha de 3 anos e meio.
Passou o dia brincando, correndo atrás dela, conversando. No fim do dia ele rolava na grama com ela e mãe dela, querida Yuri. Miguel se levantou, pegou uma pedra e jogou nela. Meu chão caiu. Por que ele fez isso? Pensei.
Ele pediu desculpas, ela desculpou, mas resolvi investigar. Antes de dormir, eu perguntei:
- Miguel, por que você jogou pedra na Yaya?
- Eu pedi dicupa.
- Eu sei e também tenho certeza que você não vai fazer isso novamente, né?
- Eu jogo pedra no lago. Não sabia que fazia dodói.
Fiquei surpresa com sua capacidade de entender o erro e justificar.
Contei a primeira parte do caso para uma amiga de São Paulo, pouco mamífera. Ela prontamente disse que se fosse filho dela o mínimo que ela faria era dar um tapa nele.
- Mas aí você estaria validando a violência, não é?
Ela não me respondeu, mas afirmou que seu filho de 1 ano e 2 meses só para de bater na irmãzinha de 6 anos, quando ela dá uns tapinhas. Pra mim essa é a grande incoerência do mundo.
O pior é que com este diminutivo a pessoa se engana que um tapinha não é violência.Na minha opinião há uma diferença grande entre condicionar (bater quando está errado e elogiar/presentear quando está certo) e educar. Educar exige tempo em qualidade e quantidade. exige repetição e a nossa capacidade de fazer entender para cada idade. No caso deste menino de pouco mais de 1 ano, eu pegaria a mãozinha dele e faria ele acariciar a irmã, pedindo para que ela fizesse o mesmo. Afinal, nesta idade eles não tem um controle motor prfeito e a interação muitas vezes se parece com um tapa.
Bater é um ato de total covardia que deveria ser abolido de nossa sociedade. Bater não educa, bater gera violência e raiva. Gente grande não pode bater em criança. Para que esta criança nunca bata em outrém. Aqui em casa faz 2 anos e meio que nunca entrou um tapa aqui. Tenho orgulho disso e procuro semear esta idéia onde quer que eu esteja.
E vocês, o que pensam sobre bater em criança? Adotam o Tapa Zero?
18 comentários:
Não se ensina a não bater, batendo. Assim como não se ensina a não gritar, gritando. Na hora pode até resolver mas a criança aprende que para alguém não bater mais tem que bater de volta. Ou seja, se ensina a cultivar a violência. Ah, mas um tapinha não é violência, podem dizer. Não? Como diria a psicóloga e fundadora Lacri (Laboratório de Estudos da Criança do Instituto de Psicologia da USP): ``...bater é um desrespeito à criança. Se batemos em adulto é agressão, em cachorro, crueldade, em criança é educação?``
Criança precisa de uma liderança firme e amorosa. E o respeito dessas pessoas em formação se conquista com uma postura admirável por elas, e não temida.
Renata (36a)
mãe do Dioniso(4a8m) que nunca levou um tapa sequer e é uma criança amorosa, extrovertida e respeitosa.
Tapa zero, claro! Não consigo aceitar que batendo as pessoas acham que estão educando, até porque bater não é educado, é desrespeitoso, em qualquer circunstância.
E o mesmo vale para gritos e palavras ofensivas...não aceito!
Parabéns pelo texto!
beijos, Re
Quem teve a oportunidade de transitar de uma educação mais tradicional (gritos, autoritarismo e afins) para uma educação mais respeitosa, pode atestar as diferenças de um e outro processo. É impressionante. Não só a criança ganha, mas a qualidade de vida do lar é incomparável!
Aqui é agressão zero. Para educar nosso filho, precisamos nos inscrever humildemente em um movimento muito intenso de auto reeducação. Não é fácil, mas faz uma diferença que compensa qualquer preço!
Em tempo, ontem fui levar meu filho ao posto e presenciei um fato que me deixou chocada. Quando lá chegamos, ele ficou interessado em umas bixigas que estavam dependuradas. Como ninguém do posto pareceu dispor as bixigas para as crianças e elas estavam muito altas, eu fiquei em pé e levantei os braços para o alto: não consigo pegar! Eu disse. E eu: você consegue? Ele ergueu também seus braços e tentou. Pulou várias vezes, até declarar que não conseguia. Eu então disse: bem, acho que vamos ter que brincar de outra coisa! Então ele subiu no meu colo e ficamos brincando um com o outro.
Tempos depois, senta-se uma mãe com uma menininha de um ano, pouquinho mais. A menininha logo se encantou pelas bixigas e começou a apontar e a dizer, com ruídos inarticulados, que queria pegar uma. A mãe, primeiro mandou-a calar a boca; em seguida ameaçou com os médicos; como não resultou, apelou para a lata do lixo e a polícia. Porque tudo isso falhasse, começou a bater na menina. Kevo se encolheu todo no meu colo, e eu fiquei com cara de pastel. Pera aí, o que aconteceu? Por que ela está batendo na menina?
É comum nós mães dizermos que os nossos filhos são "nossos maiores tesouros", "nossas vidas", "as pessoas mais especiais do mundo"; eu apenas me pergunto se essa maneira e outras que tais é a adequada para tratarmos pessoas que amamos tanto.
Pra mim, além de todos os argumentos pedagógicos e irretorquíveis sobre a não-violência, vigora um que, de certo modo, lhe é superior: trate as pessoas que você mas ama como.... As pessoas que você mais ama!
Agora é oficial: se eu fosse homem, ia casar c vc!!!
Esse negocio de ciume entre irmaos pra mim é criado pelos pais e parentes mais proximos. Aqui em casa nao tem nada disso. Se bater, eu falo mais grosso e mando fzr carinho e td fica bem.
Confesso que as vezes tenho duvida sobre como agir e já errei.
Mas bater é errado, tem que ser!
Bjks minha alma gemea!!!
Eu ainda estou me preparando para ser mãe e estou pesquisando muito ainda para ser uma boa mamãe... mas acho que tem certas crianças são terriveis, lógico que não sou a favor de bater nas crianças, mas acho que existem algumas circunstâncias para uma reepreensão mais rigida, como um castigo e até meus umas palmadinhas... pode ser que eu ainda mude de ideia, mas eu hj tenho 30 anos e tive uma criação muito rigida de apanhar e tudo(não fui espancada tá), e nem por isso sou revoltada com a vida ou agressiva... acho que tudo depende tb de como se repreende a criança... eu já sou o meio termo!!! nem tapa 0 e nem espancamento que a criança apanha com tudo... bom esta é minha opinião!
Concordo com todos os argumentos expostos pela Kalu no texto. São claros e lúcidos.
Acho que bater em uma criança é um ato de extrema covardia. Ela é um ser em desenvolvimento e indefeso prante um adulto.
Nunca apanhei dos meus pais e não cogito a possibilidade de bater na minha filha. Tapa zero com certeza.
Renata, amei a frase ``...bater é um desrespeito à criança. Se batemos em adulto é agressão, em cachorro, crueldade, em criança é educação?. perfeita!
Renata 2, é isso mesmo, o mesmo vale para gritarm, humilhar, mentir ameaçar...
Jobita, sou sua fã em relação aos cuidados com o Kevo. Que situação você descreveu, hein? Acredito que o nível de consciência das pessoas seja tão pequeno que elas nem percebe o que fazem "com os tesouros de suas vidas".
Dydy alma gêmea, também acho que este lance de ciúmes é bem mais ameno do que pintam. Se eu fosse homem tb me casava com vc...
Luciana, você pode descrever uma situação em que o tapa seria necessário? Eu não conheço nenhuma. Aqui em casa eu falo firme (sem gritar). criança precisa de limite sim, de autoridade, de não para as coisas que não podem (mas sempre com explicação). Não consigo ver uma situação sequer em que a palmada possa ser pedagógica. na minha opinião é violência: um tapa ou um espancamento. Porque o espancamento começou com o tapa. O tapa deixa de surtir efeito, aí vc bate mais forte e mais forte...
Bebel, eu apanhei muito e sofri várias agressões psicológicas. E isos é muito danoso. Cria um condicionamento que só com muita terapia para sair dele. Obrigada por sua opinião.
Kalu, esse assunto dá pano pra manga, né? Ontem, quando cheguei na escola, o Rodrigo estava surtado, batendo no amiguinho e em duas auxiliares! E o pior é que ele não aceitava conversa, nem abraço, nem coisa nenhuma. Bateu em mim, no pai... Eu tentei conversar com ele firmemente, mas sem resultado. Eu sabia que era cansaço (depois também vi que era fome), mas isso não autoriza, né? Então, foi super difícil. Consegui não bater (sou contra bater, mas de vez em quando já perdi a paciência), mas olha! Foi difícil... Principalmente por vê-lo batendo em outras pessoas, alucinado, com raiva e sem aceitar nenhuma acolhida pra sair do surto. Ai, ai.
(percebeu que o comentário não deu em lugar nenhum né? Acho que é só pra desabafar e agradecer por dividir essas situações duras!).
Beijos.
Fabiana,
É difícil mesmo ver nossos pequenos a revelar suas faces obscuras, né? A gente s epergunta onde errou, né? Mas eles estão aprendendo a lidar com o mundo e isso envolve o bem e o mal, acertar e errar. Não tem jeito. Obrigada pelo desabafo.
Fabiana,
É difícil mesmo ver nossos pequenos a revelar suas faces obscuras, né? A gente s epergunta onde errou, né? Mas eles estão aprendendo a lidar com o mundo e isso envolve o bem e o mal, acertar e errar. Não tem jeito. Obrigada pelo desabafo.
Bater em criança é pura falta de argumento.
Vez ou outra a Luluka me tira do sério:ô idade mexeriqueira,né!
2a4m fica revirando tudo,o que não alcança arrasta uma cadeira pra subir e assim alcançar.
Reconheço que não estou isenta,pois já testei o dito "tapinha"na mão-erro gravíssimo-doeu mais em mim que nela;pedi-lhe desculpas,expliquei que tinha perdido o controle e tals... e ela me desculpou,para o meu alívio.
De tanto minha mãe falar fui testar,já que estão me tachando de não saber educar minha filha,pois ela não me obedece,blábláblá.
Quer saber?Converso,explico,olho nos olhinhos dela quando explico,tô fazendo acoisa certa,mas ela revira tudo porque é da idade,porque tem coisas para serem mexericadas e bagunçadas,porque é tudo uma descoberta e isso é normal!
Quer saber mais?
Fiquei aliviada que depois do fatídico "tapinha" ela continuou ser a minha bebê desafiadora,curiosa e mexeriqueira.
Ela me desafia a aprimorar meus argumentos a cada dia que passa;nós duas estamos nos educando,pois a educação não é mão única.
Lindo post...parabéns flor
Kalu, sobre seu comentário sobre marcas de violência na infância, eu gostaria de apontar um outro lado. Muitas vezes o adulto, quando agride uma criança, não faz para educar, mas para descarregar seus próprois sentimentos - irritação, impotência, cansaço... - a criança então é um bode expiatório, e o adulto não está realmente pensando"vou fazer isso para educar".
OUtro ponto que acho muito importante: a violência faz parte de nós. Nós temos esse gérmen em nossos instintos, seja por uma questão cultural, seja por reflexos aprendidos na infância. Será que todos nós conseguiríamos nos manter na linha do "tapinha pedagógico", supondo, por um instante, que ele possa ser necessário, ou corremos o risco de embarcar numa escala ascendente de concessão à violência? Do tipo "bem, eu só xingo meu filho quando ele não me obedecer" e aí ir ampliando: quando ele estiver muito difícil, quando eu estiver exausta, quando eu estiver de tpm, afinal de contas, eu sou humana....
Eu tive um sinal vermelho acionado em um dia em que eu estava furiosa com outra questão que não tinha nada a ver com o Kevo e ele relutava mais que o comum para dormir, provavelmente por minha agitação interior. Então eu coloquei ele no sofá, apertei seus ombrinhos com força e disse, em um tom gelado, daqueles cáusticos: fica quieto!!!! O que ele fez? Sentou no sofá, disse algo como ""mamãe ta pedindo pra kevo sentar no sofá", abaixou a cabecinha e começou a tremer! E por trás da impressão de falha, de pavor, do tipo "meu deus, eu fiz meu filho ter medo de mim, que horrível!" veio um sentimento de poder, do tipo "eu tenho o controle". Não gostei nada, nada disso e percebi que, por mais que meu filho de 2 anos precise de educação e limites, quem precisa mais urgentemente de ter limites e bom senso sou eu!
É muito fácil bater em criança. Ela é indefesa. Difícil é educar de uma forma consistente e amorosa.
Kaluzinha... concordo com todas as suas palavras. Educar é muito mais complexo. Bater não educa. Ensina a criança a ter medo, a mentir, a ser violenta e a não ter respeito e confiança pelos pais. Com o Kiyo eu já perdi o controle. E o incrível foi que depois do fato, eu me senti muito impotente. Do tipo: "Por que eu fiz isso? Não ajudou em nada e ainda por cima deixei o Kiyo magoado e desconfiado." Hoje em dia eu converso, explico, olho nos olhos, às vezes eu preciso contar até 53... coloco ele sentadinho e explico que o que ele fez não é certo. Tento entender porque ele fez aquilo.
Ele é a minha benção!
beijos,
DANI DO KIYO
É, Kalu... É isso mesmo: é difícil vê-los em seus momentos de brabeza, raiva, descontrole... Mas é a vida, né? O jeito é tentar ajudá-los de alguma forma a acolher essas partes e momentos e encontrar um equilíbrio. Mas apesar de ter a coisa do espelho, acho até que tenho aprendido a vê-lo em seus processos, isto é, a manter o foco não dos meus próprios erros, mas naquilo que ele expressa e porque se vê precisando expressar dessa maneira... Depois que ele fez três anos, ele deu tantos saltos, que acho que tornou essa distinção possível :-) Beijos, querida (e obrigada pela acolhida ao desabafo)!
Kalu, só agora li o texto e acho muito bacana que tenha tocado no assunto aqui tambem!
Como disse la na Materna, não bater é o ideal mas para quem ACREDITA no tapa, dizer simplesmente que bater é COVARDIA, ANADIMISSIVEL, etc, não basta!
Já não falo por mim e minha história, mas por outras pessoas que visitam o "Mamiferas" e que nos acham RADICAIS e liberais demais.
Seria bacana ler um texto aqui dando dicas e sugestões para a geração que APANHOU e acredita que bater educa ir mudando a "cabecinha", mas tudo aos poucos...
E sobre as pessoas que fazem absurdos com seus filhos: é preciso ter empatia, afinal a gente não conhece a história de vida de todo mundo.
Sei que é duro ver certas coisas, mas as mudanças levam tempo e é preciso julgar menos e tentar ajudar mais...
beijo
Acabo de ler o post e adorei! Adorei mais ainda por ter visto que ainda que a situação acontecida entre os nossos pequenos tenha parecido grave, nós - mães e pais presentes - conseguimos dar o espaço necessário para que elas conversassem. Foram alguns segundos, mas foram essenciais. Essenciais para que Miguel transmitisse à Yasmin toda sua pureza e meiguice, e expressasse o seu mais terno "foi bincadêra, dicupa!"
Nossa tranquilidade permitiu que mais tarde Miguel e Yasmin, em uma sincronia impressiontante, chegassem a mesma conclusão. Yaya naquele mesmo dia, recontando o episódio ao pai que perguntou porque Miguel havia jogado a pedra, disse: "é porque ele achou que eu era um rio!" E fim da história.
Ou seja, a calma e a firmeza interna dos pais possibilita muito mais que evitar a agressão, mas lidar de forma serena com os muitos conflitos que acontecem entre nossos filhos e os demais. Agredir ou ficar com raiva da criança que bate em nossos filhos também não educa, também não proporciona um momento de reflexão entre as crianças.
Assim também acredito que seja na relação entre os irmãos. Muitas vezes eles estão, através do tapa/mordida/empurrão, demonstrando que ainda não sabem lidar com aquele sentimento que entra em erupção quando acuados/raivosos/molestados. O equilíbrio entre intervir e deixar com que eles descubram a melhor forma de resolver o conflito, é sempre uma arte.
Um beijo minha linda! Amamos vcs!
Jo, nossa me arrepiei com seu último comentário, concordo plenamente e acho muito difícil existir uma mãe tão consciênte e inteligente como vc.
Eu tô entrando nessa agora, tô grávida de cinco meses de um menininho, meu primeiro, e como tive uma educação tortuosa a base de gritos e agressões e discordo totalmente dela encontrei aqui no mamíferas almas irmãs, obrigado à todas.
Postar um comentário