por: Tata
Eu, agora mãe de segunda viagem - com a terceira filha nos braços, mas como as duas primeiras vieram juntas, é como se fosse a segunda - , tenho percebido como com o segundo filho fica tudo muito, mas muito mais fácil.
Eu não sei se é o fato de que a gente já tem a prática adquirida com o primeiro, se a gente já tem consciência que os bebês são resistentes e não quebram ao primeiro toque, se com os filhos mais velhos na barra da saia a gente aprende a se virar como dá, ou se é uma junção curiosa de todos os fatores acima enumerados. O fato é que com o segundo filho a gente se vira, inventa, descobre soluções e dá conta do recado com muito, mas muito mais facilidade que da primeira vez.
Eu, por exemplo, agora com a Chiara em casa, tenho feito tudo com tanta facilidade, que às vezes até me espanto, de lembrar como foi com a Ana Luz e a Estrela.
Um exemplo é o sling. Com as mais velhas, eu demorei uns meses pra conseguir colocá-las e me sentir segura. Já a Chiara, no primeiro dia de vida já estava bem aconchegadinha lá dentro. Foi questão de minutos, e a pequena já estava acomodadinha, e eu com as mãos livres pra cuidar das mais velhas. E desde então a caçulinha tem curtido altos passeios, sempre encasuladinha.
Com as meninas, eu demorei uns bons dias pra dar o primeiro banho. Quem se encarregava disso era o papai - pra quem elas não eram as primeiras, mas sim a terceira e a quarta, já que ele tem dois filhotes do primeiro casamento - , porque eu morria de medo de derrubar, afogar, e sei lá mais o quê. O primeiro banho foi desajeitado que só, e levou um tempo pra eu fazer com facilidade. Agora, já dou banho de balde na pequena, e hoje arrisquei um banho de pia, quando a lindona fez um cocozão que chegou quase no pescoço, e não tinha jeito de deixá-la limpinha só na base do algodão molhado. Foi questão de minutos, e lá estávamos nós, bebê limpinha e mãe contente da vida.
Sair de casa é outro detalhe. Com as mais velhas, levei mais de um mês pra sair de casa pela primeira vez. Agora, com uma semaninha de vida a caçula já levava as irmãs pra escolinha, logo de manhã. E só não foi antes pelo frio polar que vem fazendo por aqui, porque se estivesse calor, acho que nem isso tinha demorado.
E a tralha carregada nas costas? Nas primeiras filhas, cada saída era uma novela: a bolsona de bebê a tiracolo, carregada: saco inteiro de algodão, potinho para por água, garrafinha com água quente, várias trocas de roupa, uma infinidade de fraldas descartáveis, outra de fraldas de pano, uns dois ou três cueiros, manta, gorrinho, luvinha, sapatinho, saco plástico, ufa! Agora, uma mochilinha pequena dá conta do recado numa boa: uma roupinha básica para emergência, duas ou três fraldas - dependendo do tempo que pretendo ficar fora - , algumas bolinhas de algodão e pronto, lá vamos nós.
A amamentação também é um capítulo à parte. Com as primeiras filhotas, mamar deitada, nem pensar. Demorou uma eternidade pra eu pegar o jeito. E era sempre a mamada inteira prestando atenção na pega, segurando o peito para a bebê. Agora, durante a noite, o mamá é deitado, por definição. Praticidade é a palavra de ordem - levantar pra que? Já perdi as contas das vezes que dormimos umas boas horas aconchegadinhas, ela aninhada nos meus braços, a carinha grudada no peito, feliz da vida. E pega? Vixe! A bichinha já veio com ela aperfeiçoada de fábrica! Às vezes é só botar a pequenininha perto do peito, e em questão de segundos ela abocanha, direitinho.
Bem que dizem que segundo filho "já vem criado". É curioso, chega a ser engraçado.
É claro que isso não significa que a gente curta mais o segundo filho que o primeiro. Na verdade, são só maneiras diferentes de vivenciar a experiência. Na primeira, a gente tem o frescor, a novidade, a maravilha da descoberta, do novo, do desconhecido. Na segunda, a gente tem a tranquilidade, a intuição já fortalecida, a confiança.
Eu não acho que seja uma mãe melhor para a Chiara do que fui - e sou - para a Ana Luz e a Estrela. Sou uma mãe diferente, apenas isso. Como não podia deixar de ser, já que o tempo passou, e eu não sou mais a mesma pessoa que era há quatro anos atrás. E é graças à mãe que fui, durante esses quatro anos, para minhas filhotas mais velhas, que posso ser a mãe que sou hoje, para a caçulinha. Tudo é fluidez e continuidade.
E o amor, esse é o mesmo. Imenso, sempre.
E multiplicado, a cada segundo.
Imagem: www.gettyimages.com.br
13 comentários:
Obrigada, obrigada, obrigada.
Seu texto é um presente delicioso de ler.
Beijos e parabéns pela Chiara!
Beijos
Minha segundinha é bem diferente do primeiro, mas eu já estou "criada"...hehe!!!
Tudo verdade Rê!
Quando as pessoas falam:
- "Um filho já é difícil, imagina dois?"
Eu digo que quanto mais filhos, mais fácil fica...hahahahahaha
Re, sempre é delicioso ler estes textos colocados por vocës três e pelas convidadas. Eles com certeza devem ajudar outras máes e pais a entenderem que filho não vem para complicar a vida, mas para nos ensinar, para facitar a nossa caminhada neste mundo.
Este seu texto demonstra bem isso. Corujices de máe à parte, é uma delicia lê-lo. Sensível, divertido, didático. Que bom perceber essa leveza em vocë, minha filha. Te amo.
E um recado para todas vocês que escrevem estes textos deliciosos neste blog:continuem mostrando como a experiëncia de ter sob sua responsabilidade a criação de outro ser humano, náo é um peso, mas uma experiencia marvilhosa.
Liliana Penna
Olá à todas as mamíferas. Já acompanho o blog há um tempinho, mas fico meio "acanhada" de colocar meus comentários aqui porque por mais que eu entre aqui e me sinta totalmente acolhida, dentro de um mundo de iguais, eu ainda não sou uma mamífera, nem gestada, nem parida, apenas nos lindos planos e sonhos que mantenho.
Vivo grandes dilemas na minha vida, devido às constantes "brigas" entre meu lado racional e meu lado psicológico, pois sinto que nasci pra ser mãe, quero ser mãe, mas aquele lado "que a sociedade impõe" e infelizmente ás vezes temos que seguir, mostra que não é possível trazer esse sonho pra mim agora. Tenho quase 20 anos, trabalho e estudo, passo o dia todo fora, por mim, largaria tudo isso pra me dedicar à maternidade, mas viver do que? Tem a renda do marido, que, na minha opinião, bastaria, pois criar um filho dá gastos sim, mas na visão mamífera esse gasto é menor, tirando as frescurinhas e os "venenos" que não teremos que comprar. Massss infelizmente o maridex ainda anda um pouco com a boiada e às vezes meu lado racional também briga pra que eu os siga. Enfim, isso daria um enorme texto, assim como esse post já está gigante, desculpe.
Só quero dizer que entrando aqui me sinto muito confortável e à vontade, pois há muito tempo já tinha idéias "mamíferas" para maternar e não sabia que encontraria esse cantinho onde tantas pessoas pensam igual! Aqui, vi nas palavras de vocês todos os meus ideais sobre a maternagem e vocês vieram até a acrescentar novas idéias e fortalecer as que eu já tinha.
Muito obrigada por tudo, vou continuar aqui sempre, até o dia desse sonho realizar-se e eu poder sentir esse amor sufocante que vocês nem conseguem descrever de tão forte. Espero que vocês não reprovem as visitas e/ou os comentários de uma mamífera apenas no coração (ainda).
Beijos
Ótimo texto, Renata, estamos esperando vc contar como foi o parto tin tin por tin tin! Beijos a todas nessa casa feminina!
Renata,
Parabéns pela Chiara!
Seu texto me fez pensar como a vida em comunidade ficou dilacerada atualmente.Este sentimento de dificuldade com o primeiro filho em comunidades mais fechadas era resolvida através da experiência anterior na comunidade.Agora, por mais internet que exista, a sentimento de segurança e naturalidade que a experiencia de outro poderia ajudar a diminuir as dificuldades do primeiro filho estão longe de se resolverem no mundo virtual.Dá para dizermos que involuimos nisso.Não é a toa as cesáreas, problemas de amamentação e todo o pacote.
Tata!
Parabéns pela fofíssima Chiara! Que ela venha para abrilhantar cada dia mais a vida de todos ao seu redor e que se torne uma pimentinha tão sapeca quanto as irmãs, que afinal é o que dá gosto as receitas! ;)
Teu texto tá muito legal e me fez lembrar de uma frase muito engraçada mas que se for analisada tem um fundo de verdade, não da forma como ela é, mas da forma como as coisas acontecem: "o primeiro filho a gente esteriliza, o segundo a gente dá banho, o terceiro a gente sopra!" hehehehe...
Beijinhos
Lívia do Uriel
Imagino que toda a dificuldade vista pela maioria das pessoas dependem delas mesmo...de como elas encaram as coisas. Como tudo na "mamíferagem", o medo da dor do parto, o peito caído por conta da amamentação e tantas outras coisas... é tudo hiperlateral...cada um encara de um jeito.
Nessa minha gravidez de segundinho já posso perceber isso também, como estou tão mais tranquila do que na primeira... sei que quando o bebê chegar vai ser tudo mais fácil também!
beijos, post delicioso!
Tata, que bom "ouvir" isso =)
Eu tenho muuuuuita vontade de ter outro filho sim, mas fico um tanto apreensiva: será que vou dar conta de duas crianças, mais cachorra? risos. Mas, lendo seu post, vi que tudo parece ser mais fácil. Fora que minha mãe e minha sogra, além de amigas que têm mais de um filho, me falam as mesmas coisas.
Mas, parece que é diferente saber disso vindo de uma mamífera, de pessoas como vocês com as quais me identifico muito.
Obrigada pelo texto!
Pronto... Gamei ! Fiquei Apaixonada por esse blog rsrsrs
Adorei o seu texto, adorei sua maneira de falar, adorei !
Muitas Beijocas e Parabéns pelo blog, pelo texto, e pela linda familia.
bjs
que texto delícia... me identifiquei com quase tudo que contou sobre a primeira mãe que você foi... bacana ver como a mãe muda com cada filhote (super link com o texto da Socorro!), e fiquei até mais animada em começar a pensar no segundinho... rsrsrs
bjs
re, que post mais lindo... tô aos prantos aqui! parabéns, demais, do fundo do coração à vc...aliás, à todos vcs da família pimenta, pela nova vidinha que está entre vcs!
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