por: Kalu
Era um final de trade em São Paulo e Miguel me convida pra um delicioso passeio: vamos jogar bola?
Lá fomos nós dois para a quadra do condominio onde minha mãe mora. Chegando lá havia vários meninos mais velhos entre 7 e 9 anos. Alguns jogavam basquete, outros chutavam uma bola contra o gol. Miguel logo quis brincar com sua inabilidade pertinente para seus 2 anos.
Alguns meninos mais velhos o conheciam e começaram a chutar de leve a bola para ele. E um outro menino mais nervozinho ficou irritado com a intervenção. Eu do lado de fora obaservando a situação.
Este menino tirou a bola do pé do Miguel e disse que ele não podeia jogar. Miguel protamente deu um tapa no menino para pegar a bola de volta. O menino revidou o tapa jogando o Miguel longe. Foi um senhor tapão que fez o Miguel cortar a boca.
Segui em direção ao Miguel, acolhi e disse para ele:
- Filho, a gente não pode bater em ninguém. Você deve pedir pela bola e nunca bater. Peça desculpas para o menino.
- Culpa, disse o Miguel.
Então pedi para que o menino pedisse desculpas para o Miguel e pensasse sobre não reagir com tamanha violência contra crianças pequenas. O menino disse:
- Não vou pedir desculpas nada! Se ele bateu em mim tinha o direito de revidar.
Para não discutir com um menino de 9 anos peguei o Miguel e fui para casa da minha mãe.
Qual não foi minha surpresa quando recebo um telefonema da mãe do tal garoto?
- Você não é ninguém para chamar a atenção do meu filho!
Calmamente expliquei a situação e a mulher respondeu:
- Se seu filho menor bateu no maior ele aprendeu que a lei da vida é dos mais fortes.
- Bem, cada um cria o filho como quer. Eu aproveitei para ensinar a meu filho a não resolver as coisas pela violência e o estimulei a pedir desculpas. Espero que seu filho não seja vítima da SUA própria violência.
- tummmmmmmmmm
A mulher bateu o telefone na minha cara. Sinceramente fiquei chocada. Como pode uma mãe incitar a violência do filho? Vocês já passaram por situações absurdas como essa?
Imagem: http://www.gettyimages.com.br/
12 comentários:
Vc esta certissima, mas eu não conseguiria ter sua paciência, só de ler ja fiquei nervosa com esse menino e a mãe dele, aff...
Ketty,
O mais engraçado foi ouvir de toda a minha família que eu devia ter batido no menino. Pode? Eu expliquei para eles que talvez a não-violência ensinasse mais a este garoto do que uma agressão, que certamente ele deve ser vítima constantemente.
Kalu,
Estou chocada com seu texto, com a mãe desse menino. E também sobre seu comentário da opinião da sua família.
Gente, como assim???
Medo!
Olha Kalu, admiro teu sangue frio.
Sinceramente eu teria ido passar uma bela reprimenda (verbal) no garoto já na quadra e se ele respondesse com desaforo iria atrás dos pais dele.
Onde já se viu isso? Um marmanjo machucando um menorzinho.
A mãe desse guri está criando o filho como se fosse um animal (aliás, pior que um animal pois os pobres bichinhos só possuem o instinto para sobreviver e nós "seres humanos" temos o livre-arbítrio...).
É esse tipo de criação deturpada que (de)forma seres despreparados para a vida em sociedade, que quando crescem usam a violência não apenas com estranhos mas com as próprias famílias.
Tomara que essa mãe relapsa não seja futuramente uma vítima do próprio filho.
Olha Kalu, eu constantemente vivo situações como essa.
Na educação da minha pequena eu priorizo o respeito e a educação não-violenta, mas parece que das pessoas que conheco pessoalmente eu sou a única que faz isso.
Tenho uma prima que tem dois filhos o Miguel (que é 4 meses mais velho que a Bru) e a Verônica (1 ano mais nova) e por tudo ela bate nessas crianças, ela, as tias, a avó... nunca vi ninguém conversar com eles, é sempre um tapa aqui e acolá. Quando estão brincando com a Bruna sempre sobra pra ela, que nunca revida! Nunca vi a Bruna dar um tapa em criança nenhuma... quando fui tentar conversar com a minha prima sobre isso ela disse que eu tenho muita sorte com a Bruna por nunca ter precisado bater nela, mas se fosse mãe dos filhos dela aí eu veria o que é "bom pra tosse".
Tentei outra estratégia e conversei com o próprio Miguel, expliquei pra que ele que ninguém gosta de apanhar, que ele pode resolver de outra maneira e que a Bruna é a prima dele, que tem muito carinho e muita alegria pra dar pra ele, mas se continuasse batendo nela ia acabar afastando a Bruna e outras crianças. Hoje em dia ele não bate mais nela, sempre protege e brinca muito, mas a irmã mais nova continua com sua mão pesada pra cima de todo mundo... é muito difícil conviver com isso!
Desculpa o desabafo, mas isso é uma coisa que realmente me entristece... ver o quanto minha filha paga por ter uma educação diferente.
Beijos e ótimo post!
Kalu,
Tb ja tive esse tipo de autoquestionamento.
Uma grande amiga minha tb liberava porrada se alguem batesse no filho dela. Ele pdoeria espancar desde que nao fosse o primeiro a bater. Ou seja, o sinal verde que ele aguardava para violentar outro, era o seu orgulho, sua auto-estima abalada, sua insegurança.
E eu, mesmo sem ser cristã como ela, falava em oferecer a outra face...
A questao é que existem outras crianças que sempre dão o primeiro tapa. E ai fica a questao em nossa cabeça: deixar o filho ser saco de pancada, ja que ele nao tem capacidade de argumentação? E mesmo se tivesse a outra criança nao escutaria.
A vontade que dá é ir na escola e a gnt mesmo intimidar a criança, mas sso tb esta errado e nem sempre vou pdoer fazer isso. Alem do que nosso filho acaba sendo ridicularizado.
O que eu peço é para ficar longe dessaa pessoas, pq elas nao sao amigas, mas se comportam como animais inseguros: com mta violencia por medo.
Essa mae é mais uma pessoa que acha se diz cristã e, mas nao da a outra face e ainda incentiva a "justiça com as proprias maoes". Nao ha o que argumentar com tamanha ignorancia.
Vc fez certo e é so com vc mesma que vc pode contar para fazer um filho e um mundo melhor.
Kalu,
Tb ja tive esse tipo de autoquestionamento.
Uma grande amiga minha tb liberava porrada se alguem batesse no filho dela. Ele pdoeria espancar desde que nao fosse o primeiro a bater. Ou seja, o sinal verde que ele aguardava para violentar outro, era o seu orgulho, sua auto-estima abalada, sua insegurança.
E eu, mesmo sem ser cristã como ela, falava em oferecer a outra face...
A questao é que existem outras crianças que sempre dão o primeiro tapa. E ai fica a questao em nossa cabeça: deixar o filho ser saco de pancada, ja que ele nao tem capacidade de argumentação? E mesmo se tivesse a outra criança nao escutaria.
A vontade que dá é ir na escola e a gnt mesmo intimidar a criança, mas sso tb esta errado e nem sempre vou pdoer fazer isso. Alem do que nosso filho acaba sendo ridicularizado.
O que eu peço é para ficar longe dessaa pessoas, pq elas nao sao amigas, mas se comportam como animais inseguros: com mta violencia por medo.
Essa mae é mais uma pessoa que acha se diz cristã e, mas nao da a outra face e ainda incentiva a "justiça com as proprias maoes". Nao ha o que argumentar com tamanha ignorancia.
Vc fez certo e é so com vc mesma que vc pode contar para fazer um filho e um mundo melhor.
Nossa, Kalu!
Fiquei horrorizada com a postura da mãe do menino mais velho... Imagina! Acho que eu ligaria para pedir desculpas!
Meu filhote está super violento (espero ser uma fase!!), tudo é motivo para agarrar, beliscar e bater (e olha que ele tem 6 anos e aqui em casa resolvemos tudo na conversa...). Sempre que vejo ele batendo em alguém, ajo como você agiu: vou lá, digo que é feio, que tem de pedir desculpas e que há outras formas de resolver o problema. Não dá certo. Ele não pede desculpas nem a pau! Então eu viro para a criança prejudicada e peço desculpas, pergunto se machucou... O argumento do meu filho para não pedir desculpas é: ele que começou. E meu argumento é: Não importa quem começou, bater não pode. E ponto!
Se meu filho, tendo uma educação pró-não-violência já pensa assim, imagina o que pensaria se eu o incentivasse??? Dio mio! O mundo estaria perdido! Creio que até ele se tornar adulto isso tenha se resolvido, mas esse garoto... coitado! Que mãe!
Sua postura foi maravilhosa!
Kalu,
Recentemente eu tive uma conversa com uma amiga e eu defendia a educação sem violência.
Minha amiga me fez vários questionamentos, pq ela acredita na necessidade de bater na criança para educá-la qdo outros métodos falham.
Por fim, ela me disse que qdo tiver um filho o ensinará a se defender se ele apanhar de um colega e a defesa para ela é revidar. Ela disse que não quer ter um filho que vive apanhando na escola, que se ele não aprender com ela a vida o ensinará.
É muito triste isto, mas é real.
Vc agiu da melhor forma que poderia. Foi consciente e responsável. Parabéns!
É chocante a atitude de algumas mães, né? Às vezes fico pensando... A gente cria os filhos para serem pessoas de bem e eles tem o "azar" de esbarrar com gente que pensa e age feito povo das cavernas! Aff...
Ô cabecinha!!
Por isso que estamos vivendo nesse mundo do avesso. As pessoas estão individualistas, intolerantes e cada vez mais violentas e isso vem de berço. Parabéns pela sua atitude Kalu, não sei se agiria assim pq sou meio "passional" mas achei lindo o que vc fez. Foi uma linda lição! Obrigada!
bjo!
Gente,
Minha filha levou 3 mordidas no braço de um menino da idade dela. Quando fiquei sabendo, procurei me aproximar do pai e do menino visto que eles sempre encontram com minha filha no meu prédio. De repente, o menino se aproximou da minha filha (que tem 1 ano e 8 meses) e falou que queria dar um beijo nela e "nhac" lascou uma mordidona na bochecha dela. Puts, fique P da vida mas me controlei, peguei ela no colo e a acalmei. Olhei embasbacada para o pai do menino que ria dizendo que "criança é assim mesmo", "têm que aprender com a vida"... Ah não! Falei com ele que eu ensino à minha filha e que enquanto o filho dele (que já tem fama no prédio de mordedor) continuar assim a minha filha não iria brincar com ele. Ele falou: "então fala você com ele", eu falei pro menino não fazer mais isso e falei pro pai que ele deveria ensinar e educar o fiho dele sim, porque a vida ensina muitas coisas erradas.
Bom, o menino continua mordendo um monte de outras crianças ninguém mais quer saber de brincar com ele. O pai continua rindo e achando que é assim mesmo... Tenho pena desse cara, que é separado, e gostaria de me aproximar dele pra conversar um pouco sobre isso.
Tenho pena desse menino...
É impressionante! Já já vem os rótulos: esse menino não tem limite, não obedece, é agressivo... Coitado mesmo!
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