por: Roselene Araújo, mamífera convidada
Discutindo com Alice* o significado de “glória”, Humpty Dumpt saiu-se com esta:
"Quando eu uso uma palavra, ela significa o que eu quiser que ela signifique... Nem mais nem menos."
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Sábio! o significado das palavras está dentro da cabeça da gente. O dicionário tenta dar conta de reunir os combinados de o que é que isto e aquilo significam, mas sempre haverá nossa história pessoal botando uns filtros e lentes aqui e ali.
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Isso vale desde “será que o verde que eu vejo” até “será que o mamífera que eu sou é o mesmo que você?”
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Sabe, uma das palavras que aprendi por último foi “diversidade”. A descoberta afim de que “não havia certos ou errados pra nada na vida, o que havia eram pontos de vista” eu fiz logo cedo, lá na adolescência, mas eu realmente acreditava que a soma desses pontos de vista resultava na verdade completa em 3D + recheio. Nos últimos anos, a convivência mamífera me ensinou que não há uma soma a fazer, que os infinitos pontos de vista refletem infinitos universos e portanto infinitas verdades possíveis – e conflitantes e até exclusivas.
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Mas é preciso muita convicção no respeito à diversidade para aceitar umas coisas. Como quando numa lista de discussão sobre apoio à maternidade ativa, uma ativista recusou fortemente o uso da palavra “mamífera” para compor a descrição do grupo. Ela fez toda uma fundamentação pessoal para justificar o repúdio. E se a gente pegar a descrição deste blog mesmo pra “mamífera”, mata no peito que a mulher é uma mamífera de primeira grandeza. Vai entender?
Eu mesma, embora desde sempre tenha convivido com muita naturalidade e muito gosto minha mamiferice enquanto classificação lineana, só me dei conta de outros pacotes de significado da palavra ao escrever pra uma lista sobre amamentação - já no aleitamento da terceira filha e à guisa de oferta de apoio a partir da minha experiência a outras mães - que toda a desconstrução de mitos que estávamos propondo tinha a explicação que de óbvia, ulula: “mamamos e aleitamos e fazer isto é fácil, porque somos... mamíferas!”
Vai um desenho?
*in Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll
Imagem: arquivo pessoal
6 comentários:
por favor, desenha ai vai...
quando penso que comecei a atender seu texto acabou...
e não é você não, sou eu mesma...
beijo, com gostinho de quero mais!
por favor, desenha ai vai...
quando penso que comecei a atender seu texto acabou...
e não é você não, sou eu mesma...
beijo, com gostinho de quero mais!
Uma lindeza as suas palavras, Roselene. Viva a diversidade. Você é sistêmica e não sabia, precisamos conversar sobre isso. Um dos teóricos mais influentes disse que ser sistêmico é conviver com a tensão da diferença sem fazer síntese. A síntese é fácil, a permanência do diferente ao meu lado, opinando e sendo valorizado, é que é tarefa árdua.
Não há uma mamífera igual à outra. Não há uma maneira única de ser alternativo. Não há uma maneira uníssona de pretender exercer esse papel de forma autônoma.
Vive la diffèrence. Viva a Roselene que vai escrever um livro em breve!!!! Êeeee!!!
Roselene trouxe a dúvida, mais do que pertinente, sobre a verdade absoluta.
Hummm, é claro que existe um ideal, se formos nos focar no desenvolvimento da criança existe um ideal de atendimento e mesmo dentro desse ideal, como todos os ideais inalcançável, ainda assim sobejará a diversidade nas tentativas de atendê-lo.
Roselene, adorei o texto, cá estou cheia de minhoquices na cabeça depois de ler você. Outra vez, sempre é vez.
pppppuuuuuuxa, roselene! já acabou?
he he he
beijo
foi rápido né
mas lindo!
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