por: Deborah
Há algo que não sai da minha cabeça e sempre surge quando vejo pedidos desesperados de ajuda de mães que estão com dificuldades na amamentação. Apesar de não ter passado por situação semelhante, acende uma luzinha que me faz reviver momentos da minha vida.
Ser mãe sempre foi algo que fez parte de mim. Apesar de ter sido mãe já com 31 anos, sempre quis ser. Nunca fui do tipo caseira, tranquila, mas sempre soube que tinha nascido para ser mãe. Por que então o parto é algo tão difícil para mim?
Minhas duas experiências de parto não foram momentos de mágica como sempre sonhei, foram momentos tensos, difíceis, mesmo, principalmente durante a gravidez do Pietro, eu ter buscado tantas formas de ter o parto que sonhei. Como a Kalu me disse numa conversa, nem sempre o parto certo é o que idealizamos, mas é o que precisamos.
Enfim, por que a amamentação, ser mãe para mim é algo tão simples e o tornar-se mãe, que para mim é o momento do parto, não foi. Por que não consegui me entregar, deixar meu corpo agir, assim como faço quando amamento o Pietro e amamentei a Isadora? Por que não estive disposta à entrega como faço em qualquer gesto com eles, dos cuidados às brincadeiras?
E hoje me vi me remoendo, lá dentro de mim, por que, por que, por que... Acho que o ser mãe, o ser mamífera está muito bem resolvido dentro de mim. Assim como o meu lado profisisonal Posso não fazer tudo o que gosto e ganhar tudo o que quero, ao mesmo tempo é claro. Mas sei muito bem o que quero e quando busco, encontro ou chego bem perto.
Mas, me falta ser mulher no sentido completo, assim como sou mãe completamente. Acho que a necessidade de ser independente, adulta, muito cedo, colocou de lado o lado mais importante que eu deveria ter deixado aflorar, o feminino. E reprimir este lado me torna tensa e talvez não me deixe parir de forma livre, como sempre foi e como sempre será.
Mulher, profisisonal, mãe, a discussão de como somos exigidas já é velha, né, mas não são estas exigências que estou colocando aqui, abrindo meu coração mesmo, mas é a exigência que nós mesmas fazemos e que, consequentemente, acabamos deixando de lado algumas de nossas facetas, quando todas são importante.
Para parir, eu me prendo, me tensiono, pois não deixo aflorar a Deborah mulher e, é claro, que há tantos outros momentos da minha vida que tenho dificuldade por conta disto. Para amamentar, ser mãe, sem problemas, pois o lado mamífera está resolvidíssimo. Quero aprender a lidar com isto, quero mudar, pois tenho uma menina que vai aprender a ser mulher comigo, serei seu espelho e quero que ela seja mais feliz! Não que eu não seja, mas quero que ela seja sempre e mais...
E o seu lado mulher, a quantas anda? Você acha que interferiu, de alguma maneira, no seu parto?
Imagem: arquivo pessoal
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Um comentário:
Débora,
Há tantas "mulheres" que nos compoem. em todas existirão suas plenitudes e falhas. E está tudo certo... Trabalhar com este feminino sagrado é algo uqe exige um mergulho para um mundo de luz e sombras. Eu recomendo duas leituras: mulheres que correm com os lobos e Cama na Varanda. Esse meu feminino selvagem foi muito trabalhado na terapia, em rituais xamanicos e durante meu parto eu me senti diante dele, como me sino muitas vezes em minha vida. Essa mulher selvagem é minha libido, minha alegria, minha criança interior, cheia de magia e intuição. Permita-se parir esta mulher. se não foi no parto, que seja agora e sempre! Afinal, renascemos sempre que nossos olhos fecham e abrem...
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