por: Letícia Arruda, mamífera convidada
Quando a Renata me falou para escrever como Mamífera convidada, logo me veio a pergunta: "escrever sobre o quê?".
Pensei em escrever sobre parto, afinal adoro falar sobre isso, mas não consegui me concentrar só neste assunto. Depois pensei em falar sobre Vegetarianismo, enquanto ela me falava no msn sobre o texto eu estava assistindo o vídeo "A Carne é Fraca". Depois, pensei em falar sobre violência, sociedade da frieza... e quando eu vi, meus pensamentos estavam perdidos em idéias e, percebi que queria relatar aquilo que havia em comum em todos os assuntos: por que calamos diante de todas essas injustiças??
Comecei uma auto-análise, dessas que a gente faz frequentemente em busca de respostas, depois de ver coisas de uma forma bem diferente da "convencional". Me vi perdida, sem chão, como em tantas outras vezes. Percebi o quanto eu mudei. Acho que este meu lado mamífera, radical (da raiz mesmo, no amplo sentido da palavra) estava adormecido, e a gravidez me fez gerar novos conceitos. Me vi querendo cada dia um pouco a mais de verdade na minha vida. Me vi querendo saber o porquê das coisas serem do jeito que são.
Comecei uma auto-análise, dessas que a gente faz frequentemente em busca de respostas, depois de ver coisas de uma forma bem diferente da "convencional". Me vi perdida, sem chão, como em tantas outras vezes. Percebi o quanto eu mudei. Acho que este meu lado mamífera, radical (da raiz mesmo, no amplo sentido da palavra) estava adormecido, e a gravidez me fez gerar novos conceitos. Me vi querendo cada dia um pouco a mais de verdade na minha vida. Me vi querendo saber o porquê das coisas serem do jeito que são.
Parir precisou de esforço, foram horas longas e cansativas, mas o que estava querendo nascer não era só a cria, e sim uma nova mulher. Foi um renascimento muito mais dolorido do que cada contração. Fiz minha escolha: eu quero sair da Matrix. Não podia mais compartilhar, me calar diante de cada injustiça que presenciava.
O renascimento que começou no momento em que Isabela veio para meus braços continua até os dias de hoje. Alguns dias me pergunto quanto tempo mais vou viver assim. É difícil, é complicado, é suado. Mas sei que esse é o meu caminho, eu quero fazer a minha vida valer a pena. Não quero passar pela vida cultivando frieza, insensibilidade. Quero mais, eu sempre quero mais. Quero um mundo melhor, quero mais ar puro, quero mais grama, quero uma horta orgânica, quero passar a tarde com a minha filha ao ar livre, quero mais e mais leite jorrando do meu seio, quero mais filhos, quero deixar meus frutos dignos de ter vida em seus corpos e, principalmente, quero deixar de calar!
As vezes, fico frustrada em perceber que nem todo mundo enxerga o que eu enxergo. Nem família, nem amigos, nem marido. Ninguém próximo. O que pra mim parece ser tão claro, tão simples, é incompreensível para outros.
As vezes, fico frustrada em perceber que nem todo mundo enxerga o que eu enxergo. Nem família, nem amigos, nem marido. Ninguém próximo. O que pra mim parece ser tão claro, tão simples, é incompreensível para outros.
Não consigo entender, por que calamos diante de tantas injustiças? Por que sempre buscamos o mais fácil, e não o melhor? Onde foi que o ser humano se perdeu tanto? Em qual momento decidimos negar nossa natureza, nosso instinto? Por que preferimos ser co-autores de todos os crimes a ter coragem de pensar e agir diferente??
Minha filha me trouxe uma nova realidade sim, um sentimento puro e gostoso que preenche meu coração, um compromisso com ela em me esforçar para deixar o mundo melhor. É, foi ela que me trouxe a visão, o amor e a força de vontade.
Minha filha me trouxe uma nova realidade sim, um sentimento puro e gostoso que preenche meu coração, um compromisso com ela em me esforçar para deixar o mundo melhor. É, foi ela que me trouxe a visão, o amor e a força de vontade.
;;;
;;;
Imagem: http://galileu.globo.com/
7 comentários:
Bem-vinda ao mundo dos despertos. Depois a gente aprende que náo precisa mudar o mundo, mas que o nosso modo de ver e viver de fato transformam realidades. Sem pesar, com a leveza de quem sabe transbordar.
Nossa, me sinto assim também. É dificil ninguém ao nosso redor compartilhar dessas idéias, da revolta com a passividade humana. Sei como é.
Bjos
Lê! É isso aí!
Pq as pessoas acham normal arrancar bebês das barrigas de suas mães, dar-lhes leites de outras espécies ("ele mama leitinho de cabra, que chique!" BAH!), encher seus pequenos corpinhos de antibióticos, carnes, refrigerantes??? Isso é banal, nós é que somos loucas de pedra por buscar o natural!
Eu tb quero mais verdade! Mais sentimento, mais sensibilidade, mais entrega, mais saúde e mais amigas radicais como você! Maior orgulho te conhecer!
Bora passear na FNAC e falar mais sobre isso? hehe
SAUDADE!!!!! Beijos!
Meninas, vocês leram sobre as fórmulas contaminadas na China? Fiz um post sobre isso no meu blog hoje http://ofilhoqueeuqueroter.blogspot.com, acho que seria legal vocês falarem sobre isso aqui.
Beijos
Lê, parabens!
Muito lindo e muito real o que escreveu... não sei porque essa busca pelo caminho mais facil sempre. Vale muito mais a pena fazer um certo esforço, pra no fim, se conseguir o melhor, principalmente pra essas pequenas pessoinhas pra quem iremos deixar esse mundo... temos que melhora-lo para aqueles que estão por vir, ou que já estão crescendo nele!
Beijos =*
Lindo seu post, Leticia. Acho que a maternidade realmente oferece a todas nós a oportunidade de, se não renascer, ao menos se reconectar. O problema é que nem todas as mulheres despertam para isso, muitas até fogem dessa oportunidade.
COmigo aocnteceu uma mudança radical tb, um renascimento. E acho que devemos sim embrarcar nessa oportunidade, e viver intensamente a evolução que esse processo, por mais doloroso e dificil que seja, pode proporcionar. COmo vc mesma colocou, é como trabalho de parto, só que com contrações mais doloridas. E como no parto, é preciso deixar a dor nos levar, em vez de tentar segurá-la.
Felizmente há no mundo mulheres como vc, como eu e como outras mamíferas, que se permitem viver essa transformação. Nossos filhos agradecem.
Beijo
Renata
Postar um comentário