por: Tata
Que me desculpem os filhos únicos, mas irmão é fundamental.
Ok, já começo colocando polêmica, rsrs. Que venham os comentários do tipo: "eu sou filho único e não morri!", "tenho montes de amigos que valem mais que irmãos!", etc, etc. Podem vir, estou preparada, hehe.
Mas falando sério, sei que ninguém morre por ser filho único, mas é que ter um(a) irmão(ã) é um negócio muito bacana. Os irmãos costumam ter entre si um laço delicado e inquebrantável, que suplanta distâncias, diferenças, desentendimentos, e resiste firme à passagem do tempo e às dificuldades da vida.
Eu já ouvi gente que tem um filho só dizendo que tem receio de ter outro por causa das brigas, muito frequentes entre irmãos. Tudo bem, cada um sabe o que quer pra si e pra sua família, mas não consigo entender muito esse raciocínio, não. Tudo bem, irmãos brigam. Mas faz parte, e acredito que seja até importante para a criança, é uma oportunidade para que ela aprenda a "demarcar seu território", a defender seus interesses, a brigar (às vezes literalmente, hehe) pelo que acredita ou deseja.
Eu, por exemplo, tenho um irmão mais velho. A diferença é pouca, um ano e nove meses. E sim, eu me lembro de algumas fases em que brigávamos bastante. Mas essa não é, de forma alguma, a lembrança mais forte que tenho do nosso relacionamento. Pelo contrário, minhas lembranças mais presentes são do nosso companheirismo, do carinho, das brincadeiras juntos, da parceria nas fantasias e invenções, dos passeios compartilhados, da cumplicidade, dos papos, dos bons momentos vividos junto. E não tenho a menor dúvida que tudo isso supera em muito os momentos de desentendimento ou diferença.
Com gêmeos, a coisa é mais forte ainda. Eu vejo pelas minhas pimentas. Elas não tem idéia de como é a vida sem a presença da outra. É uma referência onipresente, desde sempre. E eu fico babando, e com os olhos rasos d'água, de ver como elas se preocupam uma com a outra, como se protegem, como se defendem. Uma não vai a lugar nenhum sem a outra. Se uma se atrasa, a outra está lá exigindo que a gente espere. Pra contar estorinha ou começar uma brincadeira, tem que esperar as duas chegarem, senão a que está presente reclama com veemência os direitos da que ainda não chegou.
Na hora de dormir, é um negócio curioso. Elas dormem na mesma cama, e não adianta tentar colocar uma em cada canto. Não dá cinco minutos e já estão as duas, agarradinhas, uma com a carinha enfiada na barriga da outra, uma abraçando as pernas da outra, de mãozinhas dadas, seja como for, mas pode contar que estarão coladinhas, mesmo sob o calor mais impiedoso. E a hora de acordar? A que acorda primeiro nunca suporta mais que uns cinco minutos de solidão, logo vai chegando sorrateira perto da irmã mais dorminhoca, começa a fazer carinho, a aproximar o rosto, num processo delicado, mas determinado. E funcional, porque a outra nunca tarda mais que alguns minutos para acordar, sentar-se toda serelepe na cama, abrir um sorrisão para a irmã mais madrugadora e soltar um 'bom-dia!' dos mais bem-humorados. Também, sendo acordado desse jeito, não há mau humor que resista, concordam?
Isso, sem falar nas brincadeiras. Vira e mexe, as duas resolvem brincar de 'mamãe e filhinha', e é um tal de uma dando comida pra outra, dando banho, fazendo dormir, até mamar uma na outra mamam. Quando cismam de brincar de 'correcotia' em cima da cama, é um acontecimento. Derrubam-se, abraçam-se, morrem de rir. Muitas vezes, cismam de ir andando na rua de mãozinhas dadas, ternura pra dar e vender. Também adoram ler juntas. Uma senta, abre o livrinho no colo e vai contando a estorinha para a outra, sentadinha do lado com carinha concentrada. São momentos que eu vou guardar pra sempre. E elas, mais ainda.
Sim, elas brigam também. Mas eu não vejo isso como um problema, nem como um defeito. Pra mim, é algo perfeitamente natural. Faz parte da construção da relação entre as duas, e essa relação é delas. Óbvio que não vou deixar elas se estapearem se for o caso, mas também procuro deixar, na medida do possível, que elas explorem os limites dessa relação sem controle, com liberdade. Porque é só assim que elas descobrirão a potencialidade de tudo: da disputa, mas do amor também.
Já ouvi dizerem por aí que "ninguém é mais parente que irmão". E falando pela minha experiência, como irmã e como mãe de duas pequenas irmãzinhas, acho que é uma relação que não tem igual, mesmo. A gente divide coisas com um irmão que ninguém mais sabe. Irmãos entendem coisas um sobre o outro que não precisam ser ditas, explicadas, repetidas. É uma compreensão que flui, com a naturalidade de um rio que segue impassível em direção ao mar.
Sim, a gente constrói outras muitas relações bacanas na vida. Muitas vezes, encontramos amigos que são como irmãos. Há diversas maneiras de se vivenciar as coisas boas da vida.
O que eu sei é que eu não privaria minhas filhas dessa oportunidade de terem e serem irmãs(ãos). Não por opção, não conscientemente.
Irmão é uma mão dada para sempre, e seja como for. E eu não consigo imaginar forma melhor de se caminhar pela estrada da vida, do que essa: de mãos dadas. E coração aberto.
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Imagem: http://www.gettyimages.com.br/
11 comentários:
Buaaaaaaa, sempre morri de vontade de ter um irmãozinho!!!
Não quero que o Sam seja filho único não, é chato demais! Experiência própria!
Oi meninas!
Adorei o blog e vou linká-lo no meu agora mesmo!
Sobre esse post, eu concordo em partes. Sou filha única, e realmente, eu SEMPRE quis ter um irmão, a vida toda. Hoje em dia, para ser sincera, não me importo, pois ser filho único também tem suas vantagens. Eu, como filha única, tive a oportunidade de sair de casa, morar fora, estudar sem ter que trabalhar, ter esse tipo de experiência que foi (e ainda é) muito boa para mim, e se eu tivesse um irmão, com certeza meus pais não teria condições financeiras para ter me ajudado como ajudaram. Mas, por outro lado, moro a 9h de viagem dos meus pais, e seria bom ter um irmão para morar com eles, pois eles sentem muito minha falta (isso se meu irmão também não quisesse morar fora, né, rs). Eu era gêmea, e minha mãe perdeu o outro bebê aos 2 meses de gestação. Sempre senti falta desse irmão. Mas aprendi muito bem a viver sem. Não quero ter só um filho, pois ser filho único, além de tudo, é uma grande responsabilidade com os pais, especialmente na velhice (minha mãe também é filha única, e hoje cuida dos pais idosos sozinha, e é muito difícil).
Beijos!
eu vou dizer o quê como sua mãe e de seu irmão e avó das pimentas? emoção... silêncio...
Rê,
Lindo!!
Compartilho com vc da mesma opinião.
Eu e minha irmã, brigamos horrores qdo mais novas, só faltávamos nos matar, mas éramos super cúmplices. Sempre!
Temos 6 anos de diferença, e hoje ela é uma amigaça.
Esse trecho que vc descreve como elas dormem, putz emocionante.
Logo encomendo um/uma irmãozinho(a) para Cora.
bjsssssssssss
Oi.
Desculpe a demora em postar, mas tive um problema com meu PC.
Estou de Volta. Aguardo sua Visita!
Abraços!!!
Ai Tata eu sou irmã de quatro e achei isso super legal!
Tenho mais afinidade com uma irmã e é legal "tambem" poder escolher a melhor compania...hehehe
Creio que não tinha como ser diferente, o fato de ter quatro filhos foi por pensar nessa relação de irmandade deles.
Adorei o texto, muito inspirador, mas por hora vou ficar nos quatro...rsssss
bjs
e a coragem de ter o segundo
aiiiiiii
Eu decidi ter apenas um filho pelas seguintes razoes, que uma leva a outra: fiquei 2 anos trabalhando em casa e adiando poder voltar a estudar (mestrado) e investir na minha carreira que é minha segunda paixao depois da maternidade. Por isso adiaria o sonho de um segundinho. Acontece que meu marido já tem 50 anos e consideramos mais que isso complicada uma paternidade ativa. Enfim a vida dá voltas, mas, por enquanto, esta é a nossa decisao.
Eu tenho uma irmã um ano mais nova e sempre brigamos MUITO. Hoje temos uma relaçao bacana, mas distante por escolhas MUITO diferentes. Ela é a garota marca shopping center e eu a ecochata.
Eu tenho dois irmãos e me dou extremamente bem com um deles, com o outro a história já é outra. Não me dei bem com ela na infância e não me dou até hoje, a diferença é de 7 anos.
Mas é muito bom mesmo ter um irmão... eu só não tenho outro agora mesmo por falta de condições, mas se pudesse teria muito mais de 2...eu percebo na Bruna a falta que faz um irmão, mas como ela já frequenta a escolinha tem crianças da idade dela pra compartilhar brincadeiras e aprender a se defender.
O texto foi lindo e emocionante, dá vontade de ir encomendar outro agora!
beijos
Renata, adorei... a descrição delas dormindo juntas é muito fofo. Sou fã de irmãos, detestaria ser sozinha e tenho uma irmã e dois irmãos que vivem todos longe mas muito mais perto que vc imagina. Como diz meu irmão: irmão é a pessoa mais parecida com vc... os mesmos pais, a mesma história de vida. Antes que digam que é mentira... vejam seu irmão totalmente diferente como alguém que do seu ponto de vista enxergou o OUTRO lado da moeda. Tenho 3 filhos que se adoram!
Pois é, menina... eu, como seu irmão que tive a oportunidade de dividir isso tudo com você, o crescer, o brigar, a luta inconsciente por espaço, o não saber como lidar com a imagem de irmão-herói, o irmão mais velho que sabia tudo, podia tudo... Na verdade acho que não sei quando isso acabou, como isso tudo passou, de repente lhe enxerguei mulher, adulta, forte, decidida, confiante... e não sabia mais onde estava a minha irmã caçula, menorzinha, frágil e indefesa(exceção: quando brigávamos e você resolvia me morder... rs). Parabéns pelo que você é, e obrigado por ter dividido tudo isso comigo...
Beijão
Cris
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