por: Kalu
Outro dia estava pensando sobre esta palavra humanização e suas ramificações na vida. Existem vários movimentos para tornar mais humana as relações. Quem experimenta qualquer forma de humanização se modifica profundamente.
Humanizar é respeitar o outro em sua integridade; é reconhecer o poder de si e do outro; é acolher quem faz uma pergunta, por mais que ela pareça pretenciosa.
Em minha gestação acolhia todas as perguntas, sugestões alheias, sempre sabendo que qualquer comentário passa pela experiência pessoal. Nunca liguei para comentários, por mais absurdos que pareciam. O que buscava era investigar a origem daquela pergunta ou colocação. Teve uma mulher grávida que conheci que me perguntou a razão pela qual eu escolhi ter filho em casa. Eu expliquei que não gostava da frieza do hospital, da sensação de impotência que sinto em grande parte dos ambientes hospitalares. Foi então que ela contou que na infância ficou internada para uma cirurgia e que foram dias muito felizes lá e por isso ela gostava de hospitais e preferia fazer uma cesariana, uma vez que procedimentos cirúrgicos eram,para ela, sinônimo de felicidade.
Por mais estranho que possa parecer, esta experiência ilustrou que meu discurso cheio de certezas não teria solo fértil naquela mulher. Eu sugeri que a mesma buscasse consguir uma mamentação na prmeira hora, um contato imediato pós parto. Acredito que isso é humanizar.
Quando alguém diz que uma barriga é grande, pequena, baixa é que, naquele momento, somos importantes para aquela pessoa. E cada um só oferece o que tem dentro de si. Há pessoas que tem histórias terríveis, outras paisaens deliciosas. E cada uma tem razão de existir. Nunca me abalei com história ou comentário algum porque sabia que a minha história seria única e escrevê-la dependeria só de mim.
Às vezes me sinto incomodada com o radicalismo de algumas pessoas dentro dos movimentos de humanização que parecem impor cesáreas ideológicas a todo momento. Pra mim os movimentos de humanização recuperam esta conexão com a Terra, com a harmonia do parto, com uma educação não intervencionista e com a gentileza. Quando falamos com doçura a mensagem vai direto para o coração.
Muitos movimentos se perdem neste radicalismo que não é capaz de acolher, entender. Por trás de uma pergunta, há um ser humano que merece ser respeitado, acolhido, confortado. A todo momento estamos fazendo um parto, de idéias, de conceitos, de atitudes. Agir agressivamente é como fazer uma cesárea sem explicação. Tentar entender o outro é humanizar a vida.
Imagem: www.gettyimages.com.br
Um comentário:
Adorei, Kalu!!
Vou aprender com vc! Pode deixar!! :)
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